O que dizer depois de outro episódio aquecedor, mas que ao mesmo tempo fica tentando arrancar uma lágrima sua? A Haru quer por fina força nos fazer ficar mais e mais apegado a ela e a sua história, assim como Subaru também tenta nos mostrar que vai muito além de um ser socialmente inapto, os outros personagens então eu nem comento. Então pra entender melhor essa sensação, sigam me os bons!

Doukyonin é um anime que me agrada bastante porque apesar de ser leve e relaxante, ele sempre nos mostra pequenas reflexões e dramas pessoais que tornam todo o contexto da obra muito mais rico. É de se impressionar a capacidade da direção de navegar entre a comédia, o meio termo e os feels em cada episódio sem criar uma bagunça na execução disso.

Primeiro, eu queria deixar registrada a minha alegria em confirmar que o carinha da semana passada é ninguém mais, ninguém menos que Yugo Okami, o irmão da Nana weeeeeee meu ship tá salvo!. E qual não foi a minha surpresa ao ver que ele ainda tinha um extra que era sua personalidade dócil e relativamente tímida.

Yugo é do tipo de irmão que pra proteger sua irmã avoada vira uma onça, mas em vias normais é uma pessoa super do bem, também achei interessante a obediência que ele tem a Nana, além da sua boa educação – gostei dessa quebra na impressão, onde ele aparenta ser grande e rude, mas é bem light ao melhor estilo Takeo (Ore Monogatari).

Depois que conseguiu resolver o mal entendido com Yugo, vemos que Subaru pega um pepino bem maior e que vai ser legal de se explorar nos próximos episódios. O escritor vem trabalhando sua mudança aos pequenos passos e convenhamos que ele está se saindo muito bem, no entanto seu encontro com a família de Nana despertou um novo desafio pelo qual ele não esperava.

Subaru desde pequeno tinha o interesse de compartilhar as coisas que lhe interessavam com os outros, mas não tinha o traquejo social pra tal feito e agora ele lida com dois fãs aficcionados de seu trabalho e que ainda o indicam pra ele. Trocar indicações era uma experiência totalmente nova, e se já era difícil se comunicar pra falar do que não lhe pertencia, imagina agora que o alvo da atenção é ele? – por hora me parece que ele vai tomar o atalho mais seguro e manter segredo, a questão é até quando essa identidade ficará oculta de seus vizinhos.

Com sua paz profissional em jogo, Subaru foge da casa de Nana sem muitas explicações, e a moça claramente pensa que tem a ver com o fascínio de Yugo pelo romance escrito por ele e a “aflição” com que ele falava do assunto, partindo ela pras desculpas e ele fazendo o mesmo.

Observar o carinho que Yugo tinha pelo seu livro, fez Subaru pensar a importância de uma obra na vida de quem a lê. Normalmente quem escreve imagina o sentimento que espera causar no leitor e os eventuais valores e lições que estarão escondidos ali pra se aprender, no entanto a reflexão de Subaru nos mostra que ele não escrevia pensando em “mudar o mundo” mas ele escrevia aquilo que lhe dava prazer sem esperar resultados específicos.

Agora ele estava presenciando alguém que estava sendo afetado diretamente pelas suas palavras e idéias, alguém que via coisas novas sobre a vida através de seus olhos, acendendo uma nova luz em sua transformação pessoal e lhe dando um vigor extra como escritor – até cartinhas de fã ele ganha minha gente.

A segunda parte do episódio já vem pra deixar o coração de todos do tamanho de um grão de arroz. Assim como Subaru passa a compreender certas coisas, Haru também passa a assimilar melhor valores perdidos de amizade, carinho e família – nessa parte eu traço um paralelo de Doukyonin com Violet Evergarden, porque a forma como as coisas se encaixaram me fizeram lembrar dela de algum modo.

Haru tem um interior bem similar ao da Violet, a autômata é uma sobrevivente de guerra que não tem noções plenas de certos sentimentos e conceitos devido a suas experiências de vida distintas, como a gata. Haru cresceu contando apenas com seus irmãos menores e passando por situações extremas em que conseguirem sobreviver ao dia seguinte era um verdadeiro milagre.

Assim como Violet no limbo encontrou a Gilbert, Haru encontrou forças pra se reerguer nos valentes Tora e Kuro iguais ao nomes, que são dois gatos de rua também sobreviventes e que a ensinaram o que precisava para proteger a si e seus pequenos – gostei bastante da dupla felina porque são personalidades fortes e marcadas pela dureza da vida, mas que não deixam de ser mais humanos pelo infortúnio.

Ambas também precisaram dar adeus aos seus protetores ainda muito cedo, com pouco tempo pra aprofundarem mais os seus laços, aprenderem mais sobre a vida e sobre esses pequenos sentimentos que são tão importantes. Isso deixou um buraco que só poderia ser preenchido pela presença de outras pessoas que com empatia pudessem ensiná-las onde haviam parado, como a equipe de Claudia e a família de Nana.

O episódio nos mostrou que a família de Haru foi dividida em vários pedaços: dois foram adotados previamente ainda quando Tora e Kuro estavam com eles, e durante a fuga com os corvos Hachi ficou com Nana, Haru parou nas mãos de Subaru e infelizmente o outro que não conseguiu se esconder acabou morrendo – odeio aqueles corvos profundamente, acabaram com a pontinha de esperança que eu tinha de encontrar o outro gatinho e rever Tora e Kuro QUERO VINGANÇA.

Com essa separação e perda, Haru ficou como a conhecemos agora, uma gatinha em branco pronta pra ser preenchida pelo carinho de seus novos amigos e família. Achei bacana a participação do gato Roku na mudança da Haru, no início achei que ele seria apenas um tipo de Garfield, mas ele é maduro, calmo e muito amigável.

O discurso firme e as ações dele junto a Yugo, Hachi e Nana são o gatilho que dispara as noções que Haru tinha perdido lá atrás. Ela passa a associar a palavra família que tanto ouvia por aí, ao conjunto de pessoas e animais que viviam tão harmoniosamente e cuidando um do outro bem na sua frente.

Agora que Haru passou a entender o significado de algo tão simples, é isso que ela quer buscar pra si, recomeçando do zero com Subaru, outro que assim como ela está correndo atrás do que acabou se perdendo no caminho.

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