Bom dia!

O Café com Anime é um bate-papo descontraído sobre animes da temporada entre mim e meus colegas Vinícius, do FinisgeekisGato de Ulthar, do Dissidência Pop, e Diego, do É Só Um Desenho.

Continue lendo para ver como foi a conversa da semana sobre o Animegataris, episódio 7!

Fábio "Mexicano":
Até a Minoa já sabe:
Fábio "Mexicano":
O episódio foi bastante divertido, todo o “mini-Shirobako” foi legal – e engraçado pra caramba. Mas produzir um anime já é algo difícil por si só, precisava mesmo do Conselho Estudantil perturbando o Clube de Animes de novo? Essa pergunta foi retórica.
Diego:
Por que é mesmo que ninguém deu um tapa na cara da presidente do conselho estudantil ainda? Sinceramente, nesse ponto eu acho valeria a possível suspensão que a pessoa tomaria. A presidenta é o perfeito exemplo uma vilã feito errado. Dado que seus motivos são literalmente inexistentes, ela só serve para dar raiva. Nem ameaçadora ela é, e eu só me pergunto porque aquela escola obedece ela. “Eu vou fechar o seu clube”, minha vontade seria a de responder “e eu vou fechar a sua boca com um murro”. Puta personagem chata do caralho 😒
Fábio "Mexicano":
Eu fiquei muito com vontade de socar a cara dela. Pode fechar o clube depois, não ligo, deixa só eu quebrar esse nariz…
Vinícius Marino:
Animegataris tem sofrido de conflitos forçados, e esse foi o pior exemplo até agora. Não havia necessidade de uma nova intervenção do Conselho, nem motivos para o Conselho fazer o que fez, nem razão para ninguém (do clube de animes ou de qualquer outro grupo da escola) levar a sério suas ameaças.
Estamos falando de um Conselho Estudantil que está, literalmente, ameaçando ESTRAGAR o festival por uma rixa inexistente com o clube de anime. Porque, se mais clubes resolverem não obedecer às suas ameaças, é exatamente isto que aconteceria.
Já que Animegataris é uma série tão “meta”, talvez seja interessante falar de clichés. Essa convenção de que um grupo de estudantes têm poder para deixar a escola toda refém já está me tirando do sério. Eu sei que no Japão uma boa parte das responsabilidades da escola é delegada ao corpo discente e entendo que às vezes o topos é necessário (a temporada atual de Shokugeki no Souma é um bom exemplo). Porém, muitas vezes não passa de preguiça para tocar o enredo para a frente. Nesse caso, nem isso.
Diego:
Acho que a pior parte é que o conflito não faz sentido nem em contexto! Uns dois episódios atrás a própria presidenta do conselho disse que lidar com o clube de animes estava fora da alçada deles já, isso após um telefonema com o que podemos supor ser o “real” vilão da história. Ai agora, do mais absoluto nada, a presidenta resolve intervir de novo! Fora a descaracterização legal da personagem de “relutante, mas obediente” a “I’M EVIL, BUAHAHAHAHAHA”. Por favor né.
Fábio "Mexicano":
A presidente tanto tinha tirado o corpo fora que até uma das garotas lá do Conselho disse, no começo do episódio, que achava que ela não faria nada. Parece que ela escutou aquilo e tomou como desafio.
Gato de Ulthar:
Que episódio bisonho. Tirando a representação de como seria a produção de um anime de verdade, o resto é descartável. O conselho estudantil é um governo militar que poder fazer o que bem entende? A presidenta tem dupla personalidade? Dificil até criticar.
Fábio "Mexicano":
Sim, a parte do Conselho Estudantil já passou dos limites. Mas o episódio em si, o que importa dele, é bem divertido
Gato de Ulthar:
Ah sim, ficou bem divertida a produção do anime, explorando todos os problemas que podem aparecer. Só acho que seria muito fácil resolver as coisas de última hora com o dinheiro da Arisu. Seria a solução menos romântica, mas a mais efetiva.
Eles decidiram que não iriam usar o dinheiro dela. E a essa altura não duvido que o Conselho Estudantil os desclassifique caso usem o dinheiro. E ah: vão pagar para as pessoas irem assistir também? Porque para o clube continuar existindo não basta concluir o anime, mas também precisarão encher uma plateia enorme…
É simplesmente ridículo. Eu sou uma pessoa pacífica, mas acho que teria partido pra cima dela depois dessa besteira toda
Gato de Ulthar:
No mundo real a Arisu simplesmente teria pago para o Conselho Estudantil ser destituído e colocado elementos de sua confiança… Ou molhado a mão das membras do conselho, nada que uma propina não resolva…
Fábio "Mexicano":
Se fosse nos EUA, teriam tomado uns tiros 😛
Gato de Ulthar:
Também ☺️
Fábio "Mexicano":
Às vezes eu sou obrigado a defender o porte de arma…
Vinícius Marino:
Para mim, a mala de dinheiro da Arisu é a peça mais distoante dessa bagunça toda. Ela tem recursos ilimitados para fazer um anime e um mordomo deux-ex-machina capaz de fazer tudo por elas. Mas decide não usar porque…. reasons?
Gato de Ulthar:
Poder da amizade e trabalho em grupo 😛
Vinícius Marino:
Mesmo levando em consideração o empecilho tirado da cartola de ter de lotar o pátio, não é nada que uma granhinha não resolvesse.

