Kimetsu no Yaiba – ep 16 – Uma morte tranquila
Não sou a favor de coisas como tortura ou pena de morte, muito pelo contrário, mas também não sou hipócrita, não lamento a morte de criminosos que cometem atrocidades sem igual.
Contudo, acho que mesmo o pior dos piores merece compaixão, o mínimo que for, e humanizar os onis através do olhar de Tanjiro, o protagonista da história, deve ser uma forma do autor externar que também pensa assim. Mesmo as piores pessoas merecem uma morte digna. É hora de Kimetsu no Yaiba no Anime 21!
Há apenas três pontos que quero comentar sobre a primeira metade do episódio e vou ignorar o Zenitsu porque dessa vez ele além de inútil me irritou um pouco.
Mas só para dar uma cutucada, imagine se ele tivesse lutado ao lado dos outros dois, pense no quanto o grupo ficaria mais recursado assim. Vai ser um desperdício se ele não passar a ajudar mais já nesse arco. Já está na hora!
Primeiro ponto, a ideia de uma família de onis já parece bizarra demais por si só, então faz todo sentido que seja disfuncional, que o pai seja violento com a mãe e os filhos achem isso normal.
E como a oni mãe dá a entender no fim, o pai é um dos doze Kizuki, então realmente se impõe devido ao poder que tem. Passa longe de ser uma apologia ao machismo, até porque a oni mãe é avessa à condição em que se encontra.
Segundo, a forma como a morte dos exterminadores foi tratada me pareceu um pouco abrupta em um primeiro momento, e eu esperava uma dramatização maior da situação.
Porém, se pensarmos que não havia tempo a perder ali me parece claro que o Tanjiro tomou a melhor atitude possível, focar no sucesso da missão sem se deixar tomar pela raiva.
Além de que, mortes horrorizam alguém que vê esse anime? Acredito que não, ainda mais a morte de figurantes que apareceram apenas minutos antes. Não dá para se importar mesmo.
O terceiro, e se duvidar mais importante, ponto para reflexão é como toda a situação acabou caindo no velho clichê dos protagonistas se destacarem mesmo que isso contrarie o aparente senso comum do mundo em que vivem.
Sim, foi isso, porque eles eram de patentes inferiores e mesmo assim mostraram ter mais força e inteligência que os outros exterminadores. Mudar o visual dá um upgrade assim tão grande?
Acho que não. Okay, dá para considerar os três prodígios, mas, ainda assim, isso apaga o fato de que os senpais deles foram praticamente inúteis? Não. Eu esperava maior equilíbrio nesse sentido e infelizmente não foi o que senti.
Mas isso também não é o fim do mundo, é só que o anime me condicionou a esperar um pouco mais e no final o episódio foi bem escrito, bem dirigido e muito bem animado, como sempre, mas básicão, até mesmo previsível.
Menos mal que a morte foi tratada com seriedade, não foi o caso de salvar todo mundo e redimir um vilão com palavras. Aliás, isso nunca deve acontecer em Kimetsu.
Enfim, a segunda parte do episódio teve uma luta muito bem animada e que explorou bem a interação entre Tanjiro e Inosuke. Por quê? Porque o javali selvagem começou a entender o companheiro melhor e a valorizar e corresponder às suas atitudes.
No caso de um personagem “casca grossa” como ele palavras bonitas não são necessárias, mas sim atitudes. Sua ação de lançar Tanjiro para cima da oni mãe foi mais um pequeno passo de Inosuke rumo à maturidade, a humanização do personagem animalesco.
Essa compreensão é algo que considero mais importante que uma luta, mas com certeza foi potencializada justamente pela situação de perigo a qual os dois estavam passando. Pelo visto javalis também conseguem ser sensíveis, né.
Por fim, nosso herói se vê de frente a oni mãe e a extermina. Aliás, a liberta da prisão a qual ela estava sendo submetida. E afirmo isso não só porque ele demonstrou compaixão e a ofereceu uma morte bonita e aparentemente indolor, ou com o mínimo de dor possível, mas porque conteve a cólera pela morte de seus companheiros e demonstrou compaixão.
Tanjiro sente raiva como qualquer ser humano, só que ele não ergue sua espada motivado pela raiva, mas sim para quebrar círculos de violência que parecem inquebráveis, ainda que ele mesmo tenha que apelar para a força.
Parece chover no molhado reforçar isso ao longo da trama e comentar isso aqui, mas acredito que a qualidade atribuída ao protagonista seja tão aprazível que acaba sendo sempre algo bacana de frisar. E por quê? Porque Tanjiro não é hipócrita como muito personagem pacifista de anime que tem um discurso antiviolência e corta um dobrado para não usá-la, mas sempre recorre a ela quando a coisa fica feia.
Ele entende que só vai conseguir evitar tragédias como a que se abateu sobre sua família se lutar por um mundo melhor ele mesmo e sabe bem o que precisa fazer para isso.
Ele não faz nada da boca para fora, não é nada superficial. Seu modo de viver é belo, assim como a quinta forma de sua respiração da água, que magistralmente animada e dirigida pelo estúdio Ufotable encerrou com chave de ouro outro belo episódio dessa bacana aventura.
Vamos ver como Tanjiro e sua turma lidarão com os outros onis, inclusive com o Kizuki. Será que os Hashira chegarão a tempo? Por essas e outras coisas a gente não perde por esperar.
Até a próxima!
#PrayforKyoAni