Quem participa de alguma prática competitiva sabe como alcançar a primeira vitória é reconfortante. Não dá só confiança, mas também ânimo para seguir na atividade praticada. Para as nossas heroínas, Haruka e Kanata, não poderia ser diferente, afinal, apesar de curto, o caminho delas para chegar até ali não foi assim tão fácil, mas foram as adversidades que se apresentaram desde o começo do anime o alicerce para essa vitória merecida, e interessante de se comentar em mais um artigo de Harukana.

Como já era quase certo, ao usar ostensivamente a largadinha a Kanata tinha um plano, cansar quem estava recebendo as bolas. Aqui vemos como a diferença de experiência é importante para a vitória, porque, até por já ter passado por algo bem semelhante, a Kanata sabia que só defender não daria a vitória para a AiMai, que a vantagem por saber aonde a bola ia parar, na verdade, poderia funcionar como uma armadilha, já que o cansaço gerado pelo “esforço extra” deixaria o ataque desequilibrado.

Não basta defender bem, isso é apenas uma vantagem momentânea em um set, se isso significar que faltará consistência no ataque. Esse ter sido o ponto chave para a virada da Harukana, assim como a sua vitória, age até como uma lição para a AiMai, para que elas aprendam com a derrota e procurem melhorar no que falharam. Contudo, apesar da derrota, não é como se tivessem sido assim tão ruins, o que realmente faltou a elas foi experiência para entender o fluxo do jogo e uma noção melhor dos pontos em que não eram tão boas, o que é compreensível devido a mudança da quadra para a areia.

Por outro lado, a Kanata não esbanjou experiência apenas pela estratégia que adotou, mas também por ter conduzido bem a partida, sabendo se aproveitar bem tanto de variáveis incalculáveis como o vento ou a importância da motivação a parceira, como de variáveis previsíveis como os espaços no campo ou as formas de ataque. Previsíveis sim, mas, dado o esforço extra da adversária, exploráveis para se vencer a partida. Ela conduziu o ritmo do jogo, o que foi essencial para garantir a sua vitória.

Aliás, a Kanata fazer uma recepção “atacando” não só reforça o título do próprio anime, mas realça a importância desse fundamento para ela e para sua dupla. Quem disse que recepção não vence jogo?

Quanto a Haruka, deixando seus alívios cômicos de lado, ela fez algo muito comum a um atleta que está começando em um esporte: ganhou ritmo de jogo, uma melhor compreensão do que fazer, e como fazer, ao longo da partida. A teoria é essencial, o treino vital, mas é só na prática que os dois mostram a sua utilidade, é só jogando que se melhora. Ela fez isso ao ajustar o tempo de bloqueio e foi capaz de apresentar uma perceptível melhora nesse fundamento tão importante, principalmente para alguém de sua altura. Harukana não é exatamente um anime de “Davi e Golias”, nesse sentido ele é mais realista, porque retrata o desejo do “pequeno” vencer o “grande” sem deixar de mostrar que isso é difícil, que, dependendo do fundamento, quem é alto sempre terá uma vantagem natural.

É para superar essa dificuldade que a Ai e a Mai formaram uma dupla, para vencer “gigantes”. Mas, ainda assim, elas perderam, e tudo foi dramaticamente bem explorado e resolvido em uma conversa franca entre as duas, na qual ambas colocaram para fora aquilo que as incomodavam e usaram uma a outra como um ombro amigo necessário. Mas não foi apenas isso, elas são parceiras, uma deu algo em que acreditar para a outra, mas, principalmente, deu a chance da outra acreditar em si mesma. Que é possível se esforçar para vencer mesmo tendo tropeçado, que é normal chorar, mas desistir não. Que falhar uma, duas, três vezes não significa que derrotar “gigantes” seja mesmo impossível.

Foi um trecho muito bonito e gratificante que trabalhou as personagens secundárias de uma maneira útil as próprias protagonistas já que a Kanata passou por algo relativamente similar antes de parar de jogar. É normal no esporte as pessoas traçarem objetivos e se esforçarem para realizá-los, e é ainda mais normal elas não conseguirem de primeira, tendo que fracassar várias vezes até “chegar lá”. Isso pode ser visto pelo resultado final do campeonato: a Éclair venceu – já era previsto, afinal, são uma dupla de nível nacional – e a Harukana saiu já na segunda partida, algo normal para uma dupla nova.

Eu já esperava que elas perdessem na segunda partida, mas não que isso fosse ser cortado. Contudo, acho que isso foi bom, pois deu tempo para trabalhar as personagens secundárias, dar um vislumbre da Narumi e ainda voltar àquela “misteriosa” garota que deve se juntar a extensão do Clube de Vôlei.

Foram pequenos momentos necessários e interessantes que teriam menos tempo ou teriam que ser cortados e/ou realocados em outro episódio para que pudéssemos ver as protagonistas perderem. É algo que um anime de um cour não pode se dar ao luxo de fazer, afinal, o próximo objetivo já até foi traçado: chegar ao nacional. Para elas conseguirem essa vaga, ou chegarem perto disso, os próximos episódios são essenciais. Não há tempo a perder com eventos menores e de pouca relevância para o desenvolvimento da Harukana. Enfim, o episódio foi ótimo e me deixou animado para mais partidas!

Outro ponto positivo foi que ao longo da partida o drama não foi alçado a uma posição de destaque, foi bem mais um bom e divertido jogo de vôlei de praia do que um momento de choque entre visões, histórias e objetivos. Nada contra jogos nos quais a carga dramática fica óbvia a cada lance, mas isso pode trabalhar contra se for explorado de maneira excessiva. Seria o caso de Harukana, que, por se tratar de um anime com muitos alívios cômicos e personagens mais simples, tem que ter um drama que vá só até certo ponto para não destoar do puro e simples prazer de se assistir a um jogo de vôlei.

Será que a mãe das meninas da Éclair vai treinar as meninas da Harukana? Será que a “Narumisa” vai enfrentar a Harukana de novo até o final do anime? E a personagem ainda sem nome, ela será a assistente da extensão do Clube de Vôlei? Estou ansioso para descobrir! Até o próximo episódio!

Harukanaservice