Quando eu estudava publicidade na USP (um dos cursos que eu não concluí) eu costumava frequentar uma balada anual da FAU (a Faculdade de Arquitetura) chamada “Festa do Equador”. Por que eu da publicidade ia para uma festa da arquitetura? Se você está mesmo fazendo essa pergunta a sério você não sabe o que é vida universitária. Além disso na época estudava lá um dos meus melhores amigos, condição que ele mantém até hoje. Não a de estudante, mas a de um dos meus melhores amigos, embora não sejamos mais tão próximos. Isso é culpa minha, hoje em dia não sou lá muito próximo de ninguém.

Então isso nunca esteve em questão. A dúvida que eu tinha na época mas nunca me dei ao trabalho de descobrir era outra: por que raios aquilo se chamava Festa do Equador? Graças a esse episódio de Haifuri eu descobri: estavam celebrando o dia do ano em que a Faculdade de Arquitetura da USP navega através da Linha do Equador.

Me tornei blogueiro de anime!

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“Ai qual é um episódio bobo desses no meio do meu anime moelitar sério, justo quando elas deveriam estar lutando contra o Musashi?” – Pergunta que ninguém fez. Quero dizer, quem assistiu Haifuri até agora sabe muito bem que o anime é desses, não sabe? Ele não é sério de forma alguma. É um anime fofinho e engraçadinho com armas de guerra reais em batalhas verossímeis – mas cheias de air bags para que nenhuma garota moe de anime seja ferida durante as gravações. Os fãs que o anime realmente pretende reunir não suportariam. O que não quer dizer, de forma alguma, que esse episódio tenha sido inútil. Não foi.

Ele serviu para dar uma aparência de profundidade a algumas personagens, resolver de forma inofensiva conflitos pré-estabelecidos, e de forma geral mostrar a verdadeira face de Haifuri. Deu até para me identificar com uma das situações do episódio! Vai dizer que você não se identificou em nenhum momento? Maron, a chefe da engenharia, ficou super ansiosa com o Festival do Equador, ideia dela e que de alguma forma todos concordaram (ou melhor, a capitã concordou e ninguém foi corajosa o suficiente pra dizer que não queria nem saber, então acabou passando). Algumas pessoas demonstraram interesse também (pelo menos da boca pra fora) mas na hora agá o que ela viu foi que ninguém estava nem aí. O evento se aproximava e ia ser um fracasso retumbante.

Se elas tivessem aberto a boca poderiam ter evitado a frustração da Maron. Mas bom, deu tudo certo no final

Nunca passou por isso? Seus amigos ou seu grupo de qualquer coisa concorda com você em fazer algo que você propõe, você fica responsável por organizar, apenas para que tudo desabe com um choque de realidade depois: só você estava realmente animado. É uma frustração terrível. Você se sente mal por estar forçando seus amigos ou colegas a fazer algo que eles não têm vontade mas ao mesmo tempo se sente traído por eles. Eu totalmente entendo a frustração da Maron. Uma variação disso é você ter a responsabilidade por algo e estar trabalhando duro junto ao grupo para que aquilo seja realizado mas o plano acaba cancelado por motivos de força maior. Nesse caso não há sensação de traição, mas a frustração pode ser tão grande quanto. Eu já passei pelas duas situações.

As relações entre essas personagens todas são mais complexas do que aparentam. Quero dizer, lógico que são, não é? Em qualquer turma de qualquer tipo de escola sempre vai ser assim. É que em anime ficamos mais ou menos acostumados com a relevância apenas de um ou dois protagonistas e mais dois ou quatro colegas próximos, nem sempre da mesma classe, e esses são aqueles sobre quem aprenderemos algo. O resto pode até aparecer com frequência mas não achamos estranhos que não descubramos sequer seus nomes. Turmas escolares de verdade não são assim, são? Devo admitir que as minhas são. De novo a culpa é toda minha, anti-social que sou, raramente conheço mais do que os rostos das pessoas. Mas falando de pessoas normais, nunca é assim. Em Haifuri não é assim.

