Shichisei no Subaru – ep 8 – O vasto e desconhecido potencial da amizade e do cérebro humano
De novo Shichisei no Subaru me surpreendeu de formas positivas, e até quando não é exatamente surpreendente o anime entrega explicações aceitáveis e desfechos consistentes para sua trama. O mistério que cerca a Asahi teve maiores esclarecimentos nesse episódio, e na falta de uma Nozomi, ter um amigo confiável como o Clive deu o realce que o anime precisava para manter sua qualidade.
Que o Haruto não ia morrer isso era certo, e que o poder da Asahi era muito mais valioso e perigoso do que já aparentava também. Contudo, como juntar o útil ao agradável em meio a uma situação de completo desespero? Como um sense que prevê o futuro poderia salvar o Haruto de um game over certeiro? Não poderia, exceto se prever ações futuras fosse apenas uma skill de superfície, apenas a primeira camada de um poder ligado a origem dos próprios senses e dos jogos que deles se utilizam.
O vasto e desconhecido potencial do cérebro humano é um tópico recorrente na ficção que até pode parecer conveniente demais para explicar qualquer habilidade que extrapole o senso comum, mas se a própria ciência alega que usamos apenas uma pequena fração de nossas mentes – e com ela fomos capazes de construir uma civilização que tem um notável nível tecnológico –, então do que nós, seres humanos, seríamos capazes se usássemos esse nosso “potencial latente” em uma escala nunca vista?
É disso que se trata o sense da Asahi e o próprio motivo do Union e do ReUnion existirem. Usar jogos online com uma vasta gama de usuários diferentes para possibilitar um experimento em larga escala afim de desenvolver o potencial do cérebro humano através do despertar de poderes especiais com o objetivo de fazer o cérebro ativá-los fora do jogo é uma explicação bastante razoável para justificar a existência do jogo em si, assim como a perseguição que estão fazendo a nossa jovem protagonista.
Aliás, a explicação de que é a Gnosis que está por trás de tudo não poderia fazer mais sentido, afinal, quer forma melhor de sondar um jogo que estando dentro dele? Se a organização está por trás do jogo e tem um plano tão elaborado e grande como esse é claro que teria sua influência na sociedade para calar quem quisesse. É praticamente certo que eles têm o apoio dos governos de alguns países, de empresas privadas e da comunidade científica (ao menos da parte inescrupulosa que concordaria com um projeto desses); e para justificar tamanho esforço em diversas frentes a recompensa final teria que ser a altura, não é mesmo? Um poder capaz de “escolher” um futuro está bom para vocês?
Ao meu ver faz todo o sentido criar um plano dessa envergadura para isso, visto que quem controlar esse sense irá controlar a realidade – podendo escolher o futuro que quiser para toda a humanidade.
Ainda não se pode afirmar que com isso a intenção da Gnosis seja “ruim” – eles podem querer a paz mundial, né, vai saber –, porém, será que os meios deles justificam os fins? Essa pergunta poderia ser feita quanto ao chefe da guilda que só queria evitar distúrbios no jogo, mas acabou foi sequestrando uma garota e usando o poder dela a força. Será que agir assim é mesmo passível de uma justificativa “aceitável” que faça de um vilão um mocinho? Tenho certeza de que não e espero que isso não seja visto dessa forma até pelo que a joia vermelha, que contém os fragmentos das memórias da Asahi, insiste em mostrar, que a Gnosis a estava usando em experimentos para despertar seu sense a força.
Por um momento cheguei a pensar que ela fosse a Nozomi com outra identidade no jogo, mas não deve ser isso, só que está na cara que ela tem um passado com a Subaru e que por isso acabou se envolvendo em toda essa tramoia. Aliás, o fato de ela também já ter despertado um monstro, assim como o inimigo desse episódio fez, indica que ela já fez parte dessa organização, mas se rebelou. O que me parece ser o caso e faz sentido, pois ela sempre está um passo à frente da perigosa Gnosis.
Mas se acabei de comentar que os fins que não justificavam os meios, o que seria a apunhalada que ele deu senão isso? Eu julguei mal o Clive achando que ele seria capaz de algo tão extremo e perigoso para despertar o sense da Asahi, mas se ele está aliado a Elicia, por que descordaria dela no que se refere a evitar que isso acontecesse? Seria uma diferença de pontos de vista – e até de métodos – que sequer foi abordada previamente e daria margem a uma inconsistência perigosa para a série, o que, felizmente, foi evitado com um dos privilégios da história se passar prioritariamente dentro de um jogo: a transformação em outros seres ou coisas – um belo disfarce para surpreender os inimigos.
O legal dessa habilidade não foi só ela ter servido para acusar a inocência do Clive, mas também para tornar a luta deles contra o monstro, e o inimigo da Gnosis, mais interessante. A vitória deles não foi tão previsível e usou com maestria o trabalho em equipe e o elemento surpresa: o imprevisível Clive.
Não me canso de ver as lutas do anime, e nem é porque elas são bem coreografadas e fluidas – elas não são –, mas porque expressam o melhor da bela amizade que há entre os integrantes da Subaru.
Basta que três ou quatro deles se juntem e a coisa flui de maneira absurda. Os golpes encaixam, os combos se superam e é notável a destreza com a qual eles conseguem resolver qualquer problema.
Isso correu muito bem até agora, mas nada garante que a força que vem da união deles será mantida até o final, mas, convenhamos, isso é um anime, não uma tragédia grega. A tendência é de que esse trabalho em equipe espetacular e essa capacidade de sair de qualquer aperto só aumente quando a guilda estiver completa – o que só deve rolar no fim já que a Nozomi é mais difícil de ver que caviar…
Todo o momento do Haruto no mundo “criado” pelo sense da Asahi foi muito bom pela reafirmação da promessa dos dois e as revelações feitas. Toda a luta da Subaru foi muito boa tanto pela volta agitada do Haruto, quanto pela chegada providencial do Clive, e pelo outro fragmento de memória mostrado no final. Toda a participação da Elicia no anime até aqui tem sido muito bem trabalhada, porque ela até pode querer que a Asahi desperte o verdadeiro potencial do seu sense, mas tem objetivos completamente diferentes para isso e age preenchendo uma lacuna muito importante. Ela protege os heróis e dá o empurrãozinho que eles precisam porque sabe de mais coisas do que eles.
No próximo episódio mais revelações deverão ser feitas e com certeza irei comentá-las mais a fundo. Que o futuro desse anime seja promissor, e que seja um em que a Nozomi ao menos dê as caras, por favor, pois mal posso esperar para ver esses seis (sete se contarmos com a Elicia) em ação. Senão em ação, ao menos próximo a isso. Vamos ver como/se vão expandir a trama também. Até mais pessoal!