Hidan no Aria AA, Perfect Insider, Shomin Sample – Primeiras impressões
O mundo gira, o pião roda, as flores florescem, os peixes peixam e o Anime21 faz a maior cobertura em lingua portuguesa das estreias de animes de outubro de 2015 nesse planeta! Com esse artigo chegamos a 21 (vinte e um!) animes cobertos pelos nossos artigos de primeiras impressões. Relembre se já leu e leia se ainda não leu os artigos anteriores:
- Young Black Jack, Lance N’ Masques e Heavy Object
- Gundam: Iron-blooded Orphans, One Punch Man e Utawarerumono
- Comet Lucifer, High School Star Musical e Rakudai Kishi no Cavalry
- Concrete Revolutio, Shingeki! Kyojin Chuugakkou e Kagewani
- Dance with Devils, Sakurako-san no Ashimoto e Tantei Team KZ Jiken Note
- Lupin III
- Noragami Aragoto e Haikyuu!! 2
E como costume nos meus artigos, misturo nesse três animes que combinam tanto quanto pantufas e maiô: Hidan no Aria AA, Perfect Insider e Shomin Sample. Eu assisti o primeiro episódio de cada um deles para te poupar o trabalho de precisar fazer isso caso esteja imaginando se deveria assistir ou não. E recomendo que leia mesmo se já estiver com convicção formada: vai que mude de ideia?
Hidan no Aria AA, episódio 1 – Alternativa para Garotas Mágicas
Eu nunca havia assistido nenhum anime da franquia antes. Tudo o que eu sabia é que havia uma garota chamada Aria que dá tiros e prende malfeitores. E mesmo isso eu descobri recentemente: não faz muito tempo eu achava que essa Aria é aquela daquela outra franquia de slice of lifes que eu tentei assistir uma vez mas não consegui passar do primeiro episódio. Então eu sabia que havia uma girl with gun com já alguns animes antes desse e … e só isso. A sacada é que dessa vez parece que a protagonista seria outra, uma garota nova, ainda aprendiz e inexperiente, que gostaria de ser como a Aria – na verdade a admiração que ela tem pela Aria é tão grande que provavelmente serve de combustível pra muitos fetichistas por aí. Mas é aí que está (não, eu não sou um fetichista – bem, não foi por isso que resolvi assistir pelo menos): se haveria uma protagonista nova em uma série já longa, provavelmente essa era a minha melhor chance para pular nesse bonde em movimento e sentar na janela sem nem saber de onde ele veio ou para onde ele vai.
Minha imagem mental do gênero girl with gun é a Revvy, de Black Lagoon. Eu já sabia que a Aria era o oposto da Revvy, no sentido em que ela luta pela lei, e não contra ela (não que haja algo que possa ser realmente chamado de “lei” em Roanapur, mas isso é outro caso de outro anime), e ao invés de uma adolescente colegial a Revvy é uma mulher adulta lá pelos seus vinte e tantos anos. Mesmo assim por algum motivo eu esperava inconscientemente que Hidan no Aria fosse de alguma forma um anime do gênero girls with guns ou algum gênero que permita uma personagem desse arquétipo como protagonista. É claro que não é, e eu mesmo já sabia disso, só precisava confirmar com meus próprios olhos. Hidan no Aria AA é um o quê então?
Com suas garotinhas falando com vozes irritantes que supostamente imitam adolescentes em um cenário escolar, mas com um submundo de crimes e vilões para combater, fica um pouco difícil encaixar esse anime em um gênero conhecido. O tema crescimento pessoal de garotas adolescentes passando por uma fase de transição em suas vidas onde começam a ter que resolver problemas do mundo real (quando esses problemas são metaforicamente representados por algo que garotas reais jamais terão que enfrentar) por conta própria e só podem contar com as amizades que fazem para seguir em frente é terrivelmente parecido com o gênero garotas mágicas. Sim, é sobre isso que a maioria dos animes do gênero trata, pense a respeito. Ao invés de monstros sobrenaturais ou de outro mundo, em Hidan no Aria AA elas enfrentam criminosos comuns, e ao invés de magia elas usam armas. Funciona bem, o clima é o mesmo, e a mudança completa de cenário pode servir como um ar fresco para quem um dia já gostou de garotas mágicas mas anda meio enjoado do gênero.
E também como garotas mágicas, Hidan no Aria AA atende a dois públicos: garotas adolescentes, seu público primário e para o qual o anime é realmente feito (em teoria), que se identificam emocionalmente com as personagens, e marmanjos tarados, o público secundário que compra brinquedos e travesseiros de abraçar e se identificam … deixa pra lá. A animação não é lá essas coisas e as cenas de ação também não são grande coisa, mas a protagonista parece ter uma história com potencial apesar da personalidade clichê.
Perfect Insider, episódio 1 – Eu gostei dos cabelos curtos
A atmosfera desse episódio foi pesada. Nada aconteceu ainda, e nem sei o que vai acontecer, só posso especular que algo muito ruim esteja para acontecer na viagem de férias de um grupo de estudantes da faculdade. Relações não descritas e que eu ainda não entendi muito bem entre três personagens chave no anime colocaram essa história em movimento.
