Citrus – ep 7 – Duelo de irmãs mais novas: Parte 1
Quando Citrus tem tudo para dar um passo à frente, vai e dá dois para trás! E lá vamos nós de novo…
Nunca pensei que fosse dizer isso – nem que fosse dizer tão cedo –, mas vendo este episódio cheguei a sentir falta do dramalhão da Mei. A nova personagem, Matsuri, é uma garota de uns 13 anos(?), irritante e vulgar que apareceu do nada para ser a vilãzinha do anime, tentado se aproximar da Yuzu para dar uns pegas nela e desestabilizar sua vida sem nenhum motivo aparente. Okay, depois podem explicar isso e espero que o façam, mas, sinceramente, custava tornar a personagem interessante – podia continuar sendo vilã, de boa – e não o clichê ambulante e chato de quem só faz mal por fazer? Porque é isso o que ela é, basicamente. Engraçado que ela diz que a Mei é sem graça, sem personalidade – outra que poderia estar bem melhor agora… –, mas até ela tem mais que a “vilã”.
Falando da relação da Yuzu e da Mei – que é o que realmente importa –, nesse episódio elas não evoluem em praticamente nada – no máximo já conseguem conviver razoavelmente bem como duas “irmãs” –, na verdade parecem ter regredido, e muito disso se deve a uma mania irritante que observo em animes e mangás desde que conheço esse tipo de entretenimento, a mania que os japoneses têm de apresentar algo “uau” em um momento e no seguinte virar a página e continuar como se nada tivesse acontecido, evitando um diálogo que deveria ser praticamente obrigatório.
Talvez isso seja da cultura deles, mas é sério que não dá para sair disso? Já acompanhei outras obras em que isso não acontece – ao menos não com essa frequência – e não por acaso a maioria delas é mais satisfatória do que as obras em que isso ocorre… Enfim, isso rola bastante em Citrus até por todo episódio ter uma pegação – ou tentativa disso – sem o consentimento de alguém e é triste ver que até mesmo quando tem o consentimento de ambas – como no beijo do final do episódio anterior –, por mais que o assunto seja retomado, não é aprofundado e vai para debaixo do tapete.
Eu acho que cabia mais discussão naquela cena em que as duas estudam, mas fazer o quê, né, é “melhor” para a história a Mai continuar se fazendo de sonsa hipócrita que está atraída pela Yuzu, mas não admite porque segue o pensamento machista enraizado na sociedade japonesa – similar ao tipo de pensamento que “temos” por aqui, aliás –, dizendo que não havia nada demais naquele beijo enquanto a Yuzu sofre por sentir que havia demais – só não sabe bem o que fazer com esse “tanto”.
Não acho que as garotas terem esse tipo de pensamento machista – de que é recriminável namorar uma mulher ou algo assim – necessariamente expresse que a autora pensa assim – se pensasse por que escreve yuri mesmo? –, já que é, de certa forma, um retrato do padrão do que a maioria deve pensar lá. Contudo, não sei se uma personagem tão jovem e que já procura pornografia na internet para enganar velhos safados – isso se ela não estiver mentindo e usar fotos e vídeos dela mesma… – e levantar uns trocados se encaixaria bem em uma história na qual a pressão da sociedade para que as mulheres não sejam lésbicas e sim “heterossexuais” parece tão importante.
