Não é como se eu tivesse me apaixonado pela personagem Boogiepop, nem nada do tipo, nem pela personagem Imaginator… Deixando a boba frase que uma tsundere proferiria de lado, esse episódio não foi erguido sob a sinuosidade da linha do tempo, mas na forma como diferentes pontos de vista interligados foram abordados. Novos elementos foram sacados, outros personagens tiveram tempo de tela e só uma certeza ficou clara sobre essa trama. Nada é certo, e o que não é comentarei agora.

Juro que não percebi que o garoto sendo ameaçado no final do episódio anterior era o irmão da Nagi – e não é como se o design dele fosse marcante –, mas, sendo sincero, ele foi de longe o personagem menos interessante explorado nesse episódio, afinal, é normal que ele siga a cartilha anti-normies da diferentona irmã, e que se apaixone à primeira vista por uma garota intrigante e que, ainda por cima, o defendeu em uma situação incômoda.

Na minha cabeça, a Nagi ser “especial” já virou um meme.

Um ser humano costuma se sentir atraído por aquilo que ele não entende. Eu não estou dizendo que os sentimentos dele sejam ilegítimos, mas justo a “estranha” chamar a atenção dele, quando muitas outras normais pareciam afim, foi tudo menos por acaso, né?

Boogiepop não se dá ao luxo de ter acasos inconvenientes, ao menos ainda não fez isso. O fato é que a Camille é uma personagem interessante, pois, desde que abriu sua boca pela primeira vez deu para sacar que havia algo deslocado nela. É falta de ânimo, de personalidade, talvez de encanto pela vida?

Quais são os segredos que se escondem por trás desses globos oculares, hein?

Não sei e, na verdade, duvido que seja algo tão simples. Tanto é que depois nos é informado que ela faz o que qualquer pessoa quer, que qualquer pessoa podia tomá-la como seu “objeto”, usá-la como bem entendesse.

Contudo, não é o que o irmão da Nagi faz – o cara se destaca tanto que até esqueci o nome dele –, pois ele não a impõe nada, mas se aproxima da garota e a trata como se deve tratar a namorada se você tiver uma.

Daí ela se apaixona – negar é um dos sinais mais claros disso –, só que é claro que ela não poderia se apaixonar, há algo a impedindo de agir livremente, de ser uma “pessoa”.

Que ela não seja a próxima Kamikishiro, por favor.

É a Organização Towa que nos é apresentada de maneira um tanto quanto abrupta? Acho que sim, e ao meu ver ficou ainda mais claro que o Imaginator está por trás disso. Mas a Imaginator 1 que criou o Imaginator 2? Se fosse o caso, por que o 2 interferiu com um fantoche dessa organização? Será que há outro Imaginator por trás dessa organização?

Não acredito que haja uma terceira existência – um “Towawator” – por trás disso, nem que existam humanos sintéticos e fantoches por acaso. Tudo está interligado. Aliás, a maneira como os pontos de vista foram abordados deixou isso mais contundente.

E a central, onde é que fica?

Foram explorados dois casos distintos de amor à primeira vista, mas os dois compartilhavam pessoas envolvidas e elementos estranhos; sobrenaturais por excelência.

Tive a impressão de que a Camille é um experimento para criar outro Imaginator e, se não isso, ela com certeza não era o mero fantoche que o Anou era, mas, apesar disso, ele foi o personagem mais interessante desse episódio; e um que tem tudo para não retornar à trama.

Mas ele não fará falta, pois Boogiepop tem mais o propósito de transmitir ideias do que contar a história de um personagem – o que também vale para a Boogiepop, e no caso específico dela, essas ideias devem predominar sobre o que há para contar de seu passado.

O Anou se apaixonou à primeira vista pelo irmão da Nagi, mas ele não sabia lidar com tal sentimento e ao invés de se declarar ou tentar uma amizade, tentou o caminho mais estranho.

Uma coisa legal é que em nenhum momento a situação foi exposta como se ele não soubesse lidar com o fato de estar gostando de um cara, em nenhum momento pareceu ser esse o problema ali; nem deve ser de modo algum. O problema é que ele não sabia lidar com essa atração, diferente do que fez a criatura amada.

Pessoas assim existem – stalkers não são lendas urbanas, né –, não à toa ele se expôs e acabou sendo manipulado. Mas, repito, não foi porque ele era gay ou bissexual, mas porque estava sentindo dor, e deu azar mesmo.

Qualquer outra pessoa “normal” na situação dele devia ter sido controlada, mas eu acho que se ela não estivesse passando por um sentimento de frustração tão anormal seria mais fácil sair do encanto. Foi preciso o professor agir para salvá-lo; mesmo dizendo que ele não teria salvação.

Aliás, eu pensei que o Imaginator 2 seria um vilão nesse episódio já que o 1 tirou uma folguinha, mas eu não poderia estar mais enganado. Nem o gordo loiro foi exatamente um vilão, afinal, ele também é fantoche de outra criatura.

Na verdade, devo me horrorizar ou me animar por sintetizarem pessoas nessa história? O processo como isso acontece nem deve ser o relevante, mas o motivo sim, e qual a utilidade também.

Isso remete à Organização Towa que, pensando bem, se fosse mesmo controlada por um Imaginator seria alvo direto da Boogiepop, ou não necessariamente? Não pareceu ser o caso, então isso significa que a Boogiepop poderia só ignorar a existência dessa organização caso ela não a incomodasse, ou que ela perdeu seu rastro e não poderia fazer mais nada sobre as suas ações?

Não me pareceu que ela realmente se importa com a tal organização, só que não deixaria o garoto ser usado e abusado por ela, mas sendo esse o caso, não seria contraditório para uma existência que zela pelo bem-estar dos humanos? Qual a exata parcela de envolvimento que a Boogiepop deve ter?

Não tinha como a Boogiepop virar as costas para isso, mas para o resto – e qual resto? – ela vira?

Tem a cena em que o Imaginator 2 age como “curandeiro”, né? Ela me fez catar certos detalhes.

Primeiro, se você prestar atenção no início da cena verá a Miyashita Touka estudando com a quatro-olhos, que eu esqueci o nome, no mesmo cursinho do Anou. Coincidência? Não, a Boogiepop deve manipular as ações da Miyashita de seu subconsciente.

Segundo, ela estava de “tocaia” para ver o que o professor faria e por acaso, só por isso, tropeçou com o lacaio da organização, ajudando também a vítima dele? Por incrível que pareça, foi o que pareceu e, no final das contas, Boogiepop ainda está na estaca zero em sua busca pelo Imaginator 1, já que tem Imaginator 2 as vistas, só ainda não agiu para detê-lo.

Eu creio que sim. Então Imaginator 1 está por trás de tudo? Acho que não da Organização Towa, e como tal grupo vai influenciar na história ainda é uma incógnita para mim; no máximo posso apenas supor.

E eu aposto que a Camille é a chave para destravar toda essa situação, e torço por um final feliz para ela, para que ela consiga se apaixonar sem restrições – e que a Nagi apareça e mostre porque é assim tão diferentona do resto da sociedade.

Que a neve caia em abril que nada, até lá Boogiepop terá tido seu final, eu torço é para que ele continue a aguçar minha curiosidade pelas próximas semanas e que a Camille não seja odiada. Mas não é como se eu tivesse me apaixonado por ela à primeira vista, né…

Será que no próximo episódio entenderemos melhor o que esse quadro, essa metáfora, quer dizer?

Comentários