[sc:review nota=4]

Mas o anime deu certo. Depois do último episódio eu estava preocupado que Kiseijuu fosse virar uma história de ação bem clichê, mas não foi o que aconteceu. Certamente não faltou ação no episódio, mas o anime ainda não é sobre ação, mas sim sobre seus personagens e como eles se desenvolvem e reagem ao que acontece ao redor deles. Os parasitas da prefeitura não são um grupo homogêneo, o Shinichi não vai ser atacado por parasitas cada vez mais fortes, o detetive ainda tem muito o que contribuir com a história, entre várias outras coisas. Aliás, se teve um problema nesse episódio, foi ter coberto coisas demais. Mas suponho que as vezes isso seja inevitável.

Reviravolta na luta do Shinichi: o parasita que o enfrentava não era um novo aleatório qualquer, mas o mais poderoso lutador que já havia aparecido entre os parasitas. Outra: ele não é composto por três parasitas, mas por cinco, sendo que dois deles são capazes de controlar os demais. Um deles é o Miki, que havia aparecido no episódio anterior e que foi derrotado com certa facilidade nesse, quando o outro até agora sem nome assumiu o controle. A diferença entre eles está no nível de controle sobre o corpo que conseguem ter: enquanto Miki consegue com muita dificuldade controlar três parasitas (contando consigo próprio), o que suponho deva render os outros dois inúteis, o Fortão (vou chamá-lo assim até ele ganhar um nome) consegue controlar os cinco perfeitamente, de forma que para outros parasitas sequer é perceptível que há cinco em um só corpo. E com controle perfeito ele é capaz de façanhas físicas incríveis, além de metamorfoses úteis. Só um pouco de memória, creio que quem matou todos aqueles yakuzas foi o Miki, ele tinha o mesmo rosto sorridente e estava testando seu poder. Já o Fortão é aquele que tocava piano de cueca e que disse que tudo bem o Miki tentar derrotar o Shinichi. Ele estava se referindo, de certa forma, a si mesmo.

Bom, enfim, Shinichi não tem chance alguma contra Fortão, ele é, como o apelido que eu dei sugere, muito forte. Ele consegue fugir porque é o protagonista e porque o Migi pensou rápido. Não duvidaria se o Fortão fosse quem mantivesse a gangue de parasitas da prefeitura unida, usando para isso, como não poderia deixar de ser, a força. Aliás, sei que isso já é assunto velho mas não vi ninguém apontar em blogs ou sites ou redes sociais: nada sutil colocar um bando de criminosos controlando uma prefeitura, hein? Com a fachada de competentes e preocupados com a coletividade, eles na verdade só queriam se aboletar no poder para garantir maior segurança a seus próprios objetivos escusos. Enfim. E a Tamura? Ela está genuinamente curiosa com a humanidade e a sociedade humana, sem ceder em sua convicção de que parasitas são superiores e devem pensar em pessoas como gado. Mas isso é um tipo de pensamento sofisticado demais para a maioria dos demais ghouls, inclusive os da prefeitura, e três deles armam uma emboscada para ela. Será que ela se salva? E o bebê, caso algo aconteça a ela? Será que essa traição fará ela mudar de lado? Acho que ela nunca defenderia a humanidade, mas poderia ser uma aliada objetiva contra esse grupo específico de ghouls.

Pelo menos isso (ainda?) não é problema do Shinichi, porque ele já tem problemas demais. Abandonou a escola mais uma vez, e ao saber da notícia do ataque à família do detetive mandou que seu próprio pai se escondesse. Em certo momento do episódio, depois que tudo isso já havia acontecido, a Murano foi à casa do Shinichi e eu fiquei preocupado de verdade que ela fosse vista por um ghoul, mas parece que Shinichi ainda não está pronto para defender Murano contra toda uma organização então não foi agora que ela foi capturada ainda. Mas tenho certeza que em algum momento ela será. O detetive Kuramori, caso não se mate tentando se vingar da Tamura pela morte de sua própria família talvez revele o segredo do Shinichi para a polícia, e isso pode complicar bastante as coisas para quem já é para todos os efeitos um fugitivo. E não sei o que pensar da morte da família do Kuramori. Em termos narrativos, quero dizer. Não sei se era necessária. Ficou uma sensação de que tinha sido apenas gratuito. Eu sei que foi para fazer ele enlouquecer e tal, mas os personagens não precisavam ter sido apresentados antes para isso. Se o anime tivesse apenas dito que a família dele morreu, sem que ela nunca tivesse aparecido, já seria o suficiente para eu entender a dor dele. Por outro lado, isso é uma obra de horror, então é razoável que não queiram que eu apenas entenda, mas que eu sinta essa dor. Sim, foi doloroso saber que a garotinha que nem tinha mostrado o rosto no anime morreu de forma tão perversa e sem sentido.

Se em outros momentos Shinichi tinha o luxo de poder decidir o que fazer, agora ele não tem mais. As coisas estão acontecendo, estão completamente fora do controle dele e não obstante ele está envolvido até a alma. Agora não se trata mais de o que fazer, mas de como reagir. Como ele pode reagir? Por enquanto ele está fugindo, mas até quando ele pode fugir? A primeira e óbvia limitação a isso já apareceu: como humano ele precisa de dinheiro. É impensável que ele vá morar com o pai onde quer que ele tenha se escondido pois isso iria expô-lo a risco de novo. Ele não irá ao encontro do pai nem ao encontro de ninguém que ele conheça e confie. Talvez alguém encontre ele. Talvez seja a polícia, talvez seja a Tamura. De qualquer jeito ele não está em condições de exigir nada, só o que poderá fazer será lutar contra quem quer que venha contra ele e aceitar toda a ajuda de quem quer que venha até ele. Esse episódio me fez voltar a ficar ansioso pelo próximo.

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