Bom dia!

O protagonista do episódio da semana é Tahoumaru, o irmão mais novo do protagonista do anime, Hyakkimaru. Qualquer comparação entre os dois é necessariamente desequilibrada, então não estou certo se o anime realmente tentou fazer isso.

Acho que não. Ainda que existam paralelos.

Tahoumaru é privilegiado em comparação ao seu irmão, mas sofrimento é uma coisa muito pessoal.

 

 

Enquanto Hyakkimaru foi literalmente dado de comida para demônios, Tahoumaru foi criado para ser o herdeiro das terras de Daigo. Teve tudo do bom e do melhor. Nem vou começar a listar porque seria covardia: Hyakkimaru não tinha sequer o seu corpo.

E, mesmo assim, Tahoumaru sempre sentiu que faltava algo. Desde criança ele sente que, ainda que sua mãe o ame, ela tem mais alguma coisa na cabeça e não dedica-lhe todo o amor que ele anseia.

Daí que estivesse sempre tentando chamar atenção, sempre querendo ser elogiado, sendo até mesmo imprudente, como no episódio em que vimos ele ainda criança empoleirando em uma árvore alta.

Agora ele é apenas um adolescente, mas já tem habilidade e porte físico suficientes para o campo de batalha, então esse se tornou seu objetivo, mas seu pai se recusou repetidas vezes a enviá-lo para a guerra.

É seu único herdeiro, ele não pode arriscar. Se o inimigo soubesse que o filho de Daigo Kagemitsu está no campo de batalha não mediria esforços para capturá-lo. Seria a ruína para o domínio de Daigo.

Mas assim como Tahoumaru criança empoleirou na árvore, Tahoumaru adolescente quer ir para a guerra. Ele pode ser habilidoso, inteligente, bem preparado, mas ainda não tem maturidade para entender algumas coisas.

Tanto pior que ele tenha notado que seus pais guardam um segredo dele.

 

 

Ele conseguiu descobrir que se trata de “um bebê” que teria nascido um ano antes dele, mas não obteve mais nenhuma informação. Ao interpelar seu pai, levou uma bronca.

Esse é o primeiro momento em que o anime mostra como Tahoumaru ainda é essencialmente uma criança. Chateado com o pai, que ele tanto idolatra, foi se esconder no seu cantinho de chorar.

Seus servos pessoais, praticamente irmãos de criação, Mutsu e Hyogo, vão buscá-lo, como já fizeram tantas vezes – na maioria delas provavelmente por motivos semelhantes.

 

 

Depois de Mutsu e Hyogo, quem chegou foi o monstro da semana, um caranguejo-demônio chamado Bakemonogani (que eu tenho quase certeza que significa literalmente “caranguejo monstro”).

Não é um demônio especialmente astuto, como Bandai (o demônio disfarçado de mulher que devorava viajantes), ou poderoso, como Nokosaregumo (o demônio centopeia), mas é um que usa o terreno a seu favor, como era Arijigoku (o demônio besouro que vivia enterrado).

Isso forçou Tahoumaru a demonstrar toda a sua engenhosidade, não apenas seu poder. E que se note: ele é um guerreiro extremamente poderoso, principalmente considerando a idade.

E é também um estratego bastante engenhoso. O momento em que ele tem a ideia de construir os tanques foi o meu preferido do episódio: ele teve uma ideia muito inteligente enquanto precisava ser carregado nos ombros por Hyogo.

 

 

Já velho o bastante para estar no pleno gozo de suas faculdades mentais, e por virtude de sua criação, ele as têm em alto nível, mas ainda novo o bastante para que lhe faltem muitos centímetros de altura.

Assim, Tahoumaru se tornou um herói para seu povo se esforçando e se colocando na linha de frente do perigo para enfrentar um monstro que os samurais de seu pai haviam rejeitado e ridicularizado.

A vontade de Tahoumaru ajudar aquelas pessoas era genuína, ainda que provavelmente fruto do desejo de ser como ele acredita que é seu pai, usando como pretexto frases prontas que ele deve ter ouvido de seus professores sobre honra e a responsabilidade de um governante.

 

 

O garoto só conhece metade da história sobre a prosperidade do domínio de Daigo. Sabe que seu pai foi o responsável, sabe que antes dele nascer a terra estava arruinada e o povo morria de fome. O que ele não sabe é que Kagemitsu fez isso recrutando ajuda demoníaca – inclusive do Bakemonogani. Tampouco deve saber que seu pai fez isso para ter poder para ir à guerra, não pelo bem do povo que nesse episódio ele quis defender.

Mas pelo menos uma coisa é transparente e genuína na vida de Tahoumaru: o amor dele por Mutsu e Hyogo. Se recusou a seguir o plano muito mais simples de usar um deles como bomba-humana para destruir o caranguejo gigante e se esforçou para salvar Hyogo quando o caranguejo quase o engoliu.

Quem deu o golpe final no demônio, porém, não foi ele, mas sim um certo guerreiro cego e com lâminas no lugar dos braços que estava ali de passagem. Essa foi a circunstância em que os dois irmãos se encontraram pela primeira vez. E talvez seja a última em que suas espadas cortam o mesmo inimigo.

 

 

Estou muito curioso agora para ver como Daigo Kagemitsu vai reagir quando souber da morte de mais um dos 12 demônios e que Tahoumaru, seu filho, foi um dos responsáveis por isso.

Se ele simplesmente ficar bravo com o Tahoumaru, o moleque não irá entender nada. Se quiser dar-lhe uma bronca precisará explicar pelo menos parte da história. Se não fizer nada disso, conseguirá ocultar sua fúria?

Será que Tahoumaru viu o emblema de sua família, que Hyakkimaru carrega? Será que Hyakkimaru veio para perto de seu pai para ficar, ou estará só de passagem?

Até o próximo episódio!