Bom dia!

Nesse episódio o anime se desviou da trilha de sofrimento em que se havia metido desde os primeiros episódios com uma história quase paralela, que termina em uma nota de esperança e sem participação relevante dos protagonistas.

Dororo e Hyakkimaru seguem pela estrada, quando escutam barulhos suspeitos e dão de cara com uma mulher-aranha. Hyakkimaru imediatamente tenta matá-la mas ela usa suas teias e consegue escapar, ainda que bastante enfraquecida. Sua vítima, um humano, é solto da teia, mas parecia estar tendo prazer quase sexual de estar lá.

No dia seguinte chegam ao vilarejo mais próximo, onde descobrem que pessoas têm desaparecido todas as noites. Só pode ser a mulher-aranha que viram, conclui Dororo.

 

O guarda e a muralha

 

A primeira coisa que perceberam sobre a vila é que ela tinha um controle rígido de fronteira. Com pessoas desaparecendo, parece fazer sentido. Em seguida, percebem que não há campos nos arredores, eles não produzem a própria comida.

É uma vila mineira. Seus habitantes trabalham em uma pedreira por perto e recebem o que precisam do senhor daquelas terras. O que não quer dizer que estejam recebendo o suficiente.

Ainda assim, a Dororo parece muito mais grave o problema dos desaparecidos – e é também uma oportunidade de lucrarem a recompensa. Como a vila não produz comida, ninguém tem nada para dividir com eles, que precisam se alimentar apenas com o que acham na floresta ao redor. Eles passam alguns dias comendo mato, literalmente. E durante as noites procuram, sem sucesso, a mulher-aranha.

 

Ohagi é encontrada desmaiada na estrada e é levada pra casa por Yajiro

 

Ocorre que a mulher-aranha havia se disfarçado de mulher humana para poder entrar na vila, mas de tão fraca que estava desmaiou no caminho. Um aldeão chamado Yajiro a encontrou e a levou para sua casa – era o que ela precisava.

Notando o quanto estava fraca, Yajiro deu a ela arroz, provavelmente toda a sua ração daquele dia. Ele diz que já comeu, mas seu estômago diz o contrário. Ohagi (o nome que Yajiro deu para ela, já que ela disse não ter um nome) parece ter percebido isso.

Ohagi provavelmente pretendia sugar a força vital de Yajiro durante a noite, mas ele fez e disse algo que a tocou: soltou uma barata, ao invés de matá-la, e quando questionado respondeu que vida é vida, não importa se humana ou de um inseto. Meio humana e meio aranha, deve ter sido a primeira vez que Ohagi sentiu-se aceita, e ele nem sabia ainda a forma verdadeira dela.

Naquela noite, enquanto dormiam, ela se levantou para sugar sua força vital, mas desistiu. Não fez isso nem naquela nem em nenhuma outra noite.

A coisa, porém, é que aranhas são carnívoras obrigatórias, e imagino que isso se aplique para demônios aranha também, então mesmo com todo o arroz que Yajiro dividia com Ohagi, ela continuou definhando.

 

Ohagi está definhando

 

A vila, a seu próprio modo, também estava “doente”. A comida que eles recebiam era apenas o mínimo do mínimo. Não havia um médico para tratar quem adoecesse ou quem sofresse um acidente na pedreira.

Acidentes que pareciam ser frequentes. Os guardas do senhor local não estavam lá para proteger os aldeões, mas sim para submetê-los e forçá-los a trabalhar. Em caso de acidente, o problema era de quem se ferisse.

Conforme a realidade opressora da vila é revelada, mais pessoas desaparecem, enquanto Ohagi enfraquece. O sequestrador não pode ser ela. Sutilmente o anime começa a sugerir que o sequestrador seja, na verdade, Yajiro. E era ele mesmo. E outros aldeões sabiam, mas se recusavam a denunciá-lo.

Ocorre que ele não estava sequestrando ninguém, mas sim ajudando as pessoas a fugir.

 

Um acidente na pedreira. Rotina

 

Yajiro não matava insetos porque acha que todos os seres vivos têm o direito de viver, e Ohagi não matava humanos porque é mais eficiente sugar apenas o suficiente para sobreviver e deixar a pessoa se recuperar depois.

Por isso aquele primeiro homem que Dororo e Hyakkimaru libertaram estava em êxtase. Deve ter sido seduzido pela mulher-aranha para que continuasse retornando a ela sempre que se recuperasse, e não a delatasse jamais.

Ao longo do episódio, a sedutora mulher-aranha acabou seduzida pela bondade sem limites de um humano, que continuou ao lado dela mesmo depois de descobrir sua verdadeira natureza.

Mas ela ainda era um demônio, e por isso Hyakkimaru não tinha intenção nenhuma de ignorá-la. Sua alma era vermelha. Na confusão, os guardas quase impedem a fuga e capturam Yajiro, que de todo modo teve sua identidade revelada então não poderia mais continuar na vila.

Ohagi conseguiu lidar com os guardas, mas Hyakkimaru estava em outro nível. No momento em que ela decidiu lutar com ele até o fim, porém, Yajiro interveio, dizendo-lhe para que não matasse. Ela nunca matou uma pessoa e deveria continuar assim. Ohagi então desiste de lutar, e enquanto suga a força vital de Yajiro sua alma muda de cor para um tom amarelado. Hyakkimaru os deixa ir embora.

E assim termina o breve conto de esperança e amor entre o homem-humano e a mulher-aranha. Ou assim começou, mas foi nesse ponto que terminou o episódio. Duas criaturas muito diferentes que no entanto foram atraídas por necessidades mútuas: comer, viver, e amar.

 

Ohagi e Yajiro, conforme vistos pela visão sobrenatural de Hyakkimaru. A alma dela passou de vermelho para amarelo

 

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