Um sanduíche de mortadela por pessoa e você lota aquele lugar em dois tempos. Se funciona para passeatas políticas, funciona para festivais de escola.

Não me levem a mal, não estou cobrando realismo. Se surgisse algum motivo bisonho para aquela grana desaparecer (ex: ETs sequestraram o Sebas, Interpol congelou a conta dos pais da Arisu na Suiça) eu já me daria por satisfeito. Da forma como foi, no entanto, é como se a garota estivesse sabotando o próprio grupo.

Diego:
Na verdade, o motivo foi puro orgulho mesmo. O pessoal preferiu fazer as coisas com as próprias mãos do que terceirizar o projeto.
Vinícius Marino:
Bom, seja como for, eu curti esse episódio apesar de tudo. Isto porque eu, também, já tive de “fazer um anime” para a escola.

Não verdade, não exatamente um anime. Quando eu estava no ensino fundamental, minha classe teve de preparar atrações para a feira cultural da escola – algo parecido com o evento de Animegataris. Eu e meus colegas decidimos montar um “clube de origami” mostrando nossas criações.

Porém, a professora nos disse que uma exposição de origami era “muito pouco”. Dobrar papel era brincadeira que a gente faria no recreio. Tínhamos de mostrar que estávamos dispostos a trabalhar.

Então decidimos fazer um teatrinho de bonecos protagonizado por nossos origamis. “Dobramos” nossas personagens, escrevemos o roteiro, ensaiamos, enfim, fizemos todo o Shirobako.

O problema é que esquecemos de ensaiar nas condições de apresentação. Assim que entramos no palco percebemos que não cabíamos os quatro debaixo do cenário. Este “cenário”, na verdade, era uma caixa de algum eletrodoméstico aberta para imitar uma televisão. Não tínhamos espaço para mexer os bonecos, nem para tirar ou colocar novas personagens. Um dos moleques esqueceu completamente as falas – e, aparentemente, da existência do script na frente dele também. O cenário inteiro caiu em cima da gente antes de passarmos da segunda linha do roteiro.

10/10 maior mico do ano. O pessoal deve ter amado, pois gargalharam do começo ao fim.

