Megalo Box 2: Nomad – ep 10 – Uma porção do passado e uma dose de violência infantil
O beija-flor derrotou o nômade mais uma vez, agora se essa derrota trará um destino ainda pior, é o que iremos descobrir.
Com todas as peças em suas devidas posições, Megalo Box 2 chega ao começo do fim, e em menos de um mês teremos que dizer adeus a uma das melhores continuações que um anime recebeu nos últimos anos e um grande presente para toda a comunidade, principalmente aos fãs da primeira temporada e de Ashita no Joe, como eu.
Mas ao menos esse episódio teve violência contra adolescentes, o que é o bastante para jogar uma luz nessa nuvem negra que se aproxima.
O maior foco nesse episódio foi a subversão das expectativas que muitos personagens tinham sobre seus legados. Mikio revelou a importância que a tese escrita por uma funcionária da ROSCO teve sobre sua vida, enquanto essa mesma garota mostrou certo desdenho por sua antiga eu.
Em contraste, Shirako teve que lidar com as consequências que suas ações anti-militares causaram para sua empresa, o que a deixou de mãos atadas para lidar com a ROSCO.
Yuri também teve a verdade jogada em seu rosto, quando Liu reclama da atitude auto centrada de seu mentor, o fazendo relembrar que a vida de boxeador foi algo que o próprio Liu escolheu, ao invés de uma carreira dada pelo ex-campeão para que esse retornasse ao megalo boxing.
O que eu gosto dessas histórias é como elas se alinham ao arco do protagonista. Joe se colocou em uma espiral de culpa e procurou dar fim à sua vida, justamente pela sua aversão ao passado mas também a sua incapacidade de não colocar toda a culpa pela morte de Nanbu sobre os próprios ombros.
Assim como o menino pelado, os demais personagens superestimam seus papéis na vida alheia, e como vemos ainda no fim desse episódio, aprender a largar a culpa e o trauma é o único caminho para a recuperação.
Um elemento que brilhou muito nesse episódio foi a direção de som, cada personagem ganhou uma trilha, da primeira temporada ainda por cima, em seus momentos dramáticos. A música eleva bastante as cenas, com destaque para o momento em que Joe conversa com Aragaki no cemitério, pois além de um complemento bacana, a música ainda casa com a escrita, por esse ser um momento em que Joe fala sobre seu passado.
No que tange ao nosso protagonista, esse episódio continuou com um ótimo trabalho. Ao colocar Joe para tentar tudo em seu alcance para reparar os erros do passado e também deixar claro que a culpa não era apenas dele, esse episódio veio para acrescentar nesse trabalho, com a revelação de que além do dinheiro, a luta com Liu foi para inspirar as crianças e evitar que caíssem na escuridão pela morte de Nanbu.
Como vimos, esse tiro saiu pela culatra, tudo pela falta de comunicação entre Joe e as crianças, o que se manteve até o presente momento e culminou com o confronto dos dois membros remanescentes do time lugar nenhum. A luta com Sachio foi um dos pontos mais altos não só dessa temporada, mas da franquia como um todo.
Com toda a composição de cena, o diálogo entre os dois combatentes funcionava até como um tipo de terapia de choque, tudo isso para culminar no momento de maior ternura do anime.
Tudo nessa cena estava no ponto, não só o diálogo dos dois, mas o Aragaki e até mesmo o Fujimaki tiveram ótimas cenas. Eu particularmente gostei bastante da pequena homenagem que o yakuza fez para o Nanbu no fim de tudo.
Infelizmente, o roteiro achou que essa era a melhor hora para jogar uma referência a Ashita no Joe, com o protagonista passando mal e perdendo a consciência, agora só nos resta torcer para que esse Joe não compartilhe do destino de seu predecessor.