Haifuri – ep 11 – Auto-confiança é importante mas não gosto de maionese
Que reviravolta hein? O Musashi que estava seguindo no sentido leste em direção às Filipinas deu um cavalo de pau no meio do caminho e virou para o norte, em direção ao Japão! Outra coisa que aprendi sobre o mundo futuro de Haifuri: não existem satélites, aviões-espiões ou qualquer forma de rastreamento de navios segura que não seja a própria auto-identificação dos navios para os centros de comando de tráfego. Ainda bem que as Blue Mermaids estão lá para salvar o dia né?
O grande conflito desse episódio foi a indecisão da Misaki. Ela queria loucamente ajudar o Musashi e Moeka, sua amiga de infância, mas estava morrendo de medo que sua tripulação no Harekaze se ferisse – ou coisa pior. A garota perdeu toda a auto-confiança que ela tinha, e é compreensível: o Harekaze não teve escolha nas primeiras batalhas e simplesmente reagiu, e depois sempre puderam contar com a ajuda da Wilhelmina, que voltou para o seu navio. Agora ela está “sozinha” e precisa decidir jogar o seu navio contra outro muito mais poderoso. Mas ei, quem disse que ela está mesmo sozinha?
Eu não tinha reparado antes que as Blue Mermaids usavam trimarãs. Tenho certeza que esse modelo de barco já havia aparecido, mas eu não tinha dado muita bola e percebido que eram legítimos barcos de casco triplo. Nem sabia, na verdade, que existiam trimarãs militares – mas pesquisei e eles existem sim! O americano USS Independence é um trimarã bastante parecido com o das Blue Mermaids inclusive, a diferença é que tem mais cara de barco normal, enquanto o das Blue Mermaids é todo anguloso – essa configuração é usada para construção de embarcações stealth, por dificultar a detecção por radar. Não se preocupe: existem trimarãs militares stealth também (ou existiu pelo menos um: o indonésio KRI Klewang).
E qual a graça disso, você me perguntaria. Digo, perguntaria mesmo? Porque Haifuri é um anime militar, esse tipo de detalhe é divertido para quem gosta de temáticas militares, não é? Bom, para não ficar só falando que esses barcos existem e talvez ajudar alguém ainda entediado, um pouco sobre quais as vantagens de um trimarã: a configuração com três cascos torna os trimarãs muito mais estáveis que navios comuns de casco único, o que permite velocidades maiores e manobras rápidas. Eles balançam menos também pelo mesmo motivo. Também por ser mais estáveis mas não só por isso são considerados praticamente inafundáveis, porque normalmente construídos para que a flutuação de um único casco seja suficiente para manter o barco inteiro boiando. Os trimarãs atingidos das Blue Mermaids não estão afundando, fique tranquilo. Uma desvantagem é quando eles emborcam: a estabilidade aí funciona como uma lâmina de dois gumes e dificulta que se desvire o barco. Não que eles emborquem muito, para começo de conversa, mas caso aconteça é bem chato desvirar a porcaria, e alguns modelos podem sofrer avarias ao desemborcar. E chega de falar de trimarãs.
De volta ao tema principal do episódio, a Misaki ficou incapaz de agir durante o episódio inteiro, dividida que estava entre a vontade de ajudar o Musashi e proteger suas tripulantes – sua família do mar. A Mashiro quer ajudar ela e até entende o que precisa fazer – dizer que está ali para apoiá-la, que ela não precisa saber tudo sozinha nem se responsabilizar por tudo sozinha, mas a própria Mashiro é um pouco reticente e sem auto-confiança para dizer isso. Talvez no fundo ela tenha medo de dizer isso apenas por boa vontade mas não ser capaz de, na prática, fazer acontecer? Entra em cena a Maron, também conhecida como engenheira-chefe maluca, e manda as duas fazer o que elas têm que fazer. O resto da tripulação está mais do que pronto para fazer a sua parte também. É aí que ela inventa umas metáforas culinárias nada apetitosas.
Quem é que nunca passou pelo que a Misaki passou nesse episódio? Eu passo por isso quase diariamente. Sério. Mesmo para escrever esses artigos, um hobby meu, sempre fico preocupado: Alguém vai ler? O que estou escrevendo faz sentido? Não estou falando um monte de besteiras? Vai ser útil para alguém? Vai ser divertido para alguém? Esse mar de dúvidas pode ser paralisante para qualquer um de nós. E às vezes precisamos que alguém nos diga que só precisamos fazer o que precisamos fazer. Nem sempre alguém vai ser a maionese do seu sashimi, o preto do seu branco, essa é só uma das formas de ter auto-confiança: tendo alguém que confia em você e te completa. Mas às vezes precisamos encontrar essa confiança toda dentro de nós mesmos. É o que eu faço cada vez que clico em “publicar”. Ou que envio currículos, respondo questões em provas, você entende. Vista seu quepe de capitão e comande a sua vida!
Kondou-san
Este episódio serviu perfeitamente para demonstrar que a Misaki é mais do que competente para ser capitã, aquela vontade de proteger a sua família do mar ou arriscar tudo e pô-la em perigo para salvar a sua melhor amiga, deixou a Misaki numa quebra emocional enorme e pela 1ª vez tal cena não me irritou coisa que é rara, as personagens a gritar com uma voz estridente ninguém merece uma tortura dessas, mas neste episódio de Haifuri foi suportável. Finalmente a capitã Misaki já não está sozinha, aliás se for a ver bem ela nunca esteve sozinha, só não tinha ganho a confiança dos seus subordinados. A melhor amiga da Misaki, no flashback que passou, parecia ser uma capitã bastante decente. A tua pequena nota dos navios de casco triplo estava muito boa, continua assim a distribuir cultura e conhecimento.
Como sempre uma excelente matéria.
Fábio "Mexicano" Godoy
E o anime deu umas voltas muito loucas e vai terminar com uma batalha em plena Baía de Tóquio! Uma coisa que Haifuri sabe fazer é construir tensão, hehe. Estou ansioso pela batalha final, agora com todos os personagens bem resolvidos e em seus lugares =)
Obrigado pela visita e pelo comentário!
Ponkan
Acabei dropando, mas ainda leio os artigos , fui desanimando com ele durante o tempo, mas os artigos continuam interessantes 😀
Fábio "Mexicano" Godoy
Hahaha obrigado! Sou mais interessante que um anime, que lisonja! Mas tente maratonar depois, quem sabe? É divertido, principalmente pelas batalhas navais =)