Fábio "Mexicano":
Adoro pessoas ridículas que dizem que o que você faz é “muito pouco”. E o pior é que adolescentes estão completamente despreparados para lidar com isso.
Diego:
Pessoas são muito proativas com o trabalho dos outros 😃 É uma máxima que aprendemos desde a escolinha e que nos segue pelo resto da vida 😛
Fábio "Mexicano":
Correção: é um trauma psicológico que adquirimos desde a escolinha e que nos segue pelo resto da vida
Vinícius Marino:
De fato, se estamos falando de cumprir deveres, ou atividades com objetivos claros, é possível fazer “muito pouco”. Por exemplo: se nosso clube de anime em Animegataris ficasse só assistindo desenho no espaço da escola, seria “muito pouco” para o propósito de um clube.
Vinícius Marino:
Claro, até que ponto uma coisa é ou não é “suficiente” é uma outra questão.
Fábio "Mexicano":
Mas não era isso o que haviam proposto inicialmente, e sim fazer uma mostra de animes. Ao invés de se jogar a proposta no lixo, a pergunta correta que alguém deveria fazer nessa hora (outsider ou não) era: quais animes, e por que eles são relevantes?
Claro, se fossem só aproveitar o evento escolar para tirar o atraso das séries da temporada, estariam fazendo “muito pouco”. Mas entendo perfeitamente possível e adequado uma mostra curatelada (é essa a palavra?) sobre animes, para qualquer que seja o tema.
Você pode fazer a pergunta por outro lado também: no seu caso, o que um teatro tem a ver com a prática de origami? Ao tentar não “fazer pouco” vocês se desviaram bastante do propósito original, tudo porque a professora se intrometeu.
Vinícius Marino:
No meu caso específico, o problema é que os preparativos do festival eram feitos em espaço de aula. E nós terminamos todos os origamis muito antes dos outros grupos. A professora não queria um bando de alunos sem fazer nada na sala de aula, então insistiu para fazermos mais alguma coisa.
Vinícius Marino:
Agora, para as personagens de Animegataris, acho que o problema, como já conversamos antes, é que eles não têm interesse em “produzir” nada. O discurso do Kaikai perante o conselho deixou isso bem claro. Se eles REALMENTE quisessem espalhar sua mensagem poliana de que “animes nos tornam pessoas melhores”, eles deveriam buscar alguma forma mais enérgica de transmitir este sentimento aos outros.
Vai saber? Talvez seja esta a grande conclusão da série
Fábio "Mexicano":
Bom, a presidente do Conselho Estudantil parecia ser uma pessoa melhor quando fazia cosplay junto com a Erika 😃
O ponto que estou tentando fazer aqui, e admito que posso estar fugindo bastante do tema do anime, é que é muito complicado criticar e orientar crianças e adolescentes. É muito fácil um adulto com a melhor das intenções, com palavras cuidadosamente escolhidas, destruir toda a criatividade ou o interesse de uma criança por um assunto ou atividade qualquer. Adolescentes são um pouco mais durões, mas lhes falta maturidade para entender e argumentar sobre o que realmente pretendem.
Gato de Ulthar:
No fim, Animegataris não se dá ao trabalho de propor nada sério, ou meios construtivos de se desenvolver a temática dos animes dentro da escola. Só é uma construção de esquetes de humor e quadros construtivos sobre os animes e sua indústria.
Fábio "Mexicano":
Acho bastante instrutivas suas esquetes sobre o fandom e a indústria
Gato de Ulthar:
Sim, sem dúvidas.
Diego:
Vamos e venhamos, ele nem precisa propor nada sério. Já estaria bom sendo só uma comédia informativa sobre a indústria. A inclusão de conflitos como o embate contra o conselho estudantil é justamente o que o anime faz de pior, então acho que ele fica melhor longe de situações de risco e que exijam maior tensão ou seriedade.
Vinícius Marino:
Estou com o Fábio. Acho que a série é competente no que faz direito. E é despretensiosa o suficiente para que eu não me incomode com o que faz de errado.
Não havia uma história de que Animegataris é um spin-off de um anime mais curto?
Fábio "Mexicano":
E é sim. Um anime chamado Animegatari (no singular … supondo que o “s” aqui signifique plural, a gente nunca sabe, é japonês, né) que era só insert animation de um cinema quando ele abriu. Algumas fontes dizem ter mais de um episódio, outras que foi apenas um, mas não importa. A diferença fundamental é que as protagonistas eram a Erika (a mesma que a gente ama) e a Maya, a irmã da Minoa, e elas estão no primeiro ano da faculdade.
Vinícius Marino:
