Bom dia!

Esse episódio pareceu, er … corrido. Tenho impressão que muita coisa aconteceu, ainda que não muito tempo tenha se passado, e agora na verdade falta bem pouco para a corrida.

Faz sentido, espero alguns episódios de Hakone Ekiden, pelo menos. É o ponto alto do anime, o clímax de seus dez personagens, não dá para fechar com um arco de dois ou três episódios. Na superfície, esse episódio foi guiado pela insegurança dos gêmeos.

E eles são chatos pra caramba, hein? Quero dizer, ok, eles perderam a motivação, ou estão abaixando a motivação como forma de esconder a insegurança, tanto faz, eu entendo o sentimento.

Mas a forma como lidam com isso é absurda.

 

 

Independente do quanto estejam motivados ou não, eles são parte da equipe, assumiram essa responsabilidade e não só o Haiji e o Kakeru, mas também Yuki, Príncipe, Rei, Shindo, Nico e Musa dependem deles. E seus fãs e apoiadores, Hana a frente de todos, estão ansiosos para vê-los correr.

Eles só disputam agora se for para ganhar? Foram assim a vida inteira, por acaso? Devem ser jogadores de futebol muito bons então. Me pergunto porque não há olheiros de times profissionais acompanhando o desenvolvimento deles desde os níveis de base…

A mais nova provocação do Sakaki não ajudou. O despeitado, que agora eu sei que tem motivos legítimos para detestar o Kakeru (ainda que o Kakeru absolutamente não seja culpado pelo sistema que levou à crise, a qual Sakaki fingiu não ver o tempo todo), encontrou-se por coincidência com eles mais uma vez e se aproximou, dessa vez fingindo que iria pedir desculpas, apenas para derramar fel mais uma vez.

 

 

Eles são apenas dez, Sakaki disse. Se um ficar doente ou sofrer lesão, acabou. Da mesma forma, como manter a motivação da equipe se parte dos membros irá se formar? Quem vai se formar e não pretende seguir carreira atlética não deve ter muita motivação para começo de conversa, e os demais também não devem ter porque a equipe ficará fatalmente desfalcada no ano seguinte.

O que Sakaki não consegue conceber é que nenhum deles ali é atleta profissional ou pretende ser (exceto Kakeru e, talvez, Haiji), estão contentes em estar ali por outros motivos. Uma vez que a Hakone Ekiden não é um evento profissional, não há porque se sentirem mal por desalojarem profissionais, supostamente “roubando” suas vagas na corrida.

Mas isso é pensamento de atleta. É compreensível. Assim como é compreensível que os gêmeos estejam inseguros.

Ao mesmo tempo em que serviu para dar palanque para o Sakaki mais uma vez, o que deixou os gêmeos mais inseguros, mas mostrou que a equipe como um todo cresceu, já que ninguém tentou retrucar, como bem lembrou o Haiji, a visita ao percurso da corrida serviu para cada um deles já começar a identificar em que trecho pretendem correr.

Agora eles entendem mais de corrida, entendem mais sobre si mesmos, e estão começando a ter esse tipo de pensamento estratégico. Era esperado ver isso, mas é bom ver isso mesmo assim.

 

 

Quanto aos gêmeos, o primeiro que tentou argumentar com eles foi Kakeru. Mas Kakeru argumentando é tão bom quanto uma galinha voando.

Eu entendo o que ele quis dizer, mas sua comparação (“se vocês não podem correr porque não vão vencer, vão desistir de viver porque um dia vão morrer?”) foi ruim. Os gêmeos são chatos, eu estava com raiva deles naquela cena, fiquei com mais raiva ainda quando eles zombaram do Kakeru, mas foi, sim, uma falácia.

A magnitude e natureza dos dois eventos são completamente diferentes. E certamente alguém vai ganhar a corrida, competições são feitas para isso, mas ninguém irá deixar de morrer. Mas eu também entendo o Kakeru. Ele é um atleta, não um filósofo.

Ganhar na vida e ganhar na corrida são coisas fundamentalmente diferentes – e pensar na corrida como se fosse a vida, e não o contrário, é a chave para começar a responder a dúvida que consome o coração dos gêmeos de Kaze Fui e de todos os gêmeos e não gêmeos do mundo.

 

 

Antes de chegar lá, vamos observar como está o mundo agora que eles se classificaram para a Hakone Ekiden, ainda que não tenham chances de vencer.

Todo mundo da equipe está motivado. Eles são, objetivamente, pessoas melhores do que eram antes. Ter um objetivo e focar nele os fez melhores. Identificaram seus pontos fracos e pontos fortes, investiram nos pontos fortes, atacaram os pontos fracos, e são corredores melhores.

E esse é um método que se aplica de verdade a qualquer tipo de objetivo. Eles aprenderam isso agora. Também não se despreze os laços que criaram. Não que eles detestassem uns aos outros antes, mas eram algo mais parecido com conhecidos por conveniência. Não desprezemos o poder positivo de pertencer a um grupo saudável e o quanto objetivos ajudam a construir grupos assim.

Por fim, eles inspiram uns aos outros, e inspiram pessoas de fora também. A Hana decidiu entrar para a faculdade. Pessoas aleatórias começaram a aparecer querendo entrar para a equipe. Todo mundo ali de alguma forma se sente inspirado pelo Haiji e pelo Kakeru, e às vezes por outros deles também, de acordo com seus pontos fortes.

 

 

Os próprios gêmeos reconheceram que, ainda que não se sentissem convencidos, gostaram das palavras do Haiji. Elas foram inspiradoras mesmo. É o tipo de coisa que dá vontade de querer acreditar – não à toa, esse foi o conselho da Hana para os dois.

Qual é a resposta então? Por que correr?

O anime não dá essa reposta, nem o Haiji. Mas ele deixa claro que corre para descobrir porque correr. O Musa, noutra ocasião, falou algo literal mas que tem significado simbólico nesse contexto também: ele entendeu que ele tem que correr, que existe um percurso dele, que ninguém irá correr por ele.

Na vida, existe um percurso que é só seu. Só você irá chegar ao final dele, ao seu topo, mas para isso precisa continuar correndo.

Eu absolutamente não tenho forma física para correr, mas às vezes Kaze Fui quase me deixa com vontade. Sigo aqui com o meu percurso na vida, me esforçando e seguindo em frente no caminho que eu escolhi, e nos vemos de novo no próximo artigo!