Kouya no Kotobuki Hikoutai – ep 8 – Armação
Bom dia!
Aí está, o Isao armou para cima do Kotobuki. E nem foi porque sejam um adversário político, é por puro despeito porque a flotilha das garotas interferiu nos planos dele mais de uma vez, ainda que não saibam de nada.
E foi um plano perfeito, não havia como ele perder. Qualquer hipótese seria positiva para ele – talvez houvesse uma hipótese neutra, mas talvez nem isso. Continue lendo que vou destrinchar tudo o que poderia ter acontecido e como sempre seria vantajoso para Isao.
É importante reconhecer um mérito do anime: ele não precisou ficar explicando nada nem criando situações artificiais para que desconfiássemos do Isao. Quero dizer, eu não desconfio mais, eu tenho certeza. O mistério é óbvio mas é bem feitinho: mostra, não conta.
A execução no detalhe, porém, nem sempre é tão bem sucedida.
Para colocar o Kotobuki em situação de perigo, potencialmente conseguindo acabar com ele, e ainda fazer propaganda positiva de si mesmo, Isao os contratou para levar um peixe até Ikesuka. Foi uma contratação ao vivo, de surpresa, diante da imprensa, de modo que Loulou simplesmente não poderia recusar sem arriscar a credibilidade da sua Companhia Ouni, da qual o Kotobuki é a flotilha de apoio ofensivo e defensivo.
Ao mesmo tempo, a missão, que já era arriscada por natureza, teve seu risco amplificado pela cobertura jornalística. A quem quer que interessasse, por bons ou maus motivos, era público e notória quem, quando e para onde estaria realizando transporte tão valioso e importante.
E é a esse ponto em particular que a minha crítica sobre a execução no detalhe se refere: diante das circunstâncias, ver a notícia no jornal foi o suficiente para eu entender o risco e a armação toda. Mesmo assim Kotobuki fez sair da boca de um de seus personagens que, por ter saído no jornal, a missão se tornava mais arriscada.
Pior do que falar ao invés de mostrar é mostrar e falar mesmo assim. Isso equivale a duvidar da capacidade do espectador entender a história. Enfim, retorno agora à armação e todas as suas possibilidades – e porque o Isao sempre vence.
Como sabia que era uma missão perigosa, porque ele planejou que fosse, o novo prefeito de Ikesuka ofereceu o suporte de sua recém formada Associação Irmandade da Liberdade, uma numerosa flotilha para, supostamente, a defesa de Ikesuka. E talvez de outras cidades que são suas satélites políticas, quem sabe.
De novo, se Loulou aceitasse, diminuiria a credibilidade do Kotobuki, ao mesmo tempo em que estaria dando testemunho da importância da Associação criada por Isao, que ainda enfrenta resistência interna pelo que ele daria a entender em discurso durante o episódio, quando criticou a imprensa. Populistas e candidatos a ditadores sempre criticam a imprensa.
Loulou não aceitou, preferindo arriscar-se e arriscar o Kotobuki e o dirigível Hagoromo.
Alguns cenários eram possíveis a partir daqui: o Hagoromo ser ou não ser atacado. E o “não ser atacado” talvez nem fosse realmente possível, e se você está entendendo o que eu quero expressar já deve a essa altura ter sacado o porquê, mas logo volto a isso de todo modo.
Se o Hagoromo não fosse atacado ou fosse atacado mas conseguisse sair sem baixa nenhuma, ou seja, os melhores cenários possíveis para o Kotobuki, Isao não ganhava mas também não perdia nada.
Se o Hagoromo fosse atacado e o Kotobuki não conseguisse impedir, Isao usaria sua flotilha e provaria sua necessidade ao mesmo tempo em que se livraria da flotilha das protagonistas. Esse era o melhor cenário possível para o Isao, e o pior para o Kotobuki.
O que acabou acontecendo foi algo intermediário: o Hagoromo foi atacado e o Kotobuki conseguiu livrar-se dos criminosos sozinho, mas a um alto custo: o Hagoromo precisou ser abatido para que realizasse um pouso forçado.
Isao não se livrou do Kotobuki, mas algo assim irá custar para a companhia da Loulou, tanto em termos financeiros, com os custos de reparo, quanto econômicos, com o impacto na credibilidade da Ouni afastando clientes potenciais.
Adicionalmente, Isao forçou Loulou a entregar os piratas capturados, que Isao provavelmente poderá exibir como um troféu, como se a sua Associação os tivesse capturado.