Bom faz sentido. Do jeito como tem se mostrado, Animegataris parece uma obra “inchada”, se é que me entendem. Há muito conteúdo filler, como se a série estivesse se forçando a preencher o tamanho de um anime de temporada. É o tipo de história que poderia facilmente ser contada em menos episódios. Melhor ainda, como uma série de curtas focados nas esquetes.
Fábio "Mexicano":
O tema que o anime explora permite inumeráveis esquetes, focadas em diversas características da indústria e do fandom. Não acho que esteja necessariamente inchado, e mais curto poderia ficar mais hermético, sem tempo para explicar adequadamente, seria só a piada jogada direto, com pouco contexto. Com um episódio de duração normal dá para fazer bastante coisa – até coisa desnecessária, como o conflito com o Conselho Estudantil.
Vinícius Marino:
Meu ponto é justamente que há coisa desnecessária em excesso. O que, acredito, é o ponto que o Gato e o Diego também estão fazendo. Os episódios trazem (em média) pouco conteúdo, que acaba afogado em conflitos-filler.
A “duração” do episódio não é em si o problema. Nem a necessidade de alicerçar as piadas em algum fundo “humano” (o que, concordo, é imprescindível). Ele poderia até dividir o mesmo episódio em várias esquetes, como o fazem vários animes de comédia. O que me faz coçar a cabeça é notar como esse tempo está, pelo contrário, sendo usado em “pseudo-arcos” que pouco acrescentam às personagens.
Fábio "Mexicano":
Bom, o episódio anterior foi inteiro sem conflitos com o Conselho Estudantil, só com temas relevantes. Quando eles querem eles fazem. O problema é que não estão querendo, na verdade.
Diego:
Pior de tudo é que estamos já no sétimo episódio e NADA de explorar o gato falante e a boina misteriosa. O anime TEM história pra contar, mas prefere perder tempo com um conselho estudantil ridiculamente mal explorado e mal pensado, e eu não duvido nada que no fim o plot da boina vai ser mega apressado.
Fábio "Mexicano":
A essa altura, passado da metade do anime, já temos bem claro quais são seus pontos fortes e fracos, e eu acredito que os pontos fortes superam os fracos, principalmente porque o anime é despretensioso, nunca tentou fingir que seria algo incrível ou memorável. É só divertimento e é isso aí.
Alguém discorda disso? Bom, vou aproveitar e emendar a finalização da semana:
Fábio "Mexicano":
Dado o episódio, não haveria outra pergunta possível: seu colégio terá uma feira cultural e seu clube de animes irá participar. Alguém sugere fazer um anime (!!) e seus demais colegas estão ficando empolgados – e é lógico que ninguém tem a mais pálida noção sequer de por onde começar. Você embarca na proposta, tenta convencê-los a fazer outra coisa (o quê?), ou finge que não é com você e deixa se estreparem sozinhos? Caso decida-se pelo anime, que tipo de anime sugeriria fazer para que fosse ao mesmo tempo divertido e factível? Gênero, duração, formato, etc.
Vinícius Marino:
Cachorro mordido por cobra tem medo de linguiça.
Eu já me ferrei fazendo um projeto bem menos ambicioso numa feirinha cultural, como disse a vocês. Acho que daria uma de João sem Braço mesmo.
No pior dos casos, investiria sozinho na minha ideia revolucionária de barraca do beijo otaku 😝
Gato de Ulthar:
Eu não me meteria em um projeto tão complicado, pois não tenho a mínima noção de como fazer tudo isso na prática. Mas também não abandonaria meus colegas e deixaria eles se estreparem. Eu tentaria convencê-los do absurdo da proposta, e proporia uma exibição de animes, que eu acho que seria aceita, pois não teríamos um Conselho Estudantil das trevas para nos atrapalhar.
Diego:
Sério que eu sou o único que vai falar que embarcaria totalmente na ideia de fazer um anime? XD Não que eu achasse que fosse dar certo, mas justamente por não termos um conselho estudantil FROM HELL que não precisaríamos nos preocupar em entregar uma masterpiece. Qualquer gag de 1 minuto com bonecos palito de olhos grandes já contaria como um “anime”, e se divertir a meia dúzia que assistisse já tava valendo. Agora, se quisessem empurrar fazer um episódio de 20 minutos em arte padrão de anime eu perguntaria se eles pretendem entregar o projeto na feira cultural do ano seguinte.
Fábio "Mexicano":
Com certeza não é o único! Eu adoro me enfiar em roubada, arranjar sarna para me coçar. Ao mesmo tempo, eu pensaria em formas de tornar isso tudo factível, e se as minhas ideias fossem sistematicamente rejeitadas, eu provavelmente pularia fora.
Fábio "Mexicano":
E é isso aí para esse episódio, até o próximo ☺️

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