Vinland Saga – ep 4 – Um guerreiro de verdade
Bom dia!
Esse foi o fim do Thors! E o começo da minha cobertura de Vinland Saga.
O Kakeru escreveu as primeiras impressões e eu assumo agora. Mais ou menos como o Thorfinn tinha seu pai, Thors, como modelo, e agora vai passar a ter o Askeladd.
Thors lutou bravamente, mas sua morte já estava escrita nas estrelas. O trágico é que se ele estivesse sozinho provavelmente teria ou derrotado todo o bando do Askeladd ou seria derrotado apenas depois de infringir baixas pesadíssimas.
O Thors de Jomsborg, o Troll, talvez tivesse feito isso mesmo. Mas o Thors da Islândia pensa muito diferente.
No primeiro episódio descobrimos o que ele pensa sobre a liberdade e o altruísmo, quando ele explica para sua filha Ylva que comprar escravos é algo que “eles não fazem” e quando paga um preço alto pela liberdade de um homem que já está morrendo.
No segundo, descobrimos que ele também defende a igualdade quando explica para o filho Thorfinn que nenhum homem tem um inimigo.
O terceiro episódio mostra um vislumbre do passado do Thors, quando ele acredita que foi o momento em que começou a mudar: quando nasceu sua primeira filha.
E o que mudou que tornou o poderoso guerreiro em um defensor da liberdade e igualdade? Segundo ele conta, não foi nenhuma grande reflexão filosófica: ele apenas começou a ter medo de morrer. Por isso fugiu e nunca mais lutou.
O novo Thors, forçado a encarar o antigo Thors, teve então que se perguntar: ele não era forte? Ele não era um guerreiro? O que é ser um guerreiro de verdade?
Ele morreu sem encontrar a resposta. Thors acreditava que um guerreiro de verdade deveria ser capaz de viver e sustentar seus valores – liberdade e igualdade – sem precisar apelar para a espada.
Essa é uma resposta que na verdade a humanidade não encontrou até hoje. É como a resposta para qual é a moral definitiva. Ao longo dos milênios e dos séculos podemos tentar nos aproximar dessas respostas, mas parece que nunca chegaremos a elas, elusivas que são.
A jornada de Thorfinn provavelmente será uma para se aproximar da resposta que seu pai buscou nos últimos 15 anos de sua vida.
Por enquanto, porém, ele não poderia estar mais distante dela, cegado que está pela vingança. Será que Askeladd, o homem que matou seu pai, poderá ajudá-lo?
Que homem é Askeladd?
Sem dúvida alguém muito astuto. Mas é um mercenário. O que se pode esperar de um mercenário? Mesmo que, ainda que apenas por necessidade de roteiro, ele adquira uma personalidade mais nuançada adiante, nada muda que nesse primeiro arco ele foi, indubitavelmente, o vilão.
Ele era e é capaz de matar qualquer um. Ele foi derrotado por Thors e mesmo assim evitou aceitar a derrota até o fim, enquanto pensava em um ardil. A sorte finalmente lhe sorriu quando Bjorn despertou e capturou Thorfinn.
Ao mesmo tempo, ele não tinha obrigação nenhuma de cumprir sua parte do acordo no final, após a morte de Thors. Poderia sem esforço algum ter capturado todo mundo e vendido-os como escravos. Poderia ter capturado ou matado Thorfinn quando descobriu que ele o havia seguido.
Não fez nada disso. Deixou todo mundo viver.
Quem é Askeladd afinal? Essa resposta é muito importante porque ele será, para o bem ou para o mal, o modelo de Thorfinn pelos próximos anos. O protagonista precisará descobrir que tipo de pessoa é o assassino de seu pai e o que ele pode aprender com ele. Assim talvez ele se aproxime da resposta para a grande questão de seu pai: o que é um guerreiro de verdade?
Kondou-san
Que episódio bom, compensou as três semanas de espera.
O destino do Thors estava escrito nas estrelas, desde que ele abandonou a sua vida de guerreiro, ficou mais selado ainda quando o Floki o achou na Islândia.
Neste episódio, por irónico que pareça, o que matou o Thors não foi o seu lado pacifista e honrado, como se lê por ai, o que matou o Thors foi o facto de ele estar acompanhado, se ele estivesse sozinho, ele teria causado baixas pesadas no lado do Askeladd e talvez sobrevivesse.
Acho impossível sentir raiva do Askeladd, ele para um mercenário é bom demais, naquele momento que ele propõe que o Thors se tornasse líder do grupo dele, aquilo não foi brincadeira alguma, ai o Askeladd estava a testar o Thors e mesmo que não fosse, o Askeladd não gostou do Floki, entre o Floki e o Thors, o Thors seria uma escolha certa.