E isso suscita outra questão: quem são esses “piratas”? Eu já havia cogitado, durante o ataque no decorrer do debate público em Areshima, que aquele ataque havia sido premeditado pelo próprio Isao. Aqueles “piratas”, piratas não seriam, mas sim mercenários contratados por ele. Dois detalhes nesse episódio e um no anterior reforçam essa hipótese:
Primeiro, nesse episódio, Johnny comenta como os piratas mais parecem militares do que piratas. Talvez assim seja porque eles são, de fato, militares?
Segundo, nesse episódio, o ex-segundo em comando das Indústrias Elite, que se amotinou e desertou junto com boa parte dos pilotos do bando, apareceu em uma cena logo no começo do episódio bisbilhotando Reona e Kirie, em Rachma. Quando do motim dele, no episódio 4, ainda antes que o anime tivesse introduzido o Isao, eu perguntei: “Quem é que está reunindo piratas e aviões? Com qual objetivo?”.
Temos uma boa noção disso agora, não é?
Terceiro, no episódio anterior, na última cena escutamos alguém relatar que o Kotobuki fez fracassar um plano da Standon Oil, petrolífera de Ikesuka. Cogitei no artigo sobre o episódio que fosse o mordomo do Isao, mas reavaliando me pareceu mais com a voz do tal desertor das Indústrias Elite que apareceu nesse episódio.
Se os piratas na verdade estavam trabalhando para Isao então simplesmente não existia a possibilidade do Hagoromo não ser atacado, que era o melhor cenário possível para o Kotobuki. Um plano bastante ardiloso, de fato.
E vale comentar que não é preciso que os mercenários contratados pelo Isao saibam que estão trabalhando para o Isao. É preciso apenas que alguém em alta posição na cadeia de comando saiba disso, o resto pode estar trabalhando no escuro, realmente acreditando que estão empreendendo uma guerra contra Isao.
Por fim, se os “piratas” na verdade forem dele, mais motivo ainda para forçar o Kotobuki a entregá-los o quanto antes, sem que tenham tempo para talvez alguém que saiba da verdade ou que saiba de informações que podem apontar no caminho da verdade dar com a língua nos dentes.
Isao venceu. Era impossível ele não vencer. Mas o Kotobuki não foi totalmente derrotado.
Além das pilotas do Kotobuki, Loulou deve agradecer a toda a sua tripulação, que se mostrou competente e bem treinada para lidar com situações de emergência.
Em particular, o subcomandante Saneatsu mostrou o quanto é útil quando realmente importa, ainda que ele pareça uma piada ambulante na maior parte do tempo. Sua cabeça fria permitiu que ele se mantivesse escondido dos invasores e conseguisse se comunicar com as garotas do Kotobuki, passando para elas informações vitais para a retomada do Hagoromo.
Outro destaque é o barman Johnny, ex-atirador de pontaria e reflexos invejáveis, que é maníaco por armas a ponto de ter deixado ir embora o amor da sua vida porque ela não gostava de armas e ele era incapaz de se desfazer de sua coleção.
E claro que o mérito de reunir uma tripulação dessas é da Loulou, e ela própria é bastante competente no que faz – mas seu pouco tempo na ponte do Hagoromo mostrou que ela não é muito boa para tomar decisões rápidas. Não que eu acredite que teria feito qualquer diferença ter lançado o Kotobuki antes, mas é fato que ela demorou para fazê-lo.
O episódio foi forte em ação e em armação, tendo restado dessa vez pouco tempo para as pilotas do Kotobuki. Pela primeira vez em muitos episódios nenhuma delas foi destaque. Talvez a primeira desde o começo do anime?
Entre as poucas coisas que descobrimos, está o fato de que, aparentemente, Reona é dona, fundadora ou a mantenedora principal do orfanato que visitou no primeiro episódio. Órfãos de guerra? E não sei se vai ter qualquer importância adiante, mas duas crianças adoecerem ao mesmo tempo é um mau sinal.
O mais importante porém parece ter sido reservado para a Kirie: por que ela voa? O que é que ela realmente quer fazer? Ela aprendeu a voar com o Velho Sab e provavelmente foi por causa dele que começou a voar, mas o que ela realmente quer agora?
A pergunta fica no ar e suponho que os próximos episódios devem tratar de respondê-la. Talvez a resposta seja um simples “porque é divertido”. Veremos.
Até o próximo episódio!