Bom dia!

Depois de (enviar ameaças de morte aos concorrentes) conversar civilizadamente com os demais editores do Anime21 que também desejavam escrever sobre Sora yori, fiquei muito feliz por (ter pisoteado seus sonhos) ter sido proclamado por eles o mais qualificado para cobrir esse anime. E farei isso (para desespero deles) com honra e humildade durante essa temporada!

Essa pequena anedota serve para ilustrar a dura realidade de que muitas coisas não são para todo mundo, não basta querer. Não importa quantos quisessem escrever sobre esse anime no blog, apenas um poderia fazê-lo. Não importa o quanto algumas garotas adolescentes queiram, não é qualquer um que pode ir para a Antártica.

Mas anime é um mundo mágico, é ficção. Elas vão para a Antártica. Mas isso não vai ser fácil.

O primeiro episódio foi lindo. Foi de fato a minha segunda estreia preferida da temporada (perdendo apenas para Violet Evergarden). O Kakeru escreveu o artigo de primeiras impressões e não tenho muito a acrescentar, concordo com tudo o que vai lá. Nesses outros dois episódios um bocado de coisa aconteceu, o anime deu uma noção melhor de como será a viagem para a Antártica e acrescentou as demais garotas que também participarão dessa viagem – uma delas será a chave para que possam realizar esse sonho em primeiro lugar.

É realmente tão difícil assim viajar para a Antártica? Bom, se só quiser dizer que já visitou o continente gelado e tiver dinheiro para isso, há companhias turísticas que oferecem viagens para a Antártica a partir do Chile, da Argentina, da África do Sul e acredito que da Austrália também. Mas não são viagens que te levam a qualquer lugar e te deixam fazer o que você quiser. A Shirase tem uma intenção bastante específica: procurar a sua mãe. Para isso ela precisa visitar a Estação Showa, uma estação de pesquisa japonesa, justamente a mesma para onde foi sua mãe na fatídica viagem. Lá ela não poderia chegar a turismo, suponho.

Ou talvez até seja possível, eu duvido mas, como a Mari bem disse no segundo episódio, a Shirase também sabe ser idiota, então não é impossível que algo lhe tenha escapado. Mas isso não importa. Um anime onde garotas colegiais viajam para a Antártica sem dúvida não se deve levar ao pé da letra e certamente pede suspensão de descrença quanto a esses detalhes.

“Eu preciso ir”

O importante é que desde que sua mãe morreu (ou melhor, desapareceu) Shirase tem a ideia fixa de ir para a Antártica procurá-la. Se ela sempre foi como é hoje ou se essa ideia fixa a transformou nessa pessoa obcecada, um pouco incapaz de perceber os sentimentos dos outros, tímida e introspectiva, o anime não revela, mas eu apostaria que sim. É claro que não devia ter ainda uma obsessão tão forte que a isolasse do convívio social, mas não acredito que tenha mudado sua natureza. E nem vai mudar (muito) durante o anime. Essa é uma viagem para ela finalmente conseguir superar uma perda. Os primeiros episódios estão com um forte tom de comédia, acredito que em alguns momentos isso esteja até atrapalhando um pouco, e não duvido que o tom geral do anime será leve e bem humorado, mas guarde suas lágrimas para o momento em que ela finalmente se despedir da mãe. Não será engraçado.

A grande agente da mudança, que deu o empurrão final que a Shirase precisava, foi a Mari. Ela não é a pessoa mais esperta nem a mais capaz, mas ela é a primeira a sentir como outra pessoa se sente. Não a entender como se sente, mas sentir como se sente. Empatia, na definição mais pura do termo. Foi isso que a aproximou da Mari em primeiro lugar – ela ficou preocupada com aquela estranha que todo mundo na escola acha maluca e, vendo um par de valentonas tentando extorquir dinheiro dela, não parou para pensar e simplesmente agiu. Poderia ter comprado briga para si mesma, mas como eu disse, ela nem pensou. Cabeça de vento, sua maior preocupação é “se divertir”, e por alguma razão ela sente que apenas ir para a escola não é “divertido” o suficiente. Não faz jus a todo o potencial de ser uma colegial, pelo menos, e por isso ela queria alguma coisa, qualquer coisa. Ela estava só esperando uma maluca como a Shirase convidá-la para ir para a Antártica.

“Minha juventude está se movendo!”

O único “problema” dela é essa inquietação, e isso ela está lidando agora com a ideia de viajar para a Antártica e todos os seus desdobramentos. Talvez seja importante falar sobre sua mãe (já que uma mãe é o que colocou o anime em movimento em primeiro lugar): apareceu brevemente no primeiro episódio. Não parece ser uma mãe rígida, e até zomba da própria filha.

No segundo episódio entrou para o grupo a terceira membra: Hinata. Ela não é maluca e tímida como a Shirase, tampouco sente-se inquieta como a Mari. Mas há algo de muito peculiar sobre ela: apesar da idade, já se formou no ensino médio. Por que ela quis se formar cedo, e por que está trabalhando agora? Talvez ela só queira ser independente. Não do tipo que tem problemas em casa e quer fugir o quanto antes (se fosse o caso, ela não perderia tempo com uma viagem para a Antártica, acredito), mas do tipo que talvez sinta que não terá futuro ali. No processo ela acabou se isolando de todo mundo, e vendo a empolgação de Shirase e Mari com algo não mundano (ao contrário de colegiais comuns), ela sentiu-se tentada a se envolver. É a única das personagens sem nenhuma pista sobre sua família até agora, o que pode corroborar a minha tese de que ela queira se afastar. Talvez ela aprenda com a Shirase o valor de ter uma mãe?

“Sem problemas!”

Por fim, o terceiro episódio introduziu Yuzuki, a quarta e última protagonista. Para desespero da Shirase, ela tinha uma viagem para a Antártica garantida. Idol desde criança, com a carreira administrada pela própria mãe, ela recebeu a oferta de acompanhar a próxima expedição japonesa para fazer transmissões diretas do continente gelado. Acredito que a expedição esteja sendo remunerada para levá-la, dado que estavam em crise por ter perdido vários patrocinadores. É algo que apenas faria sentido. Mas Yuzuki não queria nada disso. Ela só queria ser uma garota normal, com amigas normais – aliás, com quaisquer amigas. Estava a ponto de recusar quando entraram em cena as demais e a convenceram a viajar – vamos todas ser amigas! Ir para a Antártica com as amigas é divertido! Ela e sua mãe talvez aprendam algo com a Shirase também.

“Eu poderia morrer agora!”

E a viagem já está garantida? Eu não apostaria nisso. Quero dizer, sim, elas vão viajar. Eventualmente. É para isso que o anime caminha e todos ficaríamos frustrados se assim não fosse. Mas apesar de terem assegurado lugar na expedição junto com a Yuzuki, o episódio terminou com uma mulher de expressão sinistra saindo de um veículo com o logotipo da expedição. Eu tenho certeza que ela significa problema. Descobriremos exatamente qual problema no próximo episódio, até lá!

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