E não só isso, se o Askeladd, por muito ardiloso que seja, se ele não tivesse uma réstia de honra, ele nunca teria aceitado o duelo com o Thors, são coisas assim que tornam o personagem interessante. Durante o duelo fiquei meio surpreso, o Askeladd mesmo sendo um homem de meia idade, ele é ligeiro, o esforço que ele fez para enganar o Thors, exigiu muito do corpo dele, e ainda assim ele aguentava as investidas do Thors.
Durante o duelo teve duas coisas que me incomodaram, sendo a primeira a largura e espessura das espadas usadas, as espadas vikings não eram tão largas e espessas (ao menos acertaram nos sulcos das lâminas, fiquei feliz por isso). A outra coisa que me incomodou foi o local onde a espada do Thors quebrou, raramente a lâmina se quebrava na base da lâmina, o costume era quebrar no meio, ou então dobrar.
No desfecho do duelo, foi quando percebi que o Thors sempre soube que nunca escaparia com vida dali, deu para ver nos olhos dele. Foi triste quando ele acenou para o Askeladd e os arqueiros atiraram uma chuva de flechas para cima dele, foi uma cena emocionante. O Bjorn foi um grande covarde quando não soltou logo o Thorfinn quando o Thors foi atingido, foi necessário o Thors já ferido mortalmente pedir-lhe que o soltasse (deu para ver o medo nos olhos do Bjorn).
O formato da ponta das flechas foi muito bem feito, o Askeladd foi esperto, aquele tipo de ponta era perfeito para causar ferimentos mortais, só assim para matar um guerreiro épico como o Thors.
A despedida do Thors foi muito bem feita, quando o Thorfinn o abraça e o fundo fica branco, senti uma tristeza enorme.
Lá mais para a frente, quando o Leif Erikson entregar a cabeça do Thors ao chefe dos Jormvikings, espero que descubram que foi o Floki que mandou matar o Thors.
Antes de terminar, tenho que elogiar a seiyuu que deu voz ao Thorfinn na sua infância, aqueles gritos de ódio no final do episódio foram de arrepiar.
Agora que a jornada de vingança do Thorfinn começa e com ela ele comerá o pão que o Diabo amassou.
Se me permites, tenho que dizer que este teu artigo, foi o melhor que vi sobre o episódio 4 de Vinlad.
Como de costume, mais um excelente artigo Fábio.
Fábio "Mexicano" Godoy
Olá Kondou, tudo certinho?
O destino do Thors estava escrito no mangá 😂
Tem razão sobre a morte do Thors. Até onde eu sei, o conceito de morte martírica é algo que na Europa surge com o cristianismo, e os povos germânicos do norte ainda não se haviam convertido. Eles ainda acreditavam na honra da morte em batalha. Thors teria lutado até a última gota de sangue se não estivesse mais preocupado com a segurança de seu filho e dos demais. Ele já não era um viking normal (pelo menos o normal popular, que é o que o anime retrata, não o normal histórico), vimos em seu flashback que ele fugiu por ter passado a ter medo de morrer, mas isso não impediria de lutar. Se qualquer coisa, seria bem o contrário! Por medo de morrer, ele seria ainda mais violento e implacável.
E vimos a sua força, não é? Ele derrotou a todos, incluindo Bjorn em modo berserker e o Askeladd. Ninguém ali tinha chance contra ele. Nem todos juntos tinham chance contra ele. A única vantagem que eles tinham era os arqueiros no alto do fiorde, mas talvez nem isso fosse suficiente – bastaria ele pular na água, ou tomar escudos de seus atacantes para usá-los para se defender (ou mesmo seus corpos), enfim, se alguém era capaz de escapar dali vivo, era o Thors. E é por isso que eu acho muito leviano e mal pensado o que o Floki fez. Ou ele previu que o Thors morreria para proteger sua tripulação? Tenho dificuldade para acreditar nisso.
Nunca havia pensado por esse lado, mas tem razão sobre o Askeladd também: convidar o Thors para ser seu líder não foi um blefe. Trair Floki seria perigoso, mas se tivesse alguém como Thors ao seu lado então talvez tivesse alguma chance. Não sei se digo que o Askeladd é honrado, mas ele é honesto e razoável dentro de seu próprio código moral. Seu bando parece particularmente horrível porque contrastado com a rigidez dos jomsvikings e com a moral inabalável do Thors, mas a verdade é que os vikings foram mesmo piratas e saqueadores. Como o bando do Askeladd.
Quanto ao resto, sobre a retratação de itens militares você sabe mais do que eu então só posso aceitar, e com as outras coisas não tenho o que acrescentar, simplesmente concordo, principalmente sobre a dubladora do Thorfinn.
Obrigado pela visita e pelo comentário! 🙂