Black Clover é um mangá da Shonen Jump (que atualmente está perto de ter 200 capítulos) e no ano passado recebeu uma adaptação em anime pelo estúdio Pierrot. Eu lembro de quando Black Clover saiu e eu também lembro do motivo de não ter lido ou visto ele naquela época… era porque o protagonista gritava horrores. Depois de mais de ano, o principal continua gritando horrores, mas como vamos falar do anime/história em si, não preciso comentar o meu sofrimento e de como enjoei da voz dele… e sim vou usar arquétipos, sem arquétipos eu sou nada. Infelizmente.

Se você não sabe o que são os famosos arquétipos que eu venho e mostro aqui, visita esse post, que você irá entender. Eu vou dar uma breve explicação conforme eu vou apresentando os arquétipos. Mas não será o suficiente para você entender completamente o porquê ou o que ele realmente faz.

Começando com a história, que é bem básica. Não é nada uau, meu deus, revolucionário. O que é interessante, porque maioria dos animes/mangás que eu leio hoje em dia tentam partir pra criatividade e acabam ficando meio criativos demais (em um mal sentido) ou muito bons. Raramente acabam muito bons, mas Black Clover é diferente, desde o começo do anime ele dá a impressão que não vai apresentar nada de inovador. Vai mostrar magias e lutas como qualquer outro mangá ou anime de fantasia. O que é ótimo para essa análise com arquétipos, porque mesmo histórias mais simples usam arquétipos.

O anime deixa bem claro quando e qual arquétipos está sendo usado. Um exemplo é que a história começa com o Demônio ficando louco e destruindo a humanidade, aí aparece o imperador mágico e salva o dia. Nessa parte é bem fácil dizer que o autor usa os arquétipos da Era de Ouro e Ferro e do Professor Deus. A Era de Ouro porque o mundo/reino estava tranquilo até o demônio aparecer e a Era de Ferro porque as coisas começaram a mudar pra pior quando ele apareceu. Em outras palavras o demônio estava destruindo a utopia, ele é o motivo das pessoas entrarem em pânico. Agora o Professor Deus é aplicável por causa do imperador mágico que depois de selar o demônio decidiu guiar as pessoas e assim criar o seu reino. O legal é que o cargo de Professor Deus não parou com ele, conforme o tempo passava esse título é passado de pessoa em pessoa.

No geral, o começo da história não tem nada de mais mesmo. Foi o que eu falei, o autor não se aprofunda na história. Porém o que eu achei mais interessante é o fato que cada personagem é uma história diferente. Ao invés dos personagens serem influenciados pela história, eles meio que ignoram a história e decidem fazer o que querem.

Falta um “inimigo” para criar uma ameaça que influencie todos os personagens. Sim temos cavaleiros mágicos eles combatem qualquer um que causa algum mal ao reino deles. Como também, temos outros reinos inimigos que querem invadir e conquistar território, que parecem estar em guerra, mas a impressão que dá é que um reino está vigiando o outro. Ou seja, o anime dá a impressão que está em paz.

Os cavaleiros mágicos me lembram a polícia ou o exército de hoje em dia. Eles não trabalham pra ganhar uma guerra e sim para construir o futuro deles. Obviamente se eles precisarem eles irão lutar, já que é o trabalho deles. Mas cada policial tem sonhos e objetivos diferentes.

