Se você já está de saco cheio das adaptações que carregam o nome e a presença de Oda Nobunaga, se revolte. Agora caso seja um apreciador não só do personagem, como de toda a carga histórica que muitas dessas séries carregam, eis aqui uma candidata um tanto quanto diferente de todas as demais que já vimos antes.

O anime pretende contar o que teria sido a vida do protagonista quando mais jovem até os seus momentos de guerra mais a frente, porém sob um outro prisma – usando como narradora a bela e misteriosa Ikoma Kitsuno -, dando um melhor vislumbre de quem ele realmente era antes e a sua trajetória até se tornar o homem poderoso e implacável que estava destinado a ser.

Em sua estreia a história navega rapidamente entre dois momentos distintos, porém que se complementam de modo que o espectador já comece a entender a ideia e se insira na narrativa. Aquele que conhecemos como Nobunaga, já fora Kippouchi e era um garoto um tanto quanto inquieto e revolucionário.

Diferente do seu eu imponente retratado normalmente, em sua infância ele era mais impulsivo e menos ligado a certas convenções e responsabilidades. Certamente muito disso se deve ao apoio de seu irmão e a pressão exercida pela postura rígida de seus pais, principalmente a mãe. Kippouchi é alguém que não folga com as injustiças e falta de noção daqueles que lideram seu povo e isso se reflete na sua amizade com o trio de garotos pobres, os quais auxilia constantemente – como um Robin Hood.

Apesar de ir indiretamente contra os interesses de sua corte, o garoto tem uma ponte que o mantém em equilíbrio com esses dois mundos, o amigo e companheiro Katsusaburou. Dá para dizer que o papel do parceiro é bem ingrato, já que além de lidar com a integridade de seu mestre, ele ainda precisa se concentrar em ser uma cobertura e voz da razão.

Nessa primeira metade do episódio, acredito que o evento que mais chama atenção é de fato o encontro do protagonista com Ikoma, que causa uma forte impressão no garoto leia-se paixonite e já dá demonstrações de seu peso na jornada dele – informações essas que eu prefiro não comentar para já evitar mais spoilers.

Um personagem que me intrigou bastante nessa introdução foi o monge Takugen Oushou, sempre com uma expressão serenamente cínica e discursos duvidosos. Me pergunto se ele virá a representar algum perigo futuro a Nobunaga quando a família se dividir e as guerras internas começarem – como a sinopse já anuncia antecipadamente.

Indo mais adiante, a outra metade do episódio já se encarrega de mostrar o resultado das escolhas e ações de Kippouchi, trabalhando a forma como ele vai se moldando em consequência disso, iniciando esse processo com a prisão de seus amigos. Para além disso, é curioso notar a humanidade, inteligência e coragem do personagem ao enfrentar sua tensa família – mesmo como um adolescente imaturo -, reforçando ainda mais a extensão de sua mudança ao longo do tempo.

Ao final o anime nos dá alguns lances futuros e que direcionam o rumo que o enredo pretende tomar, acredito que talvez até acelerando um pouco mais as transições de idade de Nobunaga, para assim trabalhar um pouco melhor as relações pessoais e eventos que devem ser mais importantes no conjunto.

Bom, posso dizer que o anime tem potencial para chegar longe, mas isso só será possível se a história conseguir não só prender e ensinar – o que está fazendo -, como também empolgar. Apesar de achar que o saldo geral foi positivo, particularmente foi uma estreia que eu não soube o que sentir exatamente e que não conseguiu me causar impacto em nenhuma direção.

Penso que isso tenha acontecido talvez pela falta de um tom equilibrado no sentimento de cada cena, algo similar ao que senti assistindo os estranhos e recentes: Bakumatsu e Ken en Ken: Aoki Kagayaki – também do Studio Deen -, que tinham boas histórias em mãos, mas cuja direção parecia perdida em dar um rumo e passar a intensidade certa aos momentos, fosse nos mais leves e engraçados ou nos tensos e dramáticos.

Enfim, Kochouki: Wakaki Nobunaga está aí e promete bastante. Espero que nesse desenrolar a direção aqui consiga sanar esses detalhes sentimentais que citei para alavancar a série, porque além de ter ótimos personagens, em termos de arte, enredo e conteúdo, ela não fica devendo e sim merece uma chance.

Obrigado a quem leu o artigo e até a próxima!

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