É um choque entre um pensamento retrógrado e um pensamento moderno que talvez até ajude a Yuzu e a Mei a se libertarem das amarradas que a sociedade impõe a elas – principalmente no que se refere ao contexto familiar patriarcal da Mei que agora meio que também é o mesmo da Yuzu – após a Matsuri “tocar o terror” com as duas, mas fico me perguntando o quanto Citrus está disposto a trabalhar um lado e/ou o outro, pois até agora o máximo que me pareceu foi que a autora usa convenientemente de tradicionalismo e machismo – no mais puro e simples da palavra – para ir colocando dificuldades até que o romance dê certo. Se fosse tudo fácil demais nem eu ia gostar, mas tornar tudo difícil só porque tem que ser difícil e não conseguir tornar esses problemas críveis é um incômodo para mim. Por exemplo, a Matsuri beijou a Yuzu no meio da rua para todo mundo ver e o mundo acabou por isso? Okay, namorar a irmã seria problemático, mas elas serem mulheres é esse problemão todo mesmo? Creio que depende delas superarem esses problemas para ficarem juntas e gostaria que isso acontecesse, mas a autora deve trazer à mesa todo esse peso da pressão moralista quando bem lhe convir esquecendo que “por baixo dos panos” as coisas são bem mais “modernas”.
Talvez esse seja o maior problema de Citrus, por fora ele quer aparentar muita coisa, mas por dentro não faz jus a tudo isso. Até entendo ele ser o yuri mais popular no Japão atualmente – acho que isso se deve também ao fato de que ele seria um típico shoujo se trocasse o sexo de uma garota do casal –, mas o “ótimo drama” que muitos comentavam ser não é nada mais do que um amontoado de clichês e alguns acertos quando tinha potencial para ser melhor. Acho uma pena a obra ficar só nisso.
Como o título bem sugere, o que já vimos nesse e vamos ver mais no próximo episódio é um duelo de irmãs mais novas postiças para saber quem tem mais posse sobre a Yuzu, porque no final das contas é assim que elas parecem ver a garota, como um objeto. Uma é uma amiga de infância picareta que só quer ferrar com a Yuzu, porque sim, e a outra quando parecia que ia conseguir começar e terminar um diálogo decente como um ser humano normal teve que ir tentar abusar da Yuzu de novo, como se ainda não tivesse sido capaz de entender que não é assim que você tem o que quer na vida – ou ao menos não é assim que deveria ter. A Mei já parece melhor do que antes, dá para ver uma evolução nela, mas por que ela sempre tem essa necessidade de tentar subjugar a irmã de alguma forma? Será que ela ainda não entendeu que a Yuzu é uma pessoa e não um poste no qual ela pode mijar para marcar que é dela por ser hipócrita demais para admitir que está apaixonada e escrota demais para entender que não é com pegação que vai conseguir alguma coisa?
Não, pelo visto ainda não, mas espero que uma hora ela entenda e que a Yuzu pare de ser “trouxa” para ficar sendo disputada como um prêmio por duas irmãzinhas chave de cadeia como essas duas.
Até gostei do climinha de romance que teve entre a Yuzu e a Mei, mas isso passou longe de salvar o episódio para mim. Me despeço com a esperança de melhora. Que venha a segunda parte do duelo!
Eduarda Cardoso
Aaai que a mão do spoiler chega tremer… Bem, é realmente chato o jeito como a autora usa e abusa de todo tipo de ferramentas -clichê ou não- e as descarta de qualquer modo no desenvolvimento da história, mas no geral é um mangá muito bom. O é que anime tá cortando muita coisa (tipo as cenas bobinhas e fofas de romance e as maravilhosas e engraçadas cenas YuzuHaru), confundindo em alguns pontos (os diálogos mudaram, talvez pela tradução mesmo) e estão exagerando nas cenas ‘quentes’. Tem no mangá? Sim, porém são beijos simples e bonitos.
Sei que aqui é um site para falar de animes, mas para calmar todas suas perguntas e frustações lhe recomendo ler o mangá. Ainda mais por gostar da Harumin s2 (quem não?).
Ps: A foto foi tirada no dia do passeio ao parque, depois do arco da Himeko.
Kakeru17
Só posso dizer que acho uma pena não terem mostrado isso. Poderiam ter tirado parte do tempo de tela da Matsuri para mostrar esse passeio. Apesar de ter meus problemas com o anime eu devo comprar o mangá se ele vier para o Brasil e daí dou uma chance.