Mais uma das teorias malucas da Sara pode ter caído por terra, o que significa que o anime também decaiu nesse episódio? Não exatamente. Há muitas coisas a se considerar sobre ele, sejam positivas, sejam negativas. A única certeza é de que os mistérios de Island estão tomando forma, ainda que de uma forma perigosa, afinal, mexer com o tempo sempre é um assunto delicado e cabe a nosso herói Setsuna assumir riscos incalculáveis em troca de ganhos absurdos – tudo pelo bem de quem ele ama.

A viagem no tempo não se concretizou de fato, contudo, o artefato misteriosíssimo encontrando foi um indício fortíssimo de que ela é possível, o que poderia sim explicar coisas desconexas na história, mas também pode não ser tão interessante dependendo das condições em que ela acontecer, só que antes de me aprofundar nisso não posso deixar de lado a boa primeira metade desse oitavo episódio.

Aqui vemos claramente o Setsuna 2 com inveja das capacidades físicas do Setsuna 1.

Setsuna 2 encontra Setsuna 1, descobre que Rinne não viajou no tempo, mas, de alguma forma, seu “alter ego” conseguiu salvar a amada de ambos. Não vou entrar no mérito de ser possível ou não um ser humano morrer, ficar na mesma posição por meia década e acabar só o esqueleto daquele jeito; porque simplesmente me falta conhecimento para criticar essa representação e acho ela irrelevante diante de tudo o que estava sendo mostrado naquele momento: a superação da culpa que ela sentia.

Ao compreender melhor os sentimentos do Setsuna 1, ao aceitar sua gentileza, a Rinne foi capaz de ver que deveria era valorizar a vida que ele protegeu e não o contrário. Não dizem que quando se ama se quer ver a pessoa bem e feliz? Foi isso o que ocorreu nessa história, o amor de um tentando proteger o que era mais importante para ambos: a felicidade da pessoa amada. O Setsuna 1 não foi um personagem ativo da trama e por isso não vejo porque lamentar sua morte, ainda mais porque acho que ficou bem claro que o Setsuna 2 realmente desenvolveu sentimentos amorosos pela Rinne e que a morte do 1 era necessária para “bagunçar” mais a trama antes dela dar respostas definitivas.

Aprender a dar valor ao que fazem por amor a você é um sinal de maturidade.

Na volta para casa a Rinne morre e a morte dela, honestamente, não me impactou de forma alguma. É verdade que isso me surpreendeu, mas ela é a heroína principal e duvido que o final do anime seja o bad end (final ruim) da visual novel, então ela vai voltar a vida em algum momento no futuro. Isso praticamente confirma que a viagem no tempo é possível. Já a existência de elementos sobrenaturais e/ou científicos já é certa devido a tal “câmera criogênica” encontrada na ilha menor. Sendo assim, é (quase) certo que existirão meios de reverter qualquer desgraça que se abata sobre os personagens.

Bela adormecida do século XXI. Essa câmara deve ser o sonho de qualquer lolicon, hein.

O importante da morte da Rinne foi elevar a história a outro nível. Não no sentido de dar respostas aos vários mistérios ainda presentes na trama, mas indicar de que forma essas respostas devem ser dadas. O episódio da fuga da Karen não foi completamente em vão, algo que já era bem previsível, tendo sido o foreshadowing necessário para o que veio a ser abordado nesse episódio, a relação da pesquisa da mãe dela com a lenda de Urashima e como tudo aquilo se ligava, como a morte da Rinne provocou um envolvimento a fundo do Setsuna (voltarei a chamar o protagonista apenas pelo nome a partir de agora) com a teoria e o experimento da assistente da mãe da Karen e da mãe da Rinne. É agora que Island começou a indicar que pode fazer algum sentido, que há luz no horizonte dessa ilha.

Proteja esse sorriso pra que você possa ver ele de novo, Setsuna!

Contudo, isso sempre virá às custas de dar um nó na cabeça do público? Achei que a explicação que deram foi confusa – ainda que dotada de um bom volume de informação – e perigosamente vazia. É como se estivessem tentando complicar algo que poderia ter sido mais simples, ao mesmo tempo em que isso pode se mostrar um acerto caso todo o argumento envolvendo essa tecnologia avançada, a viagem no tempo e a repetição da lenda ao redor do mundo; seja bem esmiuçado. O problema é que isso é apostar alto tomando o caminho mais imprevisível. Elogio a coragem da produção em seguir o material original no que tece a isso, mas espero com certa desconfiança para ver como explicarão os próximos passos que o Setsuna vai dar, os que já deu e os que está dando. Afinal, não é todo dia que se dorme no presente para acordar no futuro tentando salvar uma morta no passado, não é mesmo?

Pegaram uma página em branco e começaram a escrever a história por trás da história aos poucos. O fato da lenda de Urashima se “debruçar” sobre um panorama maior ainda a ser explicado foi a prova.

Ele já deu seu coração, o tempo vai ser o de menos…

Antes de finalizar, gostaria de apontar como achei bacana o fato do Setsuna perceber que sua missão não era matar um homem em si, mas o que havia dentro da Rinne do homem que ela amava, o que é ainda mais difícil de se fazer do que matar alguém de carne e osso, pois não há como precisar como a influência de uma pessoa fará outra agir em um momento chave – pelo menos não em um momento inesperado, como foi a revolta do mar naquela hora. Era algo que fugia ao controle do Setsuna e que mostra um lado subjetivo das intenções dos personagens na trama. Por outro lado, a explicação meio científica que tentaram emplacar ainda não me convenceu. Há algo de mítico ali, isso ficou claro, mas ao tentarem misturar com ciência isso pode não dar muito certo. Vai depender de como explicarem a lenda, as OOPArts, a tecnologia avançada; e como tudo se liga e provoca todos os mistérios da trama.

Enfim, as informações apresentadas nesse episódio geraram mais perguntas do que deram respostas definitivas, o que seria um problema se o anime não estivesse em cerca de 2/3 do total, momento no qual semear para colher ainda é possível – mesmo que por bem pouco. Um dos principais desafios do próximo episódio é contextualizar bem todas as novas descobertas feitas pelo Setsuna, assim como ir a fundo no futuro de maneira a mostrar o caminho que leva a consertar o que deu errado no passado sem abrir mão da importância do tempo presente, do questionamento sobre valer a pena mexer com o tempo ou não. Não que o Setsuna deva se deter por isso, mas acho importante que mostrem se há consequências, e quais são elas, atreladas ao uso de tal tecnologia. Como e por que a humanidade foi capaz de obter uma máquina do tempo, e como isso se encaixa com as lendas de diversas Urashimas espalhadas por todo o mundo. Island terá que sair um pouco da ilha se quiser fazer mesmo sentido e não só morrer na praia – ou no mar revolto, como o que levou a Rinne a morte. Até o próximo artigo!

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