A primeira é a Dra. Shiki Magata, que desde os cinco anos de idade se debruçava sobre questões existenciais, aos onze começou seu projeto de engenharia (qualquer que seja; não é descrito) e aos quatorze matou os pais (mas ela jura que foi uma boneca). Me pergunto se o uso da palavra “engenharia” foi um erro de tradução ou é excesso de liberdade criativa de quem escreveu essa história, pois nada nesse episódio e muito menos no comportamento da Dra. Magata pareceu sequer remotamente semelhante à lógica mecânica que é normalmente o retrato dessa ciência na cultura popular. Mas não vou pensar muito sobre isso por enquanto. O segundo personagem é o Dr. Souhei Saikawa, que faz o papel de pesquisador mais preocupado com seus pensamentos do que com outras pessoas, obcecado com alguma coisa e frustrado por não ser ouvido pelos superiores ou por pessoas de fora da academia. A terceira é provavelmente a protagonista, Moe Nishinosono, aluna do Dr. Saikawa e não muito secretamente apaixonada por ele.
São os sentimentos de Moe que, junto com sua posição (ela é rica, filha de um ex-reitor da faculdade, sobrinha de políticos, todo mundo conhece alguém assim na família), se destacam nesse ambiente e provavelmente já estão preparando o terreno para qualquer desgraça que esteja a ponto de acontecer. Às vezes seu ciúme extrapola os limites do bom senso ou mesmo da verossimilhança, mas eu entendo que ela seja o elemento estranho nesse ambiente acadêmico-existencial e justamente por isso ela se destaque tanto. Para fechar o ciclo, a então pequena Shiki Magata chegou a ficar sob os cuidados do pai de Moe, estabelecendo aí mais conexões entre os personagens que com certeza serão de vital importância no enredo do anime. A assassina, reclusa, gênia, pesquisadora, demônio existencial Dra. Magata irá receber toda uma turma em sua ilha em viagem de acampamento de férias. O Dr. Souhei diz que ela recentemente começou a se interessar por pessoas. Pense em quantas coisas podem dar errado.
Shomin Sample, episódio 1 – Fetiche por músculos
O começo do episódio é exatamente como contou a sinopse: Kimito Kagurazaka é sequestrado por um grupo de mercenários musculosos (e que gostam muito de exibir constantemente tais músculos) e jogado na entrada do Colégio Feminino Seikain, onde ele já foi matriculado à sua revelia e irá servir de “amostra de plebeu” para as dezenas de garotas que ali estudam, todas filhas de famílias riquíssimas (o Japão tem muito mais famílias podres de ricas do que eu imaginava, deduzo da quantidade absurda de alunas nessa escola) que estudam ali isoladas do mundo, sem saber sequer o que é um telefone celular, muito menos o que são relacionamentos humanos – e isso é bem ruim depois delas se formarem.
Kimito foi escolhido pois é absolutamente normal e mediano em tudo, sendo assim um perfeito exemplar da plebe. Entre tantos outros, contudo, ele foi escolhido pela única coisa que lhe faz especial: ele é gay e só se excita com homens super-musculosos, não quer nem saber de garotas colegiais com hormônios em ebulição. Ou foi isso que sua amiga contou para a equipe que o investigou e agora ele vai ter que viver de acordo com essa mentira se não quiser ser castrado (ele não pode ser devolvido à sociedade normal afinal a própria existência do Colégio Seikain é um segredo). Kimito subitamente descobre sua paixão até então oculta por músculos. Isso poderia ser uma piada muito boa, mas é apenas mediana, e estou sendo bondoso.
As garotas genéricas são a realização genérica do arquétipo genérico de colegial rica e alienada, deslumbrada com o mundano. As haremetes do protagonista hão de ter algo a mais mas não devem fugir dos clichês. Pelo que aparece na abertura, uma é uma garota de cabelo preto que treina com espadas, outra é uma isolada social de cabelo azul que está sempre escrevendo algo (fazendo contas?) no chão, outra delas, que já apareceu mas não foi muito desenvolvida ainda é a representante de classe loira da sala do Kimito. A primeira a ser apresentada foi a mais interessante e deve ser a principal, uma garota com cabelos laranja que é rápida para acreditar e fazer qualquer coisa mas tem um medo enorme de fracassar socialmente, de ser uma piada entre seus pares, e por isso se isola embora queira desesperadamente ter amigas. Claro que Kimito já começou a ajudá-la a superar seus medos e ela termina o episódio muito mais confiante do que começou.
Como eu esperava, não tem uma história profunda. Mas também não tem um humor muito competente, e por isso eu estava esperando desesperadamente (essa temporada está ridiculamente fraca em comédia). De todo modo continuarei assistindo. Uma temporada não está completa sem um harém, está? E eu gostei da Aika, a garota maluca de cabelos laranja.
Firewall
Eu aqui! Não comentei nos outros porque não tinha assistido nem um… Então quando eu tiver um tempo pra assiti-los eu comento.
Vou comentar nesse porque eu assisti Shomin Sample, e eu achei que foi cliche em cima de cliche, na verdade eu só assisti por causa da parte que disseram que ele finge ser gay, achei que daria uma comédia boa (concordo com você, faltam comédias nessa temporada), até agora foi mediana, teve uns exageros que eu não gostei, como as garotas da escola chique lá, claro que podem haver pessoas alienadas como elas, mas certamente os pais de todas as garotas ricas do Japão não são idiotas a ponto de não pensarem que se isolarem as filhas deles e as privarem de contato social real elas certamente crescerão despreparadas para o mundo. Mas não posso esperar muito, afinal é ficção (não que ficção não possa existir com um certo grau de verossimilhanca com a realidade).
Mas bem, até!
Fábio "Mexicano" Godoy
Olá =)
O cenário é todo estúpido. Se o timing da comédia fosse melhor e ele fizesse rir de verdade a gente perdoaria tudo isso. Li por aí que o mangá – que também é uma adaptação, o original é light novel – é muito melhor nesse sentido.