[sc:review nota=5]

 

 

Pelo visto, tanto eu quanto o Izaya acertamos! Era brincadeira a pergunta sobre a cabeça da Celty no artigo anterior, mas depois de muito tempo esquecida ela voltou a ser motivo de disputa. E por quem? Pessoas comuns. Pois é, aquelas que acabam em segundo plano no meio de tantos acontecimentos e seres extraordinários que tomam conta de Ikebukuro, mas que na real são o real motivo de a história existir e se movimentar. E só pra provar isso direitinho, resolveram trazer à tona mais uma vez aquele que eu considero um dos relacionamentos mais bizarros do anime: o triângulo amoroso Namie-Seiji-Mika.

Que a Namie é louca, todo mundo sabe. Só o fato de trabalhar para o Izaya já é um sério atestado de sanidade mental, mas aí a gente lembra que ela é diretamente responsável pela cirurgia plástica sofrida pela Mika para se tornar idêntica à Celty, pela qual seu irmão era (e ainda é) encantado. Ela fez isso pela felicidade dele, supostamente, mas as desculpas esfarrapadas da Namie pra deixar o casal em paz eram uma granada que explodiria mais dia menos dia. Ela até que aguentou bem, mais de um ano, mas curiosamente a puxada do pino só rolou porque ela soube através de suas fiéis detetives particulares Mairu e Kururi que ele já chama a sua cunhadinha pelo primeiro nome. Ok, veteranos na arte do entretenimento japonês já sabem de cor que isso significa um alto nível de intimidade, mas na real, era só a desculpa que ela precisava pra colocar seu lado psicopata pra fora mais uma vez. Bendito seja sua armadilha, Yodogiri, não seri como ela arquitetaria sua “vingança” improvisada se não estivesse temporariamente de folga.

 

O envolvimento dela com os Orihara nunca deixa de me surpreender.

O envolvimento dela com os Orihara nunca deixa de me surpreender.

 

O raciocínio dela é simples: atrair Mika com promessas sobre dar-lhe a tão cobiçada cabeça, mas aproveitar a chance para alterar sua fisionomia novamente – desta vez, à força. Até contatou Shinra pra fazer tudo do jeito mais “certo” possível, mas com ele ocupado demais em suas férias com sua namorada bizarra que adora provar roupas feitichistas, ela precisou apressar seus planos. No começo parece funcionar muito bem, só que a morena esquece que a sua pequena stalker e rival no amor, guess what, também não bate muito bem! As duas têm em comum uma obsessão pelo Seiji, mas enquanto Name se afastou de seu irmãozinho para o bem dele, Mika fez o completo oposto e usou seus dons de stalker para saber tudo, e eu reitero isso, TUDO o que acontecia no distrito. Ela sabe quem é cada nickname no chat que os protagonistas usam. Ela sabe sobre os Dollars, os Lenços Amarelos e a Saika. Ela sabe sobre o incidente com a máfia russa com detalhes assombrosos para alguém que não tem qualquer conexão com a história. Ela sabe dos segredos da cidade tão bem quanto nós que estamos assistindo por fora, tudo isso usando seus super poderes primários: stalker level ultimate e obssessive-compulsive love. A revelação foi o bastante pra desestruturar Namie, mas quem  deu o golpe final foi Seiji que descobriu onde as duas estavam e impediu uma tragédia. Agora calminha, que precisamos dar uma de chefs de cozinha modernos e desconstruir o incidente:

 

Keep your panties on, Namie-san.

Keep your panties on, Namie-san.

 

Namie: louca pelo irmão a ponto de pagar horrores só pra saber de seu dia a dia, deu a ele uma versão viva e pulsante daquilo que ele mais gostava no mundo, mas aí se arrependeu e agora quer acabar com o que ela mesma começou. Por bem ou por mal. Ah, e beijou sua rival só tirar dela o gosto de seu irmão e amado.

Mika: submeteu-se a um procedimento estético que é tabu no Japão na tentativa de se tornar a pessoa perfeita pro homem que ela cobiçava, plantou escutas por todo o distrito a ponto de ser mais bem informada do que pessoas do submundo só pra mantê-lo em segurança, sendo inclusive capaz de arrombar os apartamentos de Izaya. Seu desejo atual é devorar a cabeça da Celty para tornar-se uma com ela, para que Seiji a ame mais ao mesmo tempo em que sua concorrência diminui.

Seiji: mesmo descobrindo tudo isso das duas, não se abalou nem um pouco. Nada. Nadica. Nem um arrepiozinho. Inclusive beijou – indiretamente – a própria irmã na frente da namorada como forma de punição (claro que teve o efeito oposto) e levou a garota embora com uma simples advertência infantil de “não coma a cabeça ou eu fico de mal”. Ele é uma das maiores incógnitas do anime inteiro, já que é impossível saber o que se passa em sua mente. Ele se importa com a irmã ou realmente seus sentimentos por ela são semelhantes ao das gêmeas por seu irmãozinho? E Mika, até onde seu amor por ela é real? Prestando um pouco mais de atenção nota-se que ele já estava há um tempo no depósito, mas só interviu quando a namorada iria ser desfigurada. A impressão que fica é que nem mesmo ele sabe se ainda gostaria dela caso ela perdesse o rosto, mesmo após um ano de namoro. Ele se apega desesperadamente a uma imagem e, na falta da real, se agarra a um paliativo mesmo. Mika é sua chupeta, o que é bom e ruim ao mesmo tempo. Bom porque mantém sua obsessão controlada. Ruim porque ela pode perder seu efeito um dia, seja quando ele conseguir o que realmente quer, seja quando ele precisar de uma droga mais forte.

Os três são compulsivos e fixados em um único objetivo e são, por mais que Namie e Mika neguem até a morte, extremamente parecidos. Não é a toa que se atraem tanto, e não vai ser um simples e bobo incidente que poderia ter acabado em morte que os fará desistir. Deixa o patrãozinho saber do que rolou quando ele estava de cama, ah, ele suspirará de prazer só de imaginar do que seus amados humanos são capazes de fazer movidos por amor. Ou ódio.

 

E foi assim que os três se tornaram oficialmente um casal triplo... Quê, um foi isso não? Pena, assim teria sido mais simples e divertido.

E foi assim que os três se tornaram oficialmente um casal triplo… Quê, um foi isso não? Pena, assim teria sido mais simples e divertido.

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