Cavaleiros do Zodíaco: Saintia Sho – ep 3 – Arco de treinamento nada ortodoxo
Quando seria de se esperar um episódio comum de arco de treinamento como é costume em quase todo battle shounen, Saintia Sho vai lá e entrega um episódio nada ortodoxo nesse sentido – afinal, a Shoko está tudo menos seguindo qualquer treinamento que a Mayura possa ter passado para ela. O episódio também serviu para apresentar novos vilões e jogar a Saintia no olho do furacão, o que até condiz com seu veloz amadurecimento. Eleve seu cosmo ao máximo e me acompanhe nessa jornada!
A terceira semana de Saintia Sho começa apresentando novos vilões e mostrando a Kyoko/Deusa Éris dentro do ovo. Quem veio primeiro, ele ou a discórdia? Brincadeiras à parte, li isso no mangá há anos e até hoje me pergunto porque tem uma loli como Dríade, parece meio bobo, né?
E ela é perversa, o tipo de caracterização que eu espero de um rostinho fofo e uma voz infantilizada? Não exatamente – só que japoneses amam esse contraste, e de colocar loli em tudo –, só é mais um “detalhe de forma” que eu não vejo combinando tanto com Cavaleiros, assim como não vejo uma aspirante a “cavaleiro” começar um treinamento de forma meio largada e sem sequer querer entender o que seria o cosmo.
Eu entendo que ela é jovem e é tudo menos paciente, mas, para quem disse no dia anterior que faria das tripas coração para salvar a irmã, essa atitude não me pareceu coerente.
O fato é que a Shoko só precisa se desequilibrar emocionalmente para despertar um cosmo poderosíssimo e, mesmo que eu veja certa lógica nisso, não consigo evitar de me incomodar, pois faz parecer que tudo é conveniente para ela. Esse é o problema de ter uma protagonista introduzida no universo meio que de “supetão”.
As batalhas já estão rolando e ou ela usa desse “privilégio de protagonista” ou não participará delas.
Enfim, a Mii é uma que pode e deve participar mais ativamente e até tentou fazer isso esse episódio, porém, apesar de ter espantado a loli, nada fez na luta contra o bonitão, precisando ser salva quando era ela que deveria estar salvando, afinal, se trata de uma Saintia que passou por treinamento e tem a missão de proteger Athena.
Gosto dos golpes dela, do jeito dela e também de seu belo design, mas gostaria mais se ela tivesse feito mais coisa.
Acaba que a Shoko é quem tem que resolver tudo, ainda que ela mesma não tenha experiência e nem controle sobre suas próprias forças. Ao menos o trecho em que ela, só depois de pentelhar muito a Mayura, se envolve na luta foi útil para trabalhar a Saori.
Não consigo deixar de ver certa hipocrisia nos atos dela, afinal, desde eras mitológicas é o sangue dos cavaleiros que a protegem, o que escreve a história como ela é. No fim das contas, os cavaleiros farão qualquer coisa que estiver ao alcance deles pela Deusa que simboliza os ideais de paz e justiça que os guiam, ainda que isso signifique abrir mão de suas vidas.
As mãos dela continuarão sujas de sangue e o que a aflige não acabará. Mas é verdade também que ela pode não desanimar e tentar proteger as vidas que estiverem ao seu alcance. Como forma de aliviar a culpa que ela sente? Sim, mas Athena é uma Deusa humana desde o princípio e são os conflitos dela enquanto humana o que importa aqui!
Ao menos a Shoko vestiu a armadura e isso não mudou o status dela de quem começou do nível mais baixo e não sabe usar o cosmo que possui. Seria forçação se ela mudasse da água para o vinho só por ter sacado o traje. A Saori vendo toda aquela situação, já ciente dos seus medos, devia ajudar mesmo e foi o que ela fez, o que, se não rendeu uma luta empolgante, ao menos justificou a retirada inimiga.
Repito, a Shoko é apressada, ela planta em um dia e já quer colher no outro. Por isso se jogou de cara na primeira chance de ver a irmã que surgiu, e também foi inconsequente, já que não pensou na Saori ao adentrar no território inimigo. Ela age muito no impulso e põe aqueles ao seu redor em uma difícil situação toda vez que isso envolve a sua irmã. Há espaço para melhora e ela tem que mudar mesmo.
Entendo ela ser inconsequente agora nesse ponto da trama, mas ela vai precisar de maturidade para lidar com os perrengues que estão por vir. Por fim, fica decidido que a Mii vai resgatá-la, mas aquele final em que o Milo aparece não anima.
A trama ficará se “apoiando” nos cavaleiros de ouro o tempo todo, né? Eu sei que eles são fortes e “cortar o mal pela raiz” é o serviço deles, mas isso não rouba os holofotes que as Saintias deveriam ter?
O penúltimo anime da franquia foi Soul of Gold, obra na qual os cavaleiros de ouro têm voz e vez, e eu sei que o mangá de Saintia Sho sai há mais tempo que esse anime ganhou vida, mas por que toda essa fixação pelos cavaleiros de ouro? Essa é uma reclamação que vem da minha leitura do mangá, pois é algo que diminui a importância das Saintias em combate.
Eu sei que elas têm no máximo o nível equiparável ao de um cavaleiro de bronze, mas logo passará a parte no qual os cavaleiros de bronze são capazes de feitos inimagináveis para alguém do nível deles, então esse determinismo de poder com as Saintias não é desculpa para dar as melhores lutas para os cavaleiros de ouro e nós sabemos que isso vai acontecer, não é por acaso que eles estão aparecendo.
Não curto isso, pois diminui a qualidade geral da série para mim e permite uma alfinetada na esperada representação feminina que a obra prometia. Contudo, vamos dar mais tempo para ver o que ocorre, não é como se Saintia Sho já estivesse vendendo exatamente o oposto de sua propaganda, ao menos não ainda.
Espero que o reencontro do próximo episódio seja mais proveitoso, que expliquem qual é a relação que o Rigel tinha com a Kyoko e que o anime se mantenha sendo das mulheres cavaleiras e não sucumba completamente perante o brilho e o poder sem igual dos cavaleiros homens e de ouro.