Que o Shin fede a morte eu já sabia, agora que ele é contorcionista não, e melhor, faz isso com o veículo de combate. Sua manobra serviu mais para efeitos de exibição, é verdade, mas não deixou de ter uma razão por trás.

Na verdade, foi isso que senti algumas vezes nesse episódio, que não há nada de errado com os personagens e mesmo o contexto em que estão inseridos, só que isso não se aplica tanto para a direção, ou melhor, para o resultado final em que todos os elementos se concatenam.

Meu incômodo inicial não parte do status que os protagonistas rapidamente alcançam e nem dos maus olhos com os quais são vistos, ambos desenrolares prováveis para a situação em que se meteram, mas sim do Eugene e de como, em um contexto diferente, padrões se replicaram.

Mas antes de ir a fundo nisso, tem outros pontos que quero abordar, como o memorial para os companheiros caídos, a volta do Fido e todo o envolvimento da Frederica nessas e em outras coisas. Aliás, parece que o Para-RAID voltou e nem explicaram isso.

Então, a ideia do memorial foi bacana, um rito de passagem de uma experiência importante para os garotos e uma forma da superior agradá-los, compreensível para espécimes importantes ou mesmo se a intenção foi só mostrar boa intenção a novos companheiros de batalha.

Qualquer que seja o caso, e eu acredito mais no segundo, esse movimento não foi incoerente, assim como não foi incoerente eles terem recuperado o Fido, o problema reside em ele não ter morrido. Digo, a boa vontade deles não é o problema e sim a volta dor mortos.

Não tem aquele maravilhoso trecho no episódio 10? Para mim ela perde força com a volta da mascote, ainda que eu entenda que seja na tentativa de igualar a dinâmica que havia entre esses cinco e ele na primeira parte do anime.

Mas o que me incomoda mais nem é isso e sim o quanto a Frederica se envolve em tudo. Não que ela não pudesse ajudar, fazer um agrado ao grupo o qual confiou seu próprio objetivo, o problema é ela ser uma garotinha caminhando serelepe em meio a um campo de batalha.

E eu entendo a posição dela como ex-Imperatriz, como alguém que jogou a Legion no mundo, mas se era para ser assim, por que ela não poderia ser pelo menos maiorzinha, outra cadete ou alguém que trabalhasse nos bastidores (como ela já faz sendo uma garotinha)?

Porque a cota de “loli” em 86 ainda não havia sido preenchida, foi com ela. A história realmente não precisava de uma personagem nessa idade e nenhuma tradição militar antiga e estúpida vai me tapear quanto a isso, ainda mais quando lolis carregam armas e nem superpoderes têm.

Enfim, nem vou mais reclamar da voz irritante da Frederica para não parece mais chato, até porque a segunda parte do episódio concentra os momentos mais interessantes do episódio; tanto para o bem, quanto para o mal. É, não se pode ter tudo.

Na conversa do Shin com o Eugene é interesse ver a situação difícil em que o exército se encontra, compreensível dado o nível tecnológico que seus veículos de combate tinham antes da chegada dos protagonistas e pela natureza da Legion.

O inimigo não dorme, não cansa, não tem pontos fracos; diferente de Giad que, por mais organizada e forte que seja, ainda é uma nação feita de seres humanos, que precisam dormir, descansar e proteger uns aos outros, ainda mais os não combatentes.

E foi pensando nisso que o inocente e simpático Eugene entrou no exército, para proteger o futuro de sua irmãzinha com as próprias mãos. Uma ideia estúpida, mas nem por isso menos nobre. O azar dele foi mesmo ser um personagem de 86, o anime que ceifa coadjuvante facinho facinho.

Não que isso seja estranho a gente, era basicamente a dinâmica com todo personagem do Spearhead que não os cinco. Ou eles tinham algumas cenas antes de morrerem ou morriam em off e estavam lá apenas para encher o bolo. Um modus operandi que eu nem recrimino, porém…

O contexto em que os personagens se encontraram, em que a história se contra agora, é outro, ainda que as dificuldades para combater a Legion não sejam muito diferentes do que era em San Magnólia. Shin e os outros não são mais porcos sendo exauridos ante a um abate.

Sendo assim, por que essa dinâmica do Shin dar um fim digno aos próprios companheiros fazendo cara de paisagem precisa se repetir? Sim, eu sei que isso rola a fim de exemplificar o quão fodida é a guerra e o mundo em que ela ocorre, mas sabe, eu já entendi isso.

Você já entendeu isso? Creio que sim. Mas sei que é tentador o drama de uma irmã mais nova que perde o irmão na guerra, o que me incomoda é acessá-lo sem tanta profundidade, é como se estivessem tentando igualar o Eugene ao que ocorria com os Eighty-Six.

Ao mesmo tempo, a longo prazo talvez essa construção não seja ruim, ao menos se Giad se provar questionável como San Magnólia era, ainda que com certeza não será o mesmo tanto, e isso realmente igualar as vítimas dos dois lados, coisa que não vejo acontecendo.

Pois enquanto um país massacra seus habitantes, o outro parece estar lutando mesmo a guerra, além de não ser um país de supremacia racial. E o Shin, o que mais há a se falar dele? Que ele parece morto por dentro quando confronta os piores horrores e essa é a sua forma de sobreviver.

Até a próxima!

P.S.: O canal TV Resenha Anime (um dos parceiros do meu canal, o Nerd Gakure) fez uma versão em português da abertura, Kyoukaisen, que ficou muito foda. Sério, se você gosta de 86 e de versões nacionais de aberturas de anime precisa ver esse vídeo. A nostalgia vai bater hard.

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