Sword Art Online: Alicization – ep 9 – Assuma a responsabilidade, Eugeo!
Esse episódio foi meio morno, conseguiu ser um poço de questionamentos e teve um final um tanto quanto “inesperado”. Mas achei boa a proposta de focar mais no Eugeo. É hora de SAO no Anime21!
Pensei que aqueles nobres falastrões seriam só figurantes chatos mesmo, e eles são isso, só que têm poder para incomodar, de verdade, o Kirito e o Eugeo.
E foi o que vimos nesse episódio focado no sub-herói do arco, só que de modos distintos. Um mais fácil de analisar, o outro um pouco mais delicado.
Confesso que gostei da luta do usuário de L’Oréal Paris contra a segunda cadeira. Nela, o “tocado” foi ele, e não o contrário. Apesar do golpe que o Eugeo deu ter sido bem forte, o duelo teve mais jeitão de empate e não acabou na hora H.
Além disso, houve a represaria esperada, já que as forças dele e de seu comparsa são baseadas na arrogância que eles cultivaram ao longo de suas vidas desprezíveis.
Gente assim não descansa até puxar o tapete de quem incomoda.
Enfim, isso fez o debate moral dos protagonistas e suas kouhais ser ainda mais necessário, já que a moral do Kirito já era algo esperado, mas não custava pôr em palavras. Até a fim de contrapor a moral deturpada dos nobres esnobes.
Os mocinhos reconhecem seus deveres e direitos, seus preceitos morais, como seres que detêm o poder e/ou a força – assim como a lacuna perigosa existente entre o que a lei proíbe e o que ela não cobre.
Esse discernimento é importante para evitar casos de abuso de poder e vários tipos de assédio, e até aí tudo bem, os argumentos usados pelo Kirito para defender o ponto dele eram sim coerentes.
Mas se ele pensa dessa forma, por que só agiria – e seguindo as normas à risca – caso a situação voltasse a se repetir? Ele não pensou na moça que foi assediada e não queria passar por tudo aquilo de novo?
A cena dele explicando o que faria caso o problema persistisse, fez-me encontrar nos argumentos do Kirito um furo lógico.
Para ele é conveniente falar que seguir as regras é importante, mas também é importante encontrar um meio-termo de acordo com o bom-senso individual, se é um problema que diz respeito a ele. Como atingia uma pessoa que ele desconhece, estava tudo bem em só seguir a lei.
Eu entendo o Eugeo pedir aconselhamento ao Kirito sobre o que fazer, porque, na realidade, ele é a “segunda cadeira” do protagonista – o amigo que também é meio capacho –, mas ao menos ele foi tomar as dores da situação para si com um senso de responsabilidade – para “resolver” o problema.
O Kirito foi o Kirito, só se importou com o que estava na frente do seu umbigo. Nenhuma novidade…
A cena final foi bem estranha, porque eu não entendi se o Eugeo percebeu que sua kouhai estava se declarando e foi na onda, ou se ele achou que ela apenas queria apoio emocional e amizade; e não algo a mais.
Se foi o primeiro caso, sinceramente, ele é um sacana. Se foi o segundo, um lesado. Acredito que ser lesado faça mais o perfil dele.
Além disso, ele passou o episódio todo se questionando sobre a identidade da sua espada, de onde ele tirava a sua força.
Pode não ser só pela Alice, mas também é por ela, então dar falsas esperanças a outra garota agora seria muito leviano da parte dele. E ele não me parece o tipo de cara que, eventualmente, levaria as duas no bico. Ele é o herói, é muito certinho.
Enfim, espero que ele ajude sua kouhai iludida – mal sabe ela que o coração dele é de outra – e que a probabilíssima quebra – ou as circunstâncias que levarão ao questionamento do código – de um tabu agite um pouco essa trama tão monótona.
Alicization não está assim tão ruim, mas já se passou mais de um sexto do anime e até agora a trama pareceu ter evoluído pouco – se não pouco, de forma não interessante.
E eu até entendo que eles precisam de mais poder para ir até a Alice, mas não engulo a necessidade de dar toda essa volta para isso. Que garantias eles têm de que ela ainda está viva? Eles não estão investigando o paradeiro da garota?
O quão idiota é sair em uma jornada atrás de alguém que você só sente que está vivo, mas sem certeza alguma, sem ir atrás de pistas que levem a pessoa?
Se os mostrassem investigando, daria para engolir o tempo que eles passam brincando de espadinha.
Como último comentário, não só o caso de assédio que a figurante azarada sofreu, mas o temor da figurante não tão azarada também me alertou para um problema dessa sociedade certinha demais, determinista demais: o papel da mulher nela, a maneira como esse código de tabus é desfavorável para as mulheres devido às suas brechas.
Não é como se elas fossem ser estupradas e mortas só ao sair na rua, mas ter que se submeter ao poder alheio ou manter relações baseadas no interesse das famílias também são formas de violência contra a mulher. Elas podem parecer “menos piores” que as que vemos hoje em dia na nossa sociedade, mas, na verdade, isso não é algo que deve ser “pesado”.
Por isso eu achei que a forma do Kirito lidar com a situação foi muito babaca. Se ele realmente fosse esse herói que querem fazer a gente engolir, ele jamais cogitaria um cenário no qual a vítima tivesse que voltar à posição de vítima outra vez.
Eu esperava um convite para duelo em troca da autorização para a garota trocar de tutor. Duelar por besteirada pode, não para defender a honra de uma pessoa.
E eu esperava um convite do Eugeo, não dele, mas ele como “bom conselheiro” deveria ter indicado isso. Não indicou porque poderia sobrar para eles, e mais vale que saiam ilesos a isso que a proteção aos mais fracos da qual o Kirito falava.
Isso é conveniente, não é? Isto é o Alicization para todos nós!