Ulysses: Jehanne Darc to Renkin no Kishi – Primeiras impressões
Esse anime é adaptação de uma light novel cuja história se passa no século 15 e usa figuras históricas com um pano de fundo real para contar uma história de fantasia cheia de nomes ruins de se lembrar, clichês e mais clichês, além de forçar todos os tipos de artifícios viciosos que podem ser encontrados na indústria de animação contemporânea. Tem harém, trap, loli e piada com loli, heroína que não vai ficar com o herói – sim, amiga de infância –, etc. Só não tem o roteiro bom, assim como todo o resto.
Por que Ulysses: Jehanne Darc to Renkin no Kishi é tão ruim? Não bastasse os personagens rasos, seu protagonista não ajuda muito a trama, pois ele é um vagabundo, não fosse seu interesse pelo estudo da alquimia que o motiva a buscar conhecimento.
Até aí tudo bem, se fosse só o clichê do garoto que fica obcecado com algo e não desiste até conseguir nem seria tão ruim, mas, e se o resto não ajudar?
Okay, a amizade do grupo dos protagonistas não é exatamente um harém, mas por que insinuar que ela é? E porque fazer as personalidades das garotas serem tão clichês? Tem a medrosa que recebe as brincadeiras da que é a mais soberba e a mais madura que é boa em tudo.
Todas elas coram ao vê-lo e isso só me faz pensar que gostam dele. Uma delas chega a dispensar um garoto, a outra demonstra sentir bastante ciúmes, e a “cavaleira perfeita” confia no menino como seu confidente mais próximo.
O pior é que a dinâmica clichê e sem graça do grupo de crianças nem é o maior defeito da obra, e sim a falta de tato para representar certas coisas. Dou um baita desconto pelo fato da cavaleira loira ser, aparentemente, uma esgrimista que faria inveja até o Kirito de SAO, mas o quanto dá para acreditar que quatro moleques capturaram soldados inimigos?
Aliás, por que eles estavam na floresta mesmo? Era um grupo de reconhecimento? O quão incompetentes esses caras precisam ser para perderem?
O anime não se preocupa em fazer muita lógica, o que podemos confirmar pelas cenas posteriores, a da trap que era para ser o cavaleiro da princesa, e a do irmão leitor de “doujinshis”. Sequer existiam revistas impressas naquela época? Tudo bem que ela era uma princesa, mas não tinha ninguém para dizer a ela que fazer isso com o garoto era errado?
Ainda tem o Nicolau Flamel só corroborando com a ignorância do garoto aspirante a alquimista que não sabia nada de alquimia. O velho ficou parado com um ar misterioso o episódio todo como se soubesse de tudo o que deve acontecer nessa trama.
Tudo bem, esse é outro clichê de personagem, só mais um entre os inúmeros que a obra abordou em sua estreia. Isso atinge até os secundários que estão lá lutando na guerra e a fada que o protagonista invoca e demonstra ser uma bela tsundere. Isso era mesmo necessário? Vai ajudar em alguma coisa?
Jogam um número razoável de coisas da tela, mas não se importaram em trabalha-las de uma forma que passasse uma boa impressão, que provasse que há alguma originalidade e criatividade ali.
Todos os personagens são estereotipados; as cenas de ação são no máximo medianas; a trilha sonora não é ruim, mas às vezes acaba sendo usada de forma inapropriada; e não há nada de interessante para se acompanhar na trama.
Exceto se você, caro(a) leitor(a), gosta da Joana d’Arc e quer vê-la queimar ao ter sua imagem associada a uma obra ruim. Por que ela tem que ser uma loli e beijar o protagonista?
Juro que pensava que o par romântico seria entre ele e a garota que ele quer salvar, mas não, parece que isso não vai acontecer. A promessa que os amigos fizeram foi previsivelmente quebrada tão logo quanto possível e é quase certo que mesmo em lados opostos o jovem alquimista os reunirá de novo.
Uma jornada por um mundo cheio de guerras, clichês para tudo que é lado e o poder de uma pedra que até Jesus usou. Um católico conservador podia até pensar que esse anime é uma blasfêmia, né?
Uma blasfêmia ele é por ser ruim. Não me importo com as figuras históricas das quais se aproveitam, mas da forma medíocre que desenvolvem o roteiro. A direção também não fica atrás, fazendo cenas de ação sem qualquer impacto, e permitindo momentos constrangedores como o do xixi na floresta.
Também não engoli a falta de talento que ele demonstrava ao longo de todo o episódio, mas, mesmo assim, ter sido capaz de usar a pedra para produzir o elixir e, de quebra, com isso ter arrumado uma larga passagem de tempo.
Havia forma melhor de fazer isso, e a pessoa precisa ter um “talento” para fazer alquimia? Não bastava ela ter conhecimento? Okay, isso também ele parecia não ter. No final, achei que o personagem foi muito maltratado pelo roteiro para só na hora H ser capaz de fazer algo.
No fim do episódio sete anos se passaram e eu nem gosto de imaginar o que fizeram com a amiga de infância dele – apesar de que devem só dizer que ela ficou presa, não foi torturada e nem abusada –, mas é certo que ele partirá em uma jornada para salvá-la, vai encontrar a Joana d’Arc pelo caminho e o resto é história…
Nem precisa se dar ao trabalho de ir olhar nos livros leitor(a), apenas a guerra dos cem anos e um ou outro detalhe não são inventados. Para esse anime indico que faça a regrinha dos três episódios. Não devo deixar de ver se piorar porque ruim o anime vai ser, mas pode ser divertido.