Natsunagu! – Não sei onde fica, mas é para lá que eu vou – Primeiras impressões
Olha eu de novo trazendo mais um dos curtas da temporada. Dessa vez trago um com uma atmosfera diferente dos demais e que promete ser tão bom, quanto qualquer outro que se utilize de mais tempo. É Natsunagu fazendo sua estreia no Anime21!
Essa obra já chama atenção por propor um drama misturado ao cotidiano, o que relativamente incomum no mundo dos curtas – e que ainda não se mostrou -, mas acredito que uma das forças que embasa seu enredo é o cenário que a envolve.
Toda a produção é feita pelo governo local da cidade de Kumamoto no Japão – inclusive os dubladores são de lá -, cidade essa que passou uma catástrofe ao ser atingida por terremotos de alta magnitude consecutivos, no ano de 2016. Mesmo depois de passados esses anos, a cidade ainda carrega suas cicatrizes e o anime pretende envolver esse fato dentro de sua história.
Logo em sua introdução, somos apresentados a Natsuna, uma garota de Tokyo comum que tem suas atividades universitárias e amizades normais, mas guarda um carinho especial por uma amiga virtual de jogo, a Itsuki.
Achei interessante a forma como o anime introduziu a problemática, pois primeiro lançou a informação sobre o ocorrido em Kumamoto, já despertando a mente da protagonista e em seguida fez com que ela perdesse o contato com a amiga graças ao jogo. Isso a força a sair de sua zona de conforto e jogar tudo para o alto em nome dessa forte ligação.
É bizarro que depois de tanto tempo juntas virtualmente, as duas nunca tenham trocado nenhuma informação relevante, mesmo que fosse o telefone – eu já fiz isso com vários que encontrei nos meus tempos de MMORPG. Fica meio subentendido que ela deu o endereço, mas que sentido isso faz se o dado mor não é passado? As pessoas se mudam, endereço não é nada, Natsuna cadê o email ou LINE pelo menos?
Entendo que mesmo no ambiente virtual precisa existir um limite de segurança e acho que isso é necessário ser reforçado sempre, até porque não se passa suas informações para qualquer um. Então, partindo do princípio de que ela foi prudente, essa decisão faz sentido, mas aí já que elas são tão carne e unha, amigas confiáveis, isso fica estranho.
Enfim, se tivessem feito as coisas de um jeito mais normal, certamente o sufoco que ela vai passar agora para encontrá-la seria evitado, mas acho que isso para além de alongar a história, tem como objetivo mostrar o que o povo de Kumamoto quer passar com a experiência vivida e suas marcas.
Como nem a própria Natsuna sabe para onde vai, penso que a história vai se utilizar dos mais diversos moradores – já começando pela espaçosa velhinha divertida – e cenários de simplicidade, reconstrução, para ir trabalhando essa realidade local e a eventual mudança na mente da personagem, em consequência da sua busca.
Encontrar a Itsuki é o objetivo maior e final, mas o anime parece propor algo muito maior para ela no caminho, e talvez até mesmo para a outra, que vive essa situação de pós sobrevivência. Só lamento mais uma vez o curto período, já que uns dois minutinhos a mais seriam muito bem vindos aqui, principalmente pela profunidade que a história sugere.
Deixo aqui minha satisfação com essa boa estreia e a sua intenção, gostei da protagonista por ser uma universitária pela proatividade, e acrescento a isso que a animação é bem singela, mas agradável de se ver e casa bem com todo o conjunto.
Acredito que essa série tem tudo para ser um sucesso, a ambientação e estrutura do enredo apontam para essa possibilidade. Tá aí mais um bom candidato rapidinho da temporada pessoal!