Depois de aparentar estar bem consigo mesma e ter avançado em relação a seu passado no Gama Gama, além das suas questões pessoais, a Kukuru entra em um estado de quebra, sobrecarregada com as pressões que sofre no trabalho, mas também pelo peso de não poder trabalhar com seus amados animais.

A soma disso tudo trás de volta a superfície o lado mais frágil e incerto da garota, que mais uma vez volta a sofrer com os rumos da sua vida. Entre ela mesma, seu chefe descuidado, os avós e os amigos do peito, como será que ela vai sair de seu dilema?

Flávio: A Kukuru está sofrendo com a frustração de não fazer o que gosta e com uma jornada de trabalho exaustiva.

JG: O episódio nos mostrou que embora a protagonista estivesse lutando para sguir em, frente e lidar com as mudanças que aconteceram, nem tudo é tão fácil, ou se resolve num passe de mágica.

Ela ainda não digeriu tudo como pensávamos, talvez tenha apenas deixado tudo em standby, por estar contando com o apoio dos amigos, estar iniciando uma etapa nova sem grandes dores de cabeça. Agora que o cenário mudou, o que estava suprimido volta e isso me leva a questionar qual a profundidade dos traumas passados que ela tem.

Flávio: A superação de traumas e frustrações podem levar um certo tempo. A Kukuru evoluiu até aqui mas ainda tem um longo caminho para o amadurecimento.

JG: Antes de mais nada, acho que vale a pena darmos uma geral no histórico dela até aqui, até para entendermos melhor o que cerca a mente dela. Kukuru perdeu os pais bem cedo e mesmo que seus avós tenham lhe dado todo o carinho do mundo, pais são pais e isso não se substitui.

Ademais, infelizmente a própria sociedade não tem muito tato para lidar com a dor alheia, então não é difícil imaginar a aflição que ela sentiu quando tinham eventos com os pais, indiretas dos coleguinhas – mesmo na inocência – e por aí vai.

Depois de conseguir encontrar um porto seguro, isso é tirado dela porque o aquário foi a falência, mesmo depois de meses se dedicando para mantê-lo de pé – o que deve ter deixado o sentimento de que nada adiantou.

Quando finalmente supera isso e consegue um trabalho no meio que ama, não pode trabalhar com o que gosta e é constantemente pressionada por um chefe que não lhe oferece qualquer suporte ou ensinamento. Bom, acho que é difícil conciliar tanta coisa com a pouca idade e maturidade que ela tem, diria até que ela resistiu bastante ao desgaste.

Flávio: O chefe da Kukuru não é uma pessoa má, mas acho ele omisso em algumas situações. Por exemplo, ele deveria supervisionar e orientar a Kukuru em vez de dizer em outras palavras “se vira aí, plâncton”.

JG: Eu também não tenho uma má impressão dele, inclusive já falei em outros artigos, mas ele não se ajuda pela falta de noção. É como você colocou, ele no mínimo podia prestar mais atenção ao trabalho dela, estar pendente das coisas como se deve, mas não é assim, o cidadão apenas assiste ela a distância e delega atividades.

Por incrível que pareça, eu realmente acho que ele vê potencial nela e gosta disso, porém ele tem uma forma muito equivocada de impulsionar os talentos dela, não tem como defender. Nesse episódio eu senti que ele percebeu as mudanças de humor dela, que a menina estava chegando no seu limite, só é uma pena que ele não alterou sua linha de ação.

Flávio: A cena da Kukuru apresentando o projeto para a mulher da agência de casamentos mostra que a Kukuru está presa numa bolha.

JG: Aquela cena deixa visível o quanto ela ainda está focada em ser uma cuidadora e somente isso. Inclusive a mulher educadamente joga isso na cara dela várias vezes, mostrando que ela não está focada no conjunto, dando o ponto de vista de quem está vendo o lado do aquário, mas tem um evento a fazer acontecer – e essa é sua prioridade.

Acho um tanto engraçado esse ponto na Kukuru porque embora ela se preocupe com os animais acima de tudo, o desejo real dela é cuidar deles, mantendo vivos os aquários por onde passou, mas aí entra o outro lado, os aquários não sobrevivem apenas cuidando dos seres marinhos e sim promovendo coisas que atraiam pessoas de fora para que essas os mantenha.

Isso mostra que mesmo se esforçando para seguir adiante, ela ainda não se deixou moldar por completo, ainda precisa aprender e amadurecer um pouco mais, o que fica também reforçado no diálogo do avô dela com o diretor do Tingaara.

Flávio: Chega a ser contraditório as ações da Kukuru, pois os visitantes são parte importante de um aquário. Além de que novos interessados na vida marinha não surgem sem as pessoas que visitem o aquário. E para atrair pessoas, o local precisa não só ser atrativo mas como ter eventos que possam chamar a atenção. E é justamente essa a função do departamento que a nossa querida plâncton íntegra.

JG: Eu fico numa linha bem dividida, porque ao passo em que entendo as coisas que alguns tentam ensiná-la, ou que a própria vida acaba forçando – e que são necessárias para a evolução dela -, eu também compreendo a origem das fraquezas e falhas da personagem, assim como o seu ponto de vista mais ingênuo.

Ela tem motivos para “demorar a crescer”, tem motivos pelo qual mantém o seu idealismo vivo, mesmo vendo que o mundo afora funciona de uma forma diferente da que pensa e é por isso que as dificuldades vem com tanto impacto.

JG: Exatamente, mas sabemos que até o fim da jornada ela vai acertar, basta saber que caminho ela vai tomar para que isso aconteça.

O anime também trouxe de novo os paralelos com os animais, dessa vez um golfinho perdido. Ali deu para perceber que a Kukuru criou um vínculo instantâneo com o bichinho, ao ouvir que provavelmente ele teria perdido a mãe e estava ali sozinho – como alguém que partilha da mesma condição, não teria como ser diferente.

Flávio: O momento com o golfinho era um conforto para a Kukuru.

JG: E até isso meio que foi tirado da coitada, não tem jeito. Caso eu esteja certo e o chefe goste da pessoa dela, espero que ele tenha a proatividade de tentar emendar o que ele acabou contribuindo para estourar.

Digo isso porque assim como a protagonista tinha problemas de comunicação com a Chiyu e resolveram juntas no cara a cara, espero eu que ele também se resolva com ela, especialmente por ter demonstrado que percebeu algo diferente nela e por causa do gancho final que mostra todos dando pela falta dela no trabalho.

Flávio: A Fuuka até que tentou dar algum incentivo para a Kukuru. Ela pode também ajudar bastante assim como o Kai, que pode ir além de oferecer as mãos para a Kukuru socar e aliviar o estresse. Mas creio eu que eu chefe dela tem que ir ajuda-la e tentar compreender a situação da funcionária.

JG: É aquela coisa, nós ja sabemos que a Fuuka é uma pessoa extraordinária, então não preciso de mais um momento que me diga o óbvio (risos). O Kai seria interessante ter um destaque por motivos de dar uma chance maior para que ele se aproxime e deslanche, mas ainda assim, o grande expoente aqui seria o chefe.

Ele é a figura importante desse problema da Kukuru e um dos poucos que não tiveram um momento seu para ganhar alguma camada, já é hora de vermos um pouco mais desse homem estranho que coordena – ou não – a menina. Aguardemos pela continuação dessa saga final de superação da cuidadora marketeira.

Agradecemos a quem leu e até a próxima!

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