No fim, Sekai Saikou não fugiu a regra e construiu o Lugh como o protagonista apelão típico de isekai hoje em dia, mas, convenhamos, essa era a configuração esperada depois dele próprio ter escolhido seus poderes.

É diferente, por exemplo, de quando um deus facilita tudo para o protagonista sem sequer pedir nada em troca. Além disso, a Dia lembra a Roxy, a tenra idade também é uma similaridade, etc. Ansatsusha bebeu na fonte de Mushoku Tensei, mas quem desse meio não bebeu, né?

Enfim, se a intenção do autor era aprofundar a relação do Lugh com a Dia, mestra de magia e futura integrante do harém dele, acho que o anime fez bem seu serviço, pois em tudo o garoto cativou a menina.

Além disso, o autor foi esperto aqui, afinal, tanto na vida passada quanto na atual o Lugh estudou varias coisas a fim de se sofisticar como assassino, então não foi surpreendente ele saber de coisas como a densidade dos metais ou se tocar que poderia escrever os feitiços.

Não que esse último não seja um clichê, mas vindo de alguém com tanta experiência de vidas e preparo consigo entender melhor a exposição de um ponto de vista para o qual ninguém naquele mundo havia se atentado.

Com a adição dos dotes culinários, do talento para a magia e da simpatia não tinha mesmo como ele não se tornar amigo da Dia. Quanto a isso tudo certo, minha única reclamação relevante recaí sobre a roupagem da cena em que ela desperta os atributos mágicos dele.

Levando em conta que ele tem 7 anos e ela 10, insinuações ao sexo não caberiam ali, ainda mais pelo perfil do protagonista que, diferente de um Rudeus da vida, não age como um tarado em praticamente cada segundo possível.

E não só isso, esse tipo de detalhe acaba jogando o isekai em uma savana de clichês que não combina tanto com os pontos mais interessantes da proposta, coisa que é feita com mais afinco na parte final desse episódio.

Na segunda metade o que vemos é o resultado do trabalho de ambos e uma pequena conquista frente aos preparativos para executar o grande plano do Lugh. A adaga perfeita para o assassinato e a pedra que comporta magia, dois artefatos interessantes para a emboscada do herói.

Além disso, houve também a criação de rifles e de um canhão e a produção de ouro, fazendo não só inveja aos alquimistas, como provendo uma saída bem conveniente para a acumulação de recursos a serem usados justamente para fazer o serviço, pelo menos em um primeiro momento.

Nisso o episódio foi bem legal, mostrou os preparativos do Lugh para fazer o que “tem” que fazer, me dando a impressão de que ele planeja um ataque em larga escala visando diversos cenários, planos dentro de planos para o caso de alguns falharem,

E vão falhar, o herói é mais forte que o Lugh, né. Aliás, isso deve causar problemas não só para o herói, como também para a deusa, pois no fim da OP a breve cena dele apontando a arma para ela me chamou a atenção, assim como o título do quarto episódio.

Uma das coisas mais legais desse isekai deve ser a preparação do protagonista visando seu objetivo, mas não só isso, como também as diferenças em seu treinamento e filosofia, ética mesmo, enquanto assassino, algo facilmente identificável no trecho final.

O pai preparou uma criminosa condenada a morte que o lembrasse da sua mestra, deu dicas a criminosa para tentar ludibriar o garoto e falou sobre a humanização do assassino antes de pedir a ele que fizesse seu próprio julgamento, mas é óbvio que ele não cairia nessas armadilhas.

O conceito de assassino que pensa foi uma das coisas mais interessantes apresentadas nesse episódio e nem acho que foi bait do pai, mas sim realmente como ele pensa, o tipo de coisa que tem em vista também a existência do “eu”, algo necessário a fim de manter a posição da família.

De outra forma os Tuatha Dé seriam apenas marionetes convenientes e não verdadeiros juízes e executores como a história pinta. O Lugh, que foi treinado sob outra filosofia em sua vida passada, estará pronto para abraçar esse novo modo de encarar o ofício? Creio que sim.

Após morrer e antes de conversar com a deusa, enquanto nadava no limbo, ele pensa justamente nisso, em como ter sido criado para ser uma máquina de matar que não pensava por si própria o fez ter um final lamentável do qual se arrependia.

Sendo assim, é de esperar que mude nessa nova vida, consiga compreender o pai e vire um assassino que pensa, capaz de questionar a missão que recebeu da deusa se esta não for realmente boa para ele e o reino que protege. Um assassino que sabe reconhecer o ouro dos tolos.

Até a próxima!

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