E lá vamos nós de novo!

Novamente Tate no Yuusha veio com um episódio em que tivemos que presenciar cenas que podem nos trazer muita raiva. Desde o começo Naofumi é o único herói que sofre com o Rei e suas tentativas de prejudicá-lo simplesmente por ser uma figura que não escolheu ser. Retirado de seu mundo, casa e família, ele tornou-se o herói do escudo e por conta de sua ingenuidade e falta de conhecimento, além dos problemas que aconteceriam de qualquer forma, sofreu e com muito esforço e dificuldades conseguiu sobreviver. E novamente tentaram lhe tirar tudo, ou melhor, o que havia restado de seu espírito junto de alguém importante para ele.

Um questionamento importante sobre a obra é sobre a escrava comprada por Naofumi. Moralmente não é certo e mesmo ele tendo vivido numa época em que isso era proibido, não pensou duas vezes antes de fazer a compra. Porém, acredito que é importante tentar entender o lado dele nessa história, afinal, ele precisava de um(a) companheiro(a) para lhe ajudar pois só o escudo não seria suficiente. E estando num país onde ele não é bem recebido e não tendo nenhuma opção disponível, comprar um escravo era o que lhe restava. Felizmente ele tratou ela bem, deu comida, medicamentos e no fim, desenvolveu uma bela relação com Raphtalia, à qual acabou sendo digna de agradecimentos.

E após uma cansativa batalha, era a hora de comemorar, ou ao menos faturar uma grana por conta de seus esforços. Logicamente se não fosse por essa causa ele não ficaria na comemoração (com completa razão) e inclusive eu não acharia estranho se nem para pegar o dinheiro ele fosse. O problema é que temos um herói extremamente manipulável, o famoso “gado”, pau mandado ou qualquer outra definição que você conheça, que tinha de se meter onde não foi chamado e conseguiu estragar tudo.

E sobre esse incidente tem alguns detalhes que me chamam a atenção e que valem a pena destacar.

O primeiro deles é sobre a burrice dos outros heróis. Não, Naofumi não é nenhum gênio e a obra não faz parecer isso ao emburrecer os outros heróis. Mas é impressionante ao mesmo tempo que incomoda ver que tantos absurdos acontecem e eles não fazem nada ou simplesmente deixam rolar até certo ponto. O pior de todos acaba sendo Motoyasu, herói da lança, que protagonizou as atitudes mais tolas até então e obviamente não se desculpou dizendo a famosa frase “eu não fiz nada de errado”. Aliás, considerando a época de onde eles vieram, questionar nessas situações não seria o mínimo a se fazer? Ainda que Naofumi seja inútil na teoria, nessa situação cada herói não seria essencial? Até porque se não fosse necessário nem existiria, né?

O segundo ponto é a questão do duelo. Obviamente foi tudo premeditado e o herói da lança só foi um mero peão, mas qual o sentido de tantas acusações sem provas? Como ele em especial pode ser tão burro e tapado para simplesmente sair tirando conclusões sobre uma situação? E mesmo que ele dissesse que Raphtalia estava defendendo Naofumi por conta da relação mestre-escravo, em momento algum ele deu alguma ordem para ela, dando uma pequena demonstração de que não era o caso. Iria mudar alguma coisa se ele ou os outros tivessem percebido? Não.

E pegando carona nessa questão da relação entre Naofumi e Raphtalia, perceberam a contradição presente nas pessoas desse país? Ok, tudo relacionado ao herói do escudo é marginalizado, mas dizer que é errado ele ter uma escrava é um tanto quanto engraçado considerando que a escravidão é permitida nesse país. E uma coisa que me deixa insatisfeito nessas cenas é o silêncio de Naofumi, pois ao menos ele devia jogar na cara de todos ali que ter uma escrava era a única opção que havia restado. A verdade é que esse tipo de discussão seria interessante, pois conheceríamos um pouco mais sobre os outros heróis e, claro, entenderíamos melhor os pensamentos de Naofumi.

Nós sabemos que ele nutre mágoas e ressentimentos sobre tudo o que lhe aconteceu, mas seus pensamentos sobre os outros heróis, Raphtalia e outras coisas, era superficial demais. O ponto bom disso é que ao menos no final nós tivemos um pouco desses pensamentos expostos, expressos em palavras e lágrimas, após uma cilada para uma luta que já estava perdida. E sobre a luta, é notório que Naofumi é superior ao Motoyasu, algo que todos os que estavam ali perceberam e presenciaram.

E no fim, novamente Raphtalia deu para Naofumi o que ele precisava. No episódio anterior ela foi sua espada após uma declaração firme e sincera. Nesse, ela ofereceu um “ombro amigo” para que ele pudesse chorar, ou melhor, lavar sua alma depois de tanto sofrer. Como eu havia comentado no artigo do episódio passado, Raphtalia tem uma função muito importante para o Naofumi no que se refere aos sentimentos. Antes ela era alguém que trazia a luz o que havia restado da boa pessoa que ele é e/ou pode ser. Agora, ela foi aquela que abriu os olhos dele para a realidade usando palavras sinceras e verdadeiras que livraram ele daquela escuridão que estava preso.

Agora ela não é mais escrava dele e talvez isso nem importa mais. Ela é uma preciosa companheira que mostrou para ele por meio de ações que ainda há esperança nessa situação tão desconfortável. E agora com esses laços mais fortes do que nunca, espero ver um novo Naofumi, um que não sinta apenas o bom gosto que um sanduíche pode ter, mas sim, um que possa desfrutar dessa jornada cheia de desafios com companheiros de verdade e não, não precisa deixar de ser mal-humorado, mas sim lembrar que ele tem alguém com quem ele pode contar.

No fim, a explicação sobre o crescimento da Raphtalia foi dita de maneira básica e sinceramente eu acredito que isso nem importa depois de tudo o que aconteceu. Agora é esperar para o que vai acontecer no próximo episódio e torcer para que dê tudo certo… ou não.

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