Um exemplo disso são os principais, Asta e Yuno. Ambos foram abandonados pelos pais e largados na igreja. Por causa da história deles serem parecidas eles acabaram criando um laço de amizade bem forte, fazendo com que ambos tenham um arquétipo parecido.O arquétipo que mais me vem a mente e combina com eles, é a “Era de Ferro” por causa do passado deles. O problema é que eles nunca viveram uma utopia, sempre viveram em um lugar humilde, sim, eles eram felizes nessa época, porém eles sabiam que existia um lugar melhor. Adicionando o fato que eles nunca tiveram pais presentes. Ironicamente na “Era de Ferro” geralmente tem um professor que guia as pessoas até o objetivos. Porém em Black Clover isso é diferente, para ambos essa figura é ausente. Mas em troca, eles recebem apoio dos seus veteranos que acabam compartilhando experiências e dicas com eles, que resulta no crescimento deles. Ao comparar os dois é interessante ver que a intensidade desse arquétipo é diferente pros dois. O Yuno vive uma “Era de Ferro” mais suave comparado ao Asta. Graças ao fato dele ser abençoado por ter uma grande quantidade de magia e ter o melhor grimório do reino. Enquanto o Asta não consegue usar magia e a principal fonte de poder dele vem do físico. Consequentemente, ambos têm problemas diferentes também, o fato do Yuno ter tantos benefícios assim resultou no fato que as pessoas sintam inveja dele, enquanto o Asta que não tem nada é constantemente subestimado pelos outros e em alguns casos é zoado e desrespeitado.

Quando tiverem problemas contem com os amigos.

Indo para outros personagens temos a Noelle, que igual ao Yuno possui uma grande quantidade de magia, mas é incapaz de controlar ela. No que resultou em sérios problemas familiares, diferente do Yuno ela é nobre. E nesse mundo os nobres tem a fama de serem mestres em manipular magia especialmente os cavaleiros mágicos. Tem inúmeros fatores da Noelle ser incapaz de manipular os poderes dela, um deles sendo que desde cedo ela tomou a culpa do falecimento da mãe dela quando ela nasceu. Por causa dessa culpa é seguro falar que ela desenvolveu um trauma, porém isso não é especificado. Ou ela simplesmente não consegue controlar os poderes dela mesmo.  Esses fatores também se encaixam no arquétipo da “Era de Ferro”.

Não jogue água nos irmãos. Não jogue em ninguém, não desperdice

Inicialmente esses três são os personagens que são apresentados no começo, com o decorrer da história isso vai mudando. Mais e mais personagens são apresentados. Alguns não são tão desenvolvidos assim e outros recebem um desenvolvimento interessante. Porém maioria dos personagens que recebem um pouco de carinho tem um arquétipo diferente. Como eu mencionei antes, existem outros personagens que saem desse arquétipo que é algo que irei entrar em mais detalhes agora.

Mencionando alguns personagens que fogem desse papel de “estou na merda e por isso preciso trabalhar duro pra melhorar a minha vida” tem os personagens da nobreza, como a Noelle. Aqueles que são padrão (pro anime), que conseguem controlar a magia deles e possuem uma quantidade grande de magia. Não vou citar personagens, já que não vale muito a pena citar eles pelo simples motivos deles não receberem nenhum tipo de atenção ou desenvolvimento. Mas é seguro dizer que eles vivem o ápice do que o anime pode oferecer, dinheiro, poder e confiança. Resultando que eles se encaixam no arquétipo da “Era de Ouro” que é basicamente o contrário da “Era de Ferro”. Dizendo isso não quero dizer que eles não treinam, mas eles meio que treinam com o propósito diferente do Asta ou da Noelle. De um lado os nobres treinam pra zombar dos outros, enquanto do outro o Asta e a Noelle treinam pra conseguir ter o reconhecimento dos outros.

Geralmente eu gosto quando o anime tem penteados diferentes, mas esse aí meu broder, riquinho tem gosto estranho mesmo hein.

No geral Black Clover é um anime interessante de acompanhar. Com o decorrer do tempo o anime apresenta novos personagens com vidas diferentes. Além do fato que o autor consegue misturar cada personagem de um forma boa sem criar nenhum desgosto que faça você dropar o anime (tirando o cara siscom, esse aí é meio tenso pra mim). Outro fator que agrega no anime, é a criatividade do autor em criar magias. As magias que o anime oferece são todas bem diversas, tem até as mais comuns como umas bem inovadoras (como espelhos mágicos ou compassos mágicos). No final, Black Clover é como falei no começo, o anime já deixa claro que não vai deixar ninguém de queixo caído por causa da história, e sim que pretende divertir as pessoas com a sua criatividade.  

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