Ainda que saibamos bem pouco sobre a vasta maioria das garotas, aprendemos um pouquinho sobre várias delas nesses episódios todos. E nesse episódio em particular aprendemos mais algumas coisas: tem duas garotas lá que são de famílias que cuidam de templos. Tem outra que é de uma cidade que aparentemente tem festivais muito divertidos. A Kuro é sumoca! A Maron, de quem já falei, tem uma personalidade bastante infantil, combinando com seu estereótipo físico. Falando em “infantil”, Minami, a médica de bordo, tem apenas 12 anos de idade – e quando não está obcecada com seus estudos age adequadamente como criança. E ninguém a bordo sabia disso (aposto que a capitã sabia, lembra de como ela decorou as fichas de todo mundo no primeiro episódio?), esperavam que ela fosse muito mais velha.

Provavelmente esse episódio serviu antes de tudo para situar melhor a Kuro na teia de relações do navio e resolver o conflito dela com a Misaki: um golpe de sumô. Vitória da Kuro. Isso foi tudo o que foi necessário para colocá-las de volta em termos amigáveis. Quero dizer, foi tudo mesmo? Simbolicamente sim, mas Haifuri não foi preguiçoso e construiu uma narrativa que explica bem a pacificação da Kuro. Ela e Maron são amigas há anos, mas desde que foram colocadas no Harekaze a Kuro tem dado mais atenção à Mashiro, que por sua vez e por força de sua função está mais próxima da Misaki do que dela. Quando a Maron explicou como ela se sentia a Kuro enxergou a si mesma por fora e conseguiu acalmar-se mental e emocionalmente. Se a Mashiro está feliz então está tudo bem, não é?

Para encerrar, parece que errei sobre a batalha final na Laguna Truk, não é? O Musashi não estacionou por lá e está se movendo a oeste, em direção às Filipinas (que também tiveram papel fundamental na Segunda Guerra). Não tenho motivos para duvidar que a batalha final vá ser incrível. Nesses dias entre o começo do episódio anterior e o final desse episódio, o Musashi já andou 1300 quilômetros, mais ou menos metade da distância entre a Laguna Truk e as Filipinas. Sim, eu me dei ao trabalho de plotar isso no Google Maps para você ver:

Da Laguna Truk (ou Chuuk) até a Ilha Ulithi (ambos parte da Micronésia). Próxima parada: Filipinas

  1. Este episódio foi mediano. mas ao menos resolveu alguns problemas que havia entre alguns dos tripulantes do Harekaze. Gostei bastante do Festival, serviu para amenizar o que vai haver mais para a frente, gosto bastante da engenheira chefe, ela parece meio criança com o seu sotaque super carregado, mas acho que ela é carismática, Gostei do rap das responsáveis, pela tesouraria do Harekaze, aquela sincronia entre elas é assustadora, se bem que eu acho que o japonês não combina nada com rap, mas ficou ok, este episódio esteve cheio de moe, mas não me fez grande diferença. E a Kuro é uma sumoca, imagino o que aconteceria se algum homem a desafiasse, era um braço ou perna a menos mas agora falando a sério, a luta de sumo entre a Kuro e a MIsaki serviu para resolver qualquer mal entendido que existisse entre elas, se a Kuro tem a Maron como amiga, porquê que ela guarda tudo para si e age de forma estúpida com a capitã Misaki, mas acho que depois deste episódio, já não haverá mais este problema.
    Como sempre uma excelente matéria.

    • Fábio "Mexicano" Godoy

      Acho que a Maron se fez muito essa mesma pergunta sobre a Kuro =D Se bem que se a conhece faz tempo talvez já saiba que ela seja assim mesmo.

      Como não havia mais nada que justificasse a cara feia da Kuro para com sua capitã mas ela tem dificuldade de simplesmente falar, precisou dessa armação toda da Maron. É bobo, mas o anime também é, então está tudo em casa =)

      Obrigado pela visita e pelo comentário!

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