Que o Mirai é otário o suficiente para confiar na palavra de um assassino narcisista tipo o Metropoliman a gente já sabia, mas sério que precisavam manter essa babaquice de vírus no anime? É uma ideia tão ruim e de mal gosto que não veria problema se tivesse sido mudada.

Pelo menos entre gritinhos frenéticos da irritante, e ainda pouco útil, Saki e o impasse criado em circunstâncias um tanto quanto esdrúxulas, eu consigo comprar o dilema moral em que o Mirai se encontra no começo, até porque ele quase que independe de sua obsessão pela vida.

A vida de milhares, quem sabe milhões, de pessoas ou a própria? No caso dele, como alguém sem amigos ou família, optar por si seria em alguma medida compreensível, agora ele é o herói, é claro que ficaria dividido, como qualquer pessoa normal que não quer carregar essa culpa.

O problema para mim é sempre como o anime mesmo em meio a questões plausíveis consegue estragar tudo com outras sacadas, essas muito das imbecis. Felizmente, não é o que acontece com a flecha branca matar o vírus, que diria que foi a melhor saída possível para o impasse.

Se a flecha branca mata um ser humano, então por que não poderia matar um vírus, um ser vivo? Além disso, a flecha atravessa as coisas para atingir apenas o ser vivo, aquilo que objetiva tirar a vida. Sendo assim, nada contra essa solução, diria até que ela foi surpreendentemente boa.

Infelizmente, o impasse posterior, usar a flecha branca na maluca ou arriscar a disseminação do vírus, esticou demais a corda até a situação se enforcar de vez. E ainda mais com aquelas distorções de tempo básicas, segundos que viram minutos com direito a vários pensamentos durante.

Sei que muito anime têm disso e passo pano se o anime é bom porque realmente prejudica pouco a experiência de assistir ao desenrolar da situação. Como não é bem esse o caso aqui, sim, isso torna tudo mais chato. Só se salvou realmente quando as questões eram razoáveis.

E nesse caso não era muito porque a insistência do Mirai deu a brecha para as mortes que se seguiram, além disso, a forma como a situação foi conduzida, com a maluca tendo que usar bugigangas para seguir com sua ameaça, tornou tudo mais tosco do que já era.

Em todo caso, repito, o dilema do Mirai é válido, mas era mais crível quando dizia respeito a vida dele. No caso dela ainda lançar mão de um meio de disseminar o vírus a temeridade dele em agir sujou as mãos de outros pessoas de sangue, mas livrou as dele, convenientemente.

Além disso, tiveram duas coisas ainda na primeira parte desse episódio que me incomodaram. O Mukaido e sua debilitação conveniente, apesar dela ser compreensível pelo desgaste físico e psicológico, o que não vale muito é para sua recuperação quando virou candidato a deus.

A outra coisa foi a regra no mínimo estranha do candidato só poder carregar uma pessoa por vez quando as asas suportam qualquer peso. Parece uma daquelas regras bem convenientes para uma situação específica. Na verdade, certamente é. Aliás, isso é muito Death Note, né?

Digo, esse lance de dispor as regrinhas entre as partes dos episódios. Outra coisa bem a cara de Death Note foi o descarte dos secundários, que acontece sem pudor. O problema em Platinum End é que diferente de Death Note, seria mais interesse todos os candidatos serem importantes.

Mas isso seria o mundo ideal em que essa obra não é uma porcaria por desperdiçar completamente um conceito tão fascinante que é o do battle royale. Pelo menos o Metropoliman não perdeu a chance e tripudiou em cima do Mirai, que teve sim uma parcela de culpa no resultado.

Se ele não fosse tão covarde ele sujaria suas mãos, não a dos outros, e com certeza menos pessoas morreriam. Além disso, essa fixação dele pela felicidade perde força quando ele não aceita a morte mesmo quando a pessoa morre feliz. Parece um pirralho que não sabe ouvir um não.

O Hajime atacou eles para começo de conversa e mesmo assim ele e a Saki ficaram tão sensibilizados com sua morte. Tudo bem, ele morre para proteger a garota, mas mesmo assim, a reação do Mirai parece discurso de fanático que luta contra o aborto e contra a eutanásia.

Me desculpe a sinceridade, e aqui é uma opinião estritamente pessoal e polêmica minha, mas acho ridículo quando as pessoas não entendem que a morte é uma etapa natural do processo da vida e que, por mais que uma morte não seja natural, não significa que a pessoa morreu infeliz.

Não entender isso é desrespeitoso e o Mirai é um pirralho que quer forçar goela abaixo seus ideais, mas não respeita quem pensa diferente dele. E não, escrever isso não me torna igual a ele, não quando sucessivas vezes digo que suas ideias nem são o problema, mas a forma como ele age.

Okay, dessa vez a ideia também foi questionável. Mas enfim, temos uma fuga que joga fora a obediência a qualquer regra pré-estabelecida no anime, mas não é como se surpreendesse, não quando regras e novas informações surgem convenientemente para encobrir um roteiro porco.

Por fim, devo me corrigir sobre o Baltra, ele realmente só queria ver o circo pegar fogo, e usou seu candidato para isso. Sobre o plano do Mirai para prender o Metropoliman, ele não é ruim, acho que tentaria o mesmo, a diferença é que eu mataria se não desse certo, mas o Mirai fará isso?

Porque é óbvio que não vai dar certo, assim como nada deu certo de verdade nesse primeiro cour. E sabe o que é mais legal? Que o único personagem minimamente bem escrito deve morrer já no começo do próximo, o que deve nos deixar por meses em completo desespero.

Até a próxima!

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