Continuando a história da Cinderella e o início de toda a jornada da “família Tao”, nossos heróis revelam mais alguns pedacinhos desse mundo de fantasia e dão continuidade aos eventos que formaram a equipe e definiram a posição de Ex em meio as escolhas que ele tinha a mão na sua vida em branco.

Depois do susto passado com a invasão dos Chaos Tellers, Ex acaba se encontrando com Shane e Tao, que já eram companheiros de Reina, com o objetivo de formar um plano. Com a equipe reunida, mais uma vez é explicado a Ex o papel dos Story Tellers, a liberdade de escolha dada a aqueles que possuem o livro em branco e como funcionavam os poderes que ele tinha visto.

Nos episódios anteriores da série eu pude notar uma certa cadência no uso dos avatares de cada um, mas até então podia ser apenas questão de coincidência, preferência ou o que fosse. Só que aí nos foi explicado que os detentores dos livros em branco quando decidem se tornar protetores das zonas, passam por uma avaliação do marcador (o morfador) e do espelho mágico.

Achei bem legal que o anime estabeleceu uma lógica com a mecânica RPG do material original. Os marcadores são separados em símbolos e cores correspondentes às classes disponíveis como atirador, suporte, tank e combate direto. Cada um dos protagonistas é detentor de um “selo” diferente em seu marcador, apenas Ex possui um coringa com os quatro símbolos e cores, o tornando mais top que os outros três – a concepção e o design deles me lembrou o esquema das cartas coloridas do Uno.

O espelho permite que eles acessem os poderes dos heróis conforme seu marcador e seu espírito. Ex tinha usado antes um emprestado, mas já era hora de ganhar o seu primeiro avatar… e quem corresponde ao chamado? Ela, a Alice – pra desgosto inicial dele, que não queria ser uma trap, mesmo que fosse bem poderosa.

Voltando ao eixo original, a história da Cinderella me remeteu um pouco ao que aconteceu na história da Chapeuzinho, mas de uma forma inversa. A Chapeuzinho era a protagonista, não queria passar pelas provações que sua história lhe impõe e ainda ter o bônus do pai, mas na história da Cinderella o esquema é outro. A garota segue sua trilha independente dos percalços e quem faz a bagunça é a Fada Madrinha – confesso que numa hipótese diferente de ser a protagonista como foram nas outras duas histórias, eu esperava que fosse a madrasta ou uma das irmãs, já que em termos de história talvez elas devessem ser as mais insatisfeitas, mas não.

A fada me causa uma certa confusão mental quando tento entender ela, porque se analisarmos, as razões dela abrem possibilidades pra dois caminhos. Primeiramente ela conta sobre a tristeza de algumas das outras Cinderellas no meio do seu final feliz, o que nos leva a crer que ela age por nobreza para defender uma pobre moça que está fadada a um ciclo que mesmo sendo considerado feliz é uma montanha russa de sentimentos.

Já a hipótese está nas declarações dela acerca de seus sentimentos para com a moça. A fada parece muito ligada à Cinderella, mesmo que seu papel pareça ser tão curto na vida dela. Dá pra notar uma tendência meio yandere e possessiva, como se a princesa fosse algo que lhe pertence e que ela é obrigada a entregar nas mãos de um príncipe qualquer apenas porque sim.

Pra ser sincero não sei o que me convence mais, já que a fada parece navegar entre os dois extremos de uma forma muito sutil. Nisso ela ainda tinha o “apoio” de Loki, que estava pra semear toda a discórdia que pudesse. Esse daí encontrou a equipe delta mas acabou fugindo, só que ele levantou uma pequena lebre acerca de sua relação com Reina.

Desde o segundo episódio Reina mostrou um rancor terrível em relação a ele, onde cogitei que talvez o esquisitão fosse um vilão qualquer e que tinha a ver a morte da família dela, mas aí uma pequena frase me fez “reespecular” o motivo do ódio e enfrentamento entre os dois.

Loki é alguém que possui controle sobre os poderes dos Chaos Tellers, e Reina é uma sacerdotisa que domina o poder da afinação – aquele poder das borboletas que restaura os mundos – e isso me parece ter sido uma das possíveis razões para o conflito natural entre os dois. No entanto ainda tem um outro detalhe, Reina num breve momento diz que Loki era algo dela e é interrompida convenientemente por Tao, sem terminar suas explicações a Ex e a nós.

O que eles são? Amigos? Irmãos que estavam sem destino mas acabaram escolhendo ou escolhidos por forças opostas e seguiram seus caminhos se combatendo? Teriam eles outro grau de parentesco? Não sabemos ainda, mas daqui pro final vamos acabar descobrindo assim espero.

No revolver de sua angústia a fada acaba virando uma espécie de Myotismon feminino, atacando os heróis pra defender a sua Cinderella, e é vencida pela bravura de Ex que queria cumprir a promessa feita a sua amiga. Ex tinha ouvido as razões da fada, mas a voz que ele desejava atender era a de Cinderella.

Se a dona do destino acreditava nele, por que ele tornaria a vida dela possivelmente infeliz mudando seus caminhos sem dar um novo rumo a ele? – explicação que inclusive Reina reforça pra ele, já que ele não tem consciência da interferência que os “em branco” podem causar. Uma vez concluída a sua missão Ex observa na determinação de Reina e seus amigos o brilho de quem tinha encontrado uma razão de ser.

Eles estão firmes em seu propósito como Story Tellers, decidindo seu futuro e ajudando a construir os demais, sendo isso mais do que suficiente pra que ele quisesse fazer parte desse nobre grupo e fosse aceito pelos mesmos.

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