Há dez anos onde você, caro(a) leitor(a), estava? Caso não se lembre não tem problema, mas tenho certeza de que o autor do mangá que esse anime adapta deve lembrar bem dessa época, afinal, ele tinha acabado de finalizar a publicação da obra na famosa revista de mangás: Weekly Shounen Jump.

Sim, Muhyo e Rouji: Escritório de Consultoria Jurídica Mágica é uma daquelas obras que vêm ganhando anime vários anos após o termino da publicação do material original, o que significa alguma coisa? Não sei, talvez que ele será tão bom quanto JoJo, Ushio to Tora e outros com adaptação tardia? Espero que sim! Enfim, é hora de comentar o que vi de bom e ruim nessa estreia!

Não é Zatch Bell com a cor de cabelo trocada, mas também é legal, acreditem.

O anime inicia mostrando do que deve tratar, casos de pessoas envolvidas em eventos sobrenaturais e que solicitam a ajuda do escritório para resolvê-los. Típico de um anime episódico? Certamente. Contudo, não é como se não tivessem dado indícios de que podem haver arcos longos na história.

E quem são Muhyo e Rouji? Um é o cabeça do escritório e aquele que usa magia julgar esses “seres especiais” que saem da linha, o outro é uma espécie de secretário que na prática não foi muito útil. Entretanto, aí entra o que comentei acima, pois deve ser na origem dessa relação que se encontra a explicação para essa parceria existir e dar certo, apesar de Rouji não ter mostrado ser de serventia.

O trecho inicial, que é relembrado no sonho de Muhyo, me passou a impressão de que no passado dos protagonistas existe a brecha para quebrar a estrutura episódica e desenvolver os personagens principais em pelo menos um arco maior. Aliás, fiquei curioso por saber quem é esse Enchu e o que ele significa para o Muhyo. São respostas que o anime deve dar alguma hora, até por também terem relação com o passado dos personagens e abrirem margem para uma melhor construção de mundo.

Uma palinha das magias que estavam por vir.

Quanto ao caso desse episódio, a prévia do próximo indica que essa deve ser uma situação bastante explorada no anime: uma pessoa que solicita ajuda para resolver um caso que envolve diretamente outra. Estou fazendo essa suposição por causa dos títulos parecidos, mas não será estranho caso a abordagem mude radicalmente, o que até é necessário para não deixar o anime se tornar repetitivo.

Focando no caso das amigas, acho interessante observar como a história pareceu até bem realista. Rie foi atrás de ajuda para fazer o espírito da amiga descansar não só por apreço a ela, mas também pela culpa que a assombrava por tê-la negligenciado; enquanto Taeko se tornou obcecada por uma relação de extrema dependência e acabou cometendo suicídio em um momento muito desagradável.

Duas pessoas atormentadas por seus erros. Uma que tomou consciência de suas falhas e a outra que se entregou ao desequilíbrio mental e sofreu de um desamparo emocional sem chance de reversão.

Cortou meu coração ver essa amizade (quase) acabando em tragédia 😭…

Dessa forma, como culpar completamente qualquer uma das garotas pela tragédia? Creio que ambas tiveram uma parcela de responsabilidade pelo que aconteceu, mas o objetivo do anime aqui não foi apontar culpados ou vítimas, mas sim entregar uma coerente e satisfatória solução para o problema.

Mas, infelizmente, nem tudo são flores, e se por um lado foi bem construída a base para entender a personagem e o que ela buscava, por outro, a resolução do problema não foi tão dramática ou bem articulada quanto poderia. Não me entendam mal, acho que o desfecho não foi ruim, mas talvez um diálogo maior ali seria melhor, apesar de ser compreensível o espírito da garota não ter conseguindo se comunicar normalmente porque se tornou uma entidade monstruosa e excessivamente agressiva.

No fim das contas, a Taeko teve a chance de renascer de novo – em uma situação um tanto forçada, é verdade – e a Rie apaziguou seu coração após ter sido perdoada pela amiga. Um bom final para um caso relativamente simples, mas que ainda poderia ter tido um pouquinho mais de aprofundamento.

O que esperar do anime de acordo após a sua estreia? Vários episódios sobre casos soltos e um ou outro arco mais longo, mantendo uma pegada que mistura comédia com horror, ambos usados na medida certa e nos momentos certos, em uma produção que pode ser modesta, mas mandou bem.

Espero que o anime saiba aproveitar bem sua premissa interessante ao trabalhar decentemente o mundo no qual se situa e os personagens relevantes, o que seria ótimo se feito respeitando o material original sem esquecer de conferir personalidade a adaptação. Já que demorou 10 anos para sair um anime de Muhyo, que ele tenha sido bem planejado para ser o melhor possível, né! Até mais!

Quando o protagonista quer te mandar para um jantar em CDZ com tudo pago e sem volta!

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