Kyoukai Senki (AMAIM Warrior at the Borderline) é um anime original do estúdio Sunrise Beyond exibido na Funimation, de onde pesquei a sinopse abaixo.

 

“Após países tiranos conquistarem o Japão, um jovem combatente da liberdade e seu mech acendem as chamas da rebelião do meio de seu povo oprimido!”

 

Sim, o anime é da Bandai Namco, então um dos motivos de sua existência é vender bonecos. Nesse caso, gundams, ou melhor, mechas claramente inspirados nos robôs gigantes da franquia. Isso é algo bom? Ruim? Nem um nem outro.

Pelo menos por essa estreia deu para perceber que Kyoukai Senki se propõe a ter uma pegada diferente, não exatamente militar (ainda que o pano de fundo seja esse), afinal, o protagonista Shiiba é “só” um órfão aficionado por robôs gigantes.

Aliás, apesar de ser quase uma previsão do futuro, gostei do contexto no qual se encontra inserida a trama, um Japão futurista que sofreu muito com sua baixa taxa de natalidade e alta expectativa de vida, ao ponto de ser dividido por outras potências após uma guerra. Lembra alguém?

Lembra quem foi o outro aliado, além da Itália, do país dividido entre parte oriental e ocidental após a segunda guerra? Nesse anime é pior, o Japão é dividido para quatro invasores, o tipo de coisa que me faz pensar na besteira que o Japão deve ter feito para chegar a esse ponto.

Enfim, o mais legal disso é que mesmo órfão o protagonista consegue morar sozinho e ter dinheiro para estudar remotamente (olha a pandemia fazendo escola), o tipo de qualidade de vida média que só dá para esperar de país de primeiro mundo. Ainda que, nesse caso, bem restrita.

Além disso, sério que o governo permite isso, que ele não tem mais nenhum parente com o qual poderia viver? Na verdade, isso rola em muitos animes, né. Não sei se é só cultural ou também legal, mas seria muita arrogância minha associar isso ao declínio da sociedade japonesa?

Digo, em uma sociedade cada vez mais reservada, individualista, até egoísta, não é estranho a taxa de natalidade cair. Há outras explicações além dessa, eu sei, mas observando, mesmo que de longe, o cenário atual e as perspectivas nada animadoras me parece haver fundamento nisso.

Em todo caso, não estou aqui para especular sobre os problemas do Japão, os quais conheço mais superficialmente, e sim falar do anime, que em sua estreia não apresentou nada de realmente inovador ou interessante. Além, é claro, do mecha e do caminho por ele pavimentado.

Porque está na cara que o Shiiba não tem para onde seguir a não ser caminhar ao lado de outros transgressores, talvez uma célula rebelde que intenta reunificar o Japão e devolver a soberania aos japoneses? Eu espero que sim, o moleque tem um fuckin’ mecha que pode ajudar nisso.

E os amigos dele devem acompanhá-lo, afinal, todos foram acusados do mesmo crime e esse não parece ser um regime que investiga as mas condutas de seus militares ou é leniente com menores, ainda mais após um desses pilotar uma máquina de guerra e atacar o estado.

Kyoukai Senki é o tipo de anime que desde seus primeiros segundos mostra um pano de fundo desgraçado, uma distopia por excelência, que pode enganar pelo design mais polido e a idade das personagens, mas certamente não vai ser um passeio no parque.

Apesar do Gai, a IA fofinha que não é só a mascote da produção, como também o meio intermediário para que o Shiiba consiga realizar seu sonho de pilotar um mecha. Já percebeu como o Sunrise (e agora o Beyond) adora botar adolescente para pilotar máquina de guerra?

Isso dá dinheiro. Pessoas gostam de ver adolescentes e jovens adultos se ferrando, né. Adolescentes e jovens adultos principalmente. Acho que já sou “só” adulto e tenho curtido cada vez menos esse tipo de plot, ainda que nem tenha desgostado exatamente desse.

Tirando uma razoável demora entre o momento que o protagonista ativa o mecha e o início da luta, ademais posso elogiar a qualidade da animação, o roteiro que não se arriscou muito (seja para o bem ou para o mal) e a ideia de um piloto jovem com sua mascote bem útil.

É o tipo de premissa que deve agradar a muita gente e espero que não caminhe para uma roupagem mais infantil, coisa que não faria muito sentido dado o mundo desfavorável as personagens principais que é construído. Ameaçam abrir fogo contra um adolescente, né.

Por fim, essa estreia cumpriu seu propósito de nos apresentar ao conflito principal (a situação fodida em que o país se encontra), conectar o protagonista a seu mecha, apresentar a mascote e dar uma ideia do que será a trama adiante. Com pancadaria de mecha bem animada e em 2D.

Até a próxima!

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