Enquanto vejo um episódio de anime que vou comentar já vou pensando no que escrever sobre ele e às vezes antes mesmo de acabar já defino título, sobre o quê e como vou falar, etc. Porém, às vezes, aos 45 do segundo tempo, acontece algo totalmente imprevisível que me faz pensar, “E agora, José?”. Citrus conseguiu fazer isso comigo nesse episódio, e para criticar satisfatoriamente a “amargura” ou “doçura” desse “delicioso” suco cítrico, vou espremer o fruto só para ver o que sai de dentro dele.

Um episódio melhorzinho no que tece a interação entre a Yuzu e a Mei, mas a Harumin ficou bem de escanteio de novo – só apareceu mesmo em uma cena –, e a Momokino teve um bom tempo de tela como antes. Acho uma pena a Harumin aparecer pouco e mais como ferramenta de roteiro – afinal, alguém precisava sugerir a tal ida ao parque, a qual deve agitar a trama e ir formando um grupo de “amigas”, estou certo? – enquanto a Momokino continua tendo mais participação na história. Enfim, não dá para dizer que não estão se esforçando para tornar a Mei menos desagradável e até acho que estão conseguindo, mas o final desse episódio me deixou preocupado com o que vai rolar a seguir…

Minha cara ao ver o pai dela. Reclamei tanto dele e será que morderei minha língua?

De um lado temos uma filha que recebe cartas do pai – mas nunca as abre –, do outro temos um pai que poderia ligar ou fazer uma chamada de vídeo – mas parece não fazer isso –, os dois a 80km um do lado do outro, qual é o que faz menos sentido? O pai, pois, pelo amor de deus, o anime se passa no século 21 e é sério que ele manda cartas para a filha que não vê há cinco anos? A garota parece muito apegada a ele, custava ligar para ela ou fazer chamada de vídeo? Hoje em dia existem tantas formas de aplacar um pouco da saudade que uma pessoa tem da outra que acho muito sem noção eles terem apenas esse contato, mas o pior mesmo nem é isso, o pior é ela demonstrar tanto apego ao pai e se recusar a abrir as cartas dele. Essa garota é oficialmente uma masoquista? É o que estou achando, pois não faz sentido uma pessoa que parece sentir tanta saudade da outra recusar qualquer forma de contato que possa ter com ela. Ela não precisava nem responder, pois mesmo que seja ressentida com o pai – como deve ser, mesmo parecendo adorá-lo –, ao menos ler as cartas faria sentido. Talvez eu só esteja esperando demais de Citrus, um anime que muitas vezes não faz sentido.

Pode ser que ela ache que iria se machucar mais se lesse as cartas e por isso nunca as abriu? Talvez, mas, ainda assim, acreditar que ela nunca folheou as cartas, nem quando mais nova, é difícil, mas okay, nessa época ela já estava virando um “robozinho”, então vou dar um belo desconto quanto a isso. O problema maior nisso tudo é que justo agora, justo quando a Yuzu decide se tornar uma família para a Mei antes de qualquer coisa, esse “bendito” pai aparece, ou para salvar a Mei e resolver todos os seus problemas de uma forma ruim ou para jogar a Mei na lama de uma forma que faça sentido(?). Não sei, não ponho minha mão no fogo por esse anime, mas duvido que esse “pai” da Mei vá “salvar” ela resolvendo seu drama de forma consistente – nada me indica isso, nada mesmo!

Como ainda me recuso a mostrar a cara do pai vai uma imagem dela sendo fofa porque sim!

Espero que no próximo episódio esmiúcem bem toda esse drama envolvendo a Mei e seu pai desnaturado, que tentem tratar isso de forma séria e fazer com que os problemas da personagem ao menos se encaminhem para serem resolvidos. Não esperava que esse pai fosse aparecer assim, completamente do nada, mas já que ele apareceu, que seja um ”trunfo” para salvar o anime de ser apenas um drama forçado de uma personagem tão mal escrita quanto antipática que é a Mei. Okay, que ela melhorou isso é verdade – até sorriu e brincou com o cachorro, saiu com a Yuzu e foi bacana, etc –, mas ainda não dá para engolir completamente a personagem – duvido dar até o fim do anime.

