Sword Art Online: Alicization – ep 6 – Presente de Alice
Esse episódio estava até legal, mas o trecho final dele me embrulhou o estômago. Não que eu já não esperasse por algo daquele tipo, mas há uma diferença abissal entre não guardar rancor por alguém e ser cúmplice. Na verdade, que ela continuasse amando o “monstro” que ele se tornou, até aí tudo bem, pois isso é algo meio “complicado” de evitar, mas “passar a mão na cabeça” de um louco não é amor – ao menos eu não vejo como tal. Enfim, é hora de comentar o Projeto Alicization no Anime21!
Que episódio cheio de diálogo expositivo, hein? Mas confesso que não o achei chato justamente por terem tirado praticamente um episódio todo só para isso, para explicar o que é o projeto e porque o Kirito se envolveu nele.
Se tivessem tentando explicar de maneira rápida e superficial a compreensão do que se tratava o projeto que dá nome a temporada ficaria comprometida e, sendo sincero, eu não acho que essa seja uma informação importante o suficiente para ir sendo revelada aos poucos. Não é como se a existência desse projeto – e nem aquele trecho final – não tivesse tido seu foreshadowing.
Era fácil de imaginar o interesse escuso do militar no Kirito, não gastariam recursos criando humanos artificiais em mundos virtuais por nada e não é como se o fato do Kirito ter sido aquele que “zerou” o SAO não contasse no currículo do garoto, né? Aliás, ele trabalhar de meio-período testando esse Soul Translator já era indicação mais do que o suficiente de que alguma hora o Kikuoka tentaria oferecê-lo uma vaga de “tempo integral”.
No final das contas, o que a experiência de quase morte do Kirito fez foi cair como uma luva nos planos do quatro-olhos, pois agora ele tem uma desculpa apropriada para estender o experimento com a cobaia perfeita. Viu como tudo já apontava para isso? E a coincidência do nome do projeto ser o mesmo da garota transgressora influenciada pelo extraterrestre foi só mais uma forçação de roteiro que não me incomodou tanto, mas precisava mesmo disso? Nenhum pouco!
Eu fico até pensando se não foi o Kikuoka quem armou para o Kirito, porque tudo foi tão conveniente que chega a assustar, né? Mas ah, por um momento eu esqueci do que explica isso. É SAO, então não é estranho que a substância dentro da seringa do vilãozinho possa assassinar os neurônios do Kirito e nem que isso possa ser consertado se ele mais uma vez submergir em um mundo virtual arriscando a própria vida.
Okay, é de uma forma diferente dessa vez, mas não é à toa o climão de Aincrad, né? Ele mesmo faz referência ao mundo do jogo, o que só me faz pensar que Alicization é uma “tentativa” de replicar o sucesso daquela fase e se duvidar superá-lo. Conseguirá? Não sei, mas as vendas absurdas da light novel apontam que a tendência é essa.
Estão expandindo o mundo da obra e adicionando os elementos novos necessários para manter a sensação de renovação, e isso eu acho bom, mas precisa ser assim, na base de várias situações convenientes e na aceitação de atitudes escrotas de alguns dos personagens?
Porque é isso o que o Kirito, e a Asuna também, fazem desde o primeiro arco. Ela não odiar o tempo que passou no SAO eu até entendo – se eu tivesse arranjado família lá eu também não odiaria –, mas praticamente parar de se importar com tudo o que de ruim o Kayaba fez não bate com o que a Asuna falou sobre o Kirito, que os direitos das inteligências artificiais, ou a ausência deles, o fariam não concordar com o plano.
Ou será que o Kirito se importa mais com inteligências artificiais do que com humanos? Ele tem uma filha que é uma…. Preciso mesmo refletir para achar a resposta?
Não, não é exatamente um problema ele pensar assim. Aliás, acho até interessante porque reforça a impressão que tenho de que lá no fundo o autor está tentando discutir isso em SAO.
Qual é o limite entre o real e o virtual? Será que essas almas artificiais não possuem o mesmo valor que o das almas que na história são consideradas verdadeiras? Será que a vida do soldado da FAJ vale mais que a vida da Alice, do Eugeo ou da Selka?
Isso tudo é o que me faz estar gostando desse arco apesar de ver os problemas que vi nesse episódio, e estou vendo desde seu início.
Retomando, que o Kirito continue a confundir cada vez mais o limite entre o real e o virtual, e que isso também nos leve a questioná-lo – isso é bem mais interessante que apenas curtir umas lutinhas em mundos virtuais –, mas não sem o distanciamento de “humanidade” que eu sinto em personagens como ele e a Asuna.
É como se eles não se importassem com os problemas de outras pessoas, como se não se incomodassem. Para eles ambos os mundos, real e virtual, parecem ter o mesmo peso e não é mostrado um questionamento interno de nenhum deles sobre isso; sobre o valor da vida do soldado da FAJ em relação ao valor da vida de qualquer inteligência artificial. E olha que ela ainda nem conheceu a Alice, né…
Enfim, apesar do Kirito e de sua amada esposinha funcionarem de forma muito conveniente para o roteiro – e dele mesmo ser conveniente e previsível demais praticamente o tempo todo –, o episódio foi bom, pois a explicação que deram sobre o projeto ajudou a clarear bastante as coisas e indicar o caminho que os personagens devem seguir nesse arco. Aposto que a Alice vai ser um sucesso de IA bottom-up, hein!
Objetivamente falando esse episódio até foi bom, mas só se se eu desconsiderar as conveniências – e as minhas críticas que foram um pouco além do que estava em tela – ao menos um pouco, apesar do trecho final ter me incomodado justamente pelo que comentei mais acima; sendo a falta de empatia da Asuna e a cumplicidade da co-mad scientist formas excelentes de estragar qualquer coisa.
O sexto episódio foi uma continuação do quinto, mas no próximo o Kirito deve voltar; espero eu que com uns problemas que me façam divagar menos e temer menos pelo que virá em Alicization e em SAO em si.