Aproveitando o dia das mulheres (que deveria ser todos os dias, assim como outras comemorações do tipo) resolvi escrever sobre esse drama coreano. Strong Woman (na Netflix está como Strong Girl) é um dorama que é um dos meus preferidos por um simples motivo: uma protagonista diferente. Primeiro vamos “falar” um pouco sobre a produção em si. A série/dorama (como bem preferir), possui 16 episódios e foi transmitida em 2017 na emissora coreana JTBC. Está disponível na Netflix com legendas em português e possui episódios com uma duração pouco acima de 1h (o episódio mais longo tem 1h11min, só para constar).

Para quem assiste doramas (independente do país) sabe que as heroínas costumam ser apenas garotas/mulheres que precisam ser constantemente salvas. Poderíamos estender isso para outras mídias como os tokusatsus por exemplo, mas o ponto é que Strong Woman foge disso e nos traz uma personagem diferente. Do Bong-Soon possui uma força sobre-humana que é passada de geração em geração para as mulheres de sua família. Porém, em contraste com sua grande força ela deseja ser uma garota delicada e elegante, ou basicamente se encaixar no tipo ideal de seu amigo de longa data e paixão, In Guk-doo.

O trio de protagonistas

E aqui já é algo que me chama atenção. Ela é super forte e poderia fazer bom uso de tal condição, seja lá para o que fosse. Mas ela praticamente rejeita essa força simplesmente para se adequar aos gostos de alguém que por quem ela é apaixonada. E sinceramente eu não vejo com bons olhos essa coisa de ter um tipo ideal. Você se prende em um padrão quando na verdade talvez ele não seja isso que você pensa e pior, corre o risco de deixar alguém que valeria a pena ir embora. Enfim, daria para fazer um artigo sobre, mas o ponto é que ao meu ver essa questão de ter um tipo ideal nos atrapalha e nesse dorama temos um pouco disso.

Temos também alguns personagens secundários que são um show a parte

Bong-Soon logicamente possui seus sonhos e objetivos. Ela deseja criar um jogo e ser a personagem principal dele. E até consegue um emprego numa empresa de jogos, pena que não é exatamente o que ela gostaria. Seu trabalho é como guarda-costas do CEO e dono da empresa, Ahn Min-hyuk, um rico herdeiro que de certa forma faz o que bem entende. E com esse triângulo amoroso, a obra segue uma história que apesar de ter a comédia como grande carro chefe, tem também seu lado mais sério e sombrio, afinal, enquanto acompanhamos a história divertida de Bong-Soon, do outro lado vemos um caso de sequestros de mulheres que vem assombrando a região.

Seja carregado pela “sua” mina

E a história trabalha bem ao balancear e equilibrar esses momentos, sombrios e divertidos. Assim como também faz um bom trabalho em desenvolver os personagens. Particularmente eu nunca gostei da paixão da Bong-Soon, o policial In Guk-doo. Ele é o típico protagonista que quer proteger as pessoas e acaba por isso sendo admirado por alguns personagens, incluindo a protagonista. O problema é que ele possui uma namorada (apesar da relação não estar tão boa) e sequer percebe durante anos que sua amiga nutre sentimentos por ele. E ainda bem que ele não percebe, pois infelizmente o personagem destoa do resto do elenco, sendo quase tão ruim que o grande vilão e no fim, não mudando quase nada.

Eu acho muito interessante a forma como ela é retratada na obra em algumas cenas

Bong-Soon evolui como protagonista ao se desprender desses sentimentos por alguém que nunca lhe notou e mais importante que isso, ela começa a aceitar sua incrível força. Essa virada é gradual e interessante, pois ela percebe que ao lado de seu possível par romântico ela não precisa esconder quem ela é e o que pode fazer. Do outro lado, Min-hyuk evolui do riquinho que faz o que bem entende pois tem dinheiro e beleza, para alguém que olha para algo além de seu umbigo e claro, reconhece devidamente os méritos dos outros. E além da ótima química entre os dois, há algo que em determinado momento chamou a minha atenção, a fraqueza de Bong-Soon.

Nem todo herói ou heroína usa capa e nesse caso, um moletom com capuz é bem vindo

Como qualquer pessoa poderosa, em determinado momento ela enfrenta problemas com seus poderes. E essa parte é muito interessante pois não se trata exatamente da fraqueza dela, ou uma suposta falta de força, é um ponto de descobrimento. Desde o início ela estava em busca de seus sonhos, suas paixões e acima disso, seu lugar no mundo. E talvez até mesmo por conta disso é que a história demora um pouco para engrenar, afinal, Bong-Soon não se conhece de fato e além disso rejeita algo que faz parte de si e ela nunca deu a devida importância.

E nesse ponto Min-hyuk tem uma grande importância. Ele apoia ela e aceita essa mulher tão fora do comum e seus problemas. Diferente do amigo de infância e paixão, Guk-doo, Min-hyuk não tem tentativas excessivas em tentar protegê-la (até porque quem protege alguém ali é ela) pois sabe da capacidade dela e simplesmente trabalha em se acostumar e ajudar sua guarda-costas no que ela precisar. Essa parceria é importante pois foge e muito dessas relações que estamos acostumados a ver e traz uma relação amorosa interessante.

E pensa num casal sensacional

Enfim, Strong Woman Bong-Soon é um dorama diferente de uma heroína que apesar de não ter seus objetivos claros, aprende com erros e acertos quem ela é e o quão importante é saber isso. É um dorama com uma comédia muito boa, situações bem construídas e personagens no geral carismáticos que fogem de certos clichês que ao menos para mim já estão cansativos. No final das contas espero que se divirta com esse dorama que é tudo de bom e tome algumas lições aqui e ali pois essa história está cheia delas.

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