Não foi há muito tempo que o nosso novo redator, o Alyson, soltou um artigo de primeiras impressões sobre ACCA. As primeiras impressões dele, que muito bem refletem as minhas, indicam um grande problema pelo qual ACCA passou em seu episódio um, uma constante de info dump generalizado e gratuito, com um ritmo lento e que não abria espaço para nenhuma informação útil. Só isso já pode ter feito muitos fugirem de ACCA, porém, posso dizer com certeza de que ACCA, no mínimo, já não está tão terrível quanto parecia que ia ser.

Muito pelo contrário, esse anime, apesar de ainda não estar fazendo jus ao tremendo hype que a Madhouse parece gerar (apesar do imenso lote de nadas que têm demostrado desde One Punch Man em 2015), é definitivamente um anime que pode vir a mostrar um tremendo potencial, tanto no quesito musical e artístico quanto de worldbuilding. 

ACCA não é o melhor anime da temporada. Não sei qual vai ser e ainda é muito cedo para decidir isso, mas esse simplesmente não parece demonstrar uma trajetória que vá torná-lo o melhor anime da temporada, muito menos o mais hypado. Porém, é um anime que demostra potencial, ele transmite formação e engloba o uso de suas osts em uma experiência diferente da que você vê nos animes normais. Seria esse uso da música suficiente para carregar o anime? Lógico que não, a prova disso foi como o Al facilmente destruiu seu primeiro episódio. Mas, agora que começamos a resolver os problemas e nos focar nas soluções, tenho uma boa perspectiva para esse anime.

De cara podemos analisar que Grossular é ou um vilão muito óbvio ou um mocinho muito mal encarado, se destacando de forma clara e mandando Crow e outros ficarem de olho no cigarro-kun (eu sei o nome dele, mas não importa), além de casualmente cortar as investigações da super intendente com basicamente um “não tem guerra e ponto final, para de meter o nariz”. O fato dele ser um vilão óbvio pode ser bom ou ruim, sinceramente é muito cedo para começar a pensar nisso.

ACCA até agora não tem nem ação, mistério ou suspense suficiente para se encaixar em qualquer padrão de evento normal, o que significa que as raízes por trás do objetivo central do anime: a realização de diversos infodumps glorificados do grande governo dos 13 distritos e da demonstração de como não existe um governo utópico que se sustente, não foram muito ou nada exploradas ainda (o que é razoável para um segundo episódio, mas nada razoável para a quantidade de infodumps que tivemos nesses dois episódios).

Eu vou dar meus parabéns por terem diminuído o infodump gratuito só para essa cena e definitivamente aprecio o fato dos diretores terem começado a transferir pelo menos papéis compreensíveis a seus personagens, como por exemplo o cabelinho lambido do setor menos cool da ACCA. Ele queria muito ser do setor do Jean e queria muito ter o dinheiro que ele achava que o Jean tinha (e que francamente eu ainda não sei porquê ele consegue fingir ter, já que cigarros são caros e ele é um pobretão que tem acesso infinito a eles porque sim). Teve uma mudança de ares ao ser completamente derrotado em meio ao seu plano de incriminar Otus, que descobriu tudo graças a Crow (seu melhor amigo de sempre que na verdade é seu pior stalker de sempre) e também teve acesso a informação suficiente para incriminá-lo e deixá-lo na palma de sua mão.

Rail se achava o sofredor, aquele que tentou tudo que podia para alcançar seus sonhos mas que foi desbancado por filhinhos de papai ricos que conseguiram uma posição social melhor que a dele não por meritocracia, mas porque podiam. Esses sentimentos se focaram em Otus, que tinha tudo que ele não tinha. Jean foi para a sede da ACCA e ascendeu a superintendente, ele tinha contatos com os 5 grandes líderes e comia casualmente com eles. Não só isso como ele era famoso por ter um acesso gigante aos caríssimos cigarros (por motivos desconhecidos) e por ter um apartamento em uma cobertura de luxo (aparentemente porque sua irmã é síndica do apartamento e ganhou (?) ele ou algo assim). No fim, nada do que Rail pensava era justificável, ele se tornou tiete da irmã de Jean e, como fariam ainda mais nesse mesmo episódio, as aparências enganaram.

E como as aparências enganaram não? Afinal não foi por um ano, um encontro, uma simples amizade, Crow aparentemente conseguiu mestricamente enganar Jean por mais tempo do que ele mesmo faz ideia que o conhecia. Mal sabe Otus que seu melhor amigo dos tempos de colegial na verdade é um homem que o observa e stalkeia desde quando ele era um bebê (imagino que 30 anos só possa significar isso para alguém tão novo como o nosso protagonista). Não faço ideia de como um homem que era adolescente há 15 anos consiga fazer isso, mas não me surpreenderia se um espião claramente habilidoso como Nino fosse capaz de esconder sua idade através de certos maniqueísmos.

Isso é principalmente interessante porque tudo que conhecemos, como Jean, o jovem inexpressivo com a aura cool e que gosta de cigarros, foi formatado na convivência com Nino, que virou seu único amigo e pessoa a quem ele podia recorrer em situações complicadas. Só posso esperar grandes coisas do desenvolvimento do Jean depois que ele descobrir que passou sua vida inteira acreditando em uma relação de amizade que supostamente não existiu (ou será que dentro de Crow ela também existiu?).

 

 

  1. O episódio foi centrado em volta do conceito de faces opostas; primeiro à aparência, e depois o que está por trás dela. Jean e Nino se conhecem há quinze anos, mas Crow aparentemente o observou por trinta anos, estranho. Então, me veio à dúvida: “E a irmã de Jean?” Talvez ela também seja um agente secreto, afinal. O episódio também esclareceu à razão do cigarro ser “luxuoso”, sendo devido aos altos impostos colocados sobre ele. O caráter de Jean continua um mistério completo, mas espero que ele surpreenda os demais com suas “jogadas”.

    Fora isto, ótimo post. Até!

    • Bom a irma de jean claramente nao tem a idade que aparenta ter e dado que o cabelo lambido esta de olho nela, nao duvido que tenha algo a esconder (senao bota-lo especificamente um stalker nao faria sentido pro enredo).
      Acho que o jean é o tipo de personagem que concentra seu carisma nos mistérios que o cercam, tudo sobre ele é muito vago, exatamente porque funciona.
      Obrigado pelo comentario

  2. Uma coisa que me intriga em ACCA é por que o cigarro é altamente taxado?
    Por enquanto, não percebi nenhuma mensagem antitabagista no anime e não há proibição ao fumo!
    Só é mostrado as consequências ruins dessa alta taxação: contrabando, roubo, moeda de suborno às autoridades, objeto de ostentação…

    Curioso é que parece que bebidas não são tão taxadas, pois aqueles dois deram a entender que bebem com frequência.
    E o povo come bastante! São ex-fumantes compensando o vício ou é só impressão minha?
    A comida parece ter algum destaque, principalmente quando o protagonista foi para a Itu de lá. xD

    E de onde vêm esses cigarros do Otus se não é ele quem compra?
    Quem mudou a reserva do quarto dele e deixou aquela cigarreira?
    Grossular é mesmo o vilão e está se aproveitando das excentricidades do Otus para desviar a atenção?

    Vou continuar assistindo.

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