Antes de terminar o artigo não poderia deixar de falar da tal “cruzada de linha” que a Momokino insinuou e bem; é sério mesmo que a Yuzu achou que uma lambida na orelha era isso ou ela planejava só começar com aquilo e no final acabar molestando a irmã no vagão como muito molestador japonês faz na vida real? Porque é sério, “cruzar a linha” para a maioria dos jovens costuma ser o ato sexual em si, então, ou ela interpretou errado – tendo boa vontade dá para dizer que pelo fato da Momokino parecer bem “recatada” o máximo que a Yuzu possa ter entendido com isso é que elas se pegaram – ou só queria molestar ela mesmo… enfim, o fato é que todo esse lance não causou praticamente nenhum rebuliço no relacionamento das três personagens entre si e até agora me pergunto se essa situação toda era mesmo necessária ou só foi criada para se ter mais uma coisa que apareceu só para logo ser mal aproveitada? Foi o que me pareceu, pois era normal se esperar um flash da Mei recusando a Momokino – caso ela tenha feito isso mesmo – e alguma utilidade prática disso na obra. Talvez dê para dizer que serviu para incentivar a Yuzu a se declarar para a Mei, mas ela ia mesmo se declarar na frente do túmulo do pai sendo que ela tinha acabado de apresentar a garota como sua irmã para ele? Essa declaração seria tão estranha que não vejo motivos para ela acontecer e acho que esse lance todo de “cruzar a linha” foi mais para dar um “bom” cliffhanger para um capitulo do mangá/episódio do anime. Só as melhores obras fazem isso!

Eu como dog person não tive como não simpatizar com ela depois dessa cena…

A conclusão em que a Yuzu chegou, de que a Mei precisa é de uma família e não de uma namorada, foi uma coisa boa e que acredito ter sido razoavelmente bem trabalhada até então na história. O drama da Mei não foi praticamente nada bem trabalhado, mas deu para passar para o público a sensação de que essa garota tão “sem vida” precisa da unidade familiar que anos antes ela perdeu, que é com a ajuda dessa “família” que ela pode voltar a ser uma pessoa alegre e de bem com a vida.

Mas um problema disso – até os acertos em Citrus vêm junto de problemas, não tem jeito… – é que ao pensar assim a Yuzu optaria por deixar seus sentimentos de lado para tentar ser essa família da qual a Mei precisa – ou ao menos era assim até o pai aparecer, agora não sei nem o que pensar sobre como as coisas vão ficar. Então, fico preocupado se ao investir em um relacionamento amoroso com a Mei – a gente sabe que ela vai acabar mudando de opinião e fará isso – a Yuzu vai realmente ser capaz de se tornar a família que a irmã precisa. E o pai da garota que era a sua família – ou ainda é, sei lá –, onde e como ele se insere nisso tudo? Não sei, vamos ter que ver para descobrir, mas sei que isso me deixa um tanto quanto preocupado e confuso. O que seria realmente melhor para a Mei nesse momento? A Yuzu vai conseguir ser uma boa irmã enquanto nutre essa paixão? Acho que essas ações podem se mostrar opostas demais e, assim sendo, acabarão se chocando, fazendo com que ambas – isoladamente ou em paralelo – se provem insatisfatórias no que tece a ajudar a Mei.

Tirando a lambida vergonha alheia até que o anime não está tosco no quesito “pegação”…

Toda o trecho da visita da Yuzu ao túmulo do seu pai com a Mei foi bem bacana e mostrou algo que faltava à Mei: fragilidade. Ver ela sorrindo e se abrindo com a Yuzu foi bonito e com certeza me fez enxergar que há terreno para que a personagem se desenvolva e se torne até legal. Estava achando interessante a forma como a Mei poderia ver a Yuzu com outros olhos após a visita – apesar de que a Mei deve ter perdido a mãe, então não é como se uma delas não soubesse o que é não ter mais um dos pais – e assim se aproximar dela, mas a chegada do pai da Mei no final do episódio dificultou isso – não tem nem como rolar uma “conexão” por elas não terem seus pais, pois um está vivo e o outro não – e abriu um leque de possibilidades maior, é verdade, mas pode ter é bagunçado ainda mais uma história que já estava confusa. Acho uma pena Citrus ter tantos problemas, pois mesmo que o drama da Mei se mostre condizente – o que acho muito difícil – com o que ela se tornou, ainda assim isso não vai apagar os diversos problemas de execução que a obra vem tendo desde sempre.

Nem vou comentar o fato da Yuzu estar amarradona na Mei – e a Momokino também, é sério que a Mei vai formar seu próprio harém lésbico? – enquanto ela não demonstra o mesmo – atração física parece haver, mas o romance em si parece mais algo unilateral até o momento –, pois isso é algo que devo discutir outra hora. Agora só nos resta esperar o que esse “melhor pai do ano” vai aprontar na história. Eu quero saborear a explicação de várias coisas no anime, não azede o meu suco, produção!

Você quer proteger este sorriso ou é indiferente a ele? Eu ainda não sei o que sentir…

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