Zombieland Saga Revenge – ep 3 e 4 – A escolha da Ai
Bom dia!
O que que a Junko vai fazer? O que que a Junko pode fazer? De repente toda a responsabilidade pelo sucesso ou fracasso de um grande show pesa nas costas dela e a pobre menina zumbi está morrendo de preocupação.
Um show em estádio? Abrindo para o Iron Frill? E sem a Ai?
E a Ai ainda por cima é recrutada pela líder do Iron Frill???
A Junko e a Ai são as duas únicas idols experientes do Franchouchou, e o normal é que as duas guiem as demais. O Koutarou não tem dinheiro para contratar professores de canto e dança para elas, afinal. E mesmo se tivesse, elas são zumbis!
Mas as duas são de épocas bastante diferentes. A Junko era uma idol no começo dos anos 1980, enquanto a Ai era idol nos anos 2000. O cenário mudou bastante nos quase 30 anos que as separam, e hoje a indústria é dominada por grupos, como os da Ai.
Com efeito, o grupo mais popular é o Iron Frill, exatamente o grupo ao qual a Ai pertencia quando viva, do qual foi líder e o qual ajudou a alçar ao topo desse pilar da indústria do entretenimento.
A Junko foi a melhor de sua época. Uma idol solo, com coreografias menos sofisticadas que as atuais. A Ai também foi a melhor de sua época. E essa ainda é a época da Ai. A crise de auto-confiança da Junko é compreensível.
Ela chega até mesmo a acreditar que, se a Ai tivesse vivido em sua época, teria sido mais famosa do que ela, o que ela não tem como saber, não significa nada e revela que está ficando paranoica com a pressão que está sofrendo.
Mas não deixo de ficar curioso me perguntando se a Ai também teria esse tipo de insegurança quanto à Junko, se pressionada de forma similar também teria achado que a colega veterana teria mais sucesso do que ela se tivesse vivido nos anos 2000.
De seu lado, a Ai estava sim preocupada com o Franchouchou, mas estava fazendo a sua parte conforme dirigida pelo Koutarou e cuidando apenas de seus trabalhos. Ela confiou de verdade na Junko.
Ficou surpresa com o convite para integrar o Iron Frill, e aposto que ficou feliz. Ora, ela ainda hoje acompanha seu ex-grupo, as considera as melhores, então ser convidada para retornar é mais do que apenas o sentimentalismo de ser a banda que ela ajudou a construir, mas também reconhecimento pelo trabalho que vem fazendo.
Mas nunca considerou ir para o Iron Frill, e não foi só pela ofensa ao Franchouchou.
Ora, ela é uma zumbi, como poderia?
Não que pensar nisso pudesse acalmar a Junko. Na verdade, só a deixava mais nervosa: se a Ai pudesse sair ela teria uma resposta. Se a Ai saísse, é porque concorda que o Franchouchou é inferior. Se ficasse, discorda, e portanto aprova o trabalho da Junko. Como a Ai não pode sair…
Restou a Junko perguntar. Mas ela perguntou de forma indireta, de modo que não havia resposta certa para a Ai, que então não respondeu e ao invés preferiu focar no que era importante. Então a Junko entrou em pânico.
Coube ao Koutarou colocar a Junko de volta nos trilhos:
A Junko estava tentando fugir.
A Junko estava com medo de fracassar de novo em um show importante, e ao invés de encarar esse medo de frente estava desistindo com a desculpa de que sem a Ai seria impossível.
Mas por que seria impossível? Ora, pelo motivo óbvio: o Franchouchou é inferior ao Iron Frill em qualquer aspecto que se analise.
Seguindo esse raciocínio de auto-justificativa derrotista, a Ai, ex-membra do Iron Frill, não mereceria essa mácula. Ela estaria melhor se pudesse mesmo voltar.
Além de expor que a Junko estava fugindo, o que provavelmente nem ela havia percebido, o Koutarou disse outra coisa óbvia: se o Franchouchou não é bom o bastante para a Ai, basta que passe a ser. E isso, agora, estava nas mãos dela.
O discurso do Koutarou teve efeito e a Junko deu um jeito de bolar um show de última hora.
As demais garotas já vinham dizendo isso, mas se queriam vencer um grupo com superioridade técnica (ou, o que ninguém falou mas certamente pensaram, pelo menos não pagar mico) precisavam no mínimo causar impacto. E impacto elas causaram.
A primeira música foi um heavy metal que ignorou a galhofa que as garotas vinham treinando com vassouras e maracas mas aproveitou a recém-descoberta proficiência da Tae na percussão. A voz profunda e bem treinada da Junko, mais sua habilidade nas cordas da guitarra elétrica, tornaram a apresentação um sucesso.
Após conquistar o público com a primeira música a Junko finalmente conseguiu relaxar, e convidou a Ai para o palco.
A corrida da Ai foi simbólica: não foi apenas a única membra fora do show por decisão do produtor se juntando às colegas. O chamado da Junko foi um espelho do convite que ela recebeu do Iron Frill, então ao respondê-lo daquela forma ela disse sim para a Junko e o Franchouchou.
Na segunda música usaram sua vantagem única de serem zumbis para eletrificar os próprios corpos, brilhando e produzindo efeitos visuais no palco. De novo conseguiram causar impacto.
Ah, e não posso deixar de comentar a fantasia do Franchouchou para esse show, com um colete preto com listras brancas aludindo à costelas, fazendo-as parecer esqueletos. Foi uma escolha sensacional.
No final, provavelmente o show do Iron Frill, que não foi mostrado, acabou sendo melhor avaliado, mas isso era o esperado desde o começo. O importante foi que o Franchouchou conseguiu cativar o público mesmo assim, e que a líder do Iron Frill entendeu que aquele era o lugar que a Ai escolheu.
E ela acabaria apontando o Franchouchou como suas principais rivais em entrevista para a televisão, surpreendendo as idols zumbis.