Eu acho que uma das coisas que mais torna o conceito de Stand interessante para mim é como ele se adapta dependendo da necessidade do enredo, como o que era uma “presença” que se mantinha de pé atrás do usuário se tornou várias outras coisas bem mais interessantes e que constantemente vão além das explicações mais minuciosas sobre o que Stands conseguem fazer.

Mas claro que o episódio não foi legal só porque um Stand como o Notorious B.I.G apareceu. A Trish começa a se questionar e isso, somado a situação de risco, deve desencadear um desenvolvimento de personagem que resulte na ativação do Stand da garota, o que, por tabela, vai fortalecer o grupo. É hora de Jojo no Anime21!

Eu acho que faz todo o sentido o Giorno conseguir sentir a energia vital dos seres, mas ele usou essa habilidade antes desse episódio? Eu sinceramente não lembro e não estranharei se não, pois o Araki adora adicionar especificações ao Stand dependendo da conveniência e esquecer delas dependendo do roteiro.

Eu reclamaria disso se não fosse mais um dos charmes da série. Dou é risada se vejo algo assim em Jojo. Um exemplo de habilidade que “sumiu” é a que o Giorno usa contra o Bruno no início.

Giorno não sente Stand, Giorno ainda tem muito o que se aprimorar…

Enfim, Carne aparece – é, esse é o nome dele – só para morrer e não é dito nada sobre o seu passado ou porque foi até os traidores em uma missão claramente suicida. Mas o pior não é isso, um capanga morrer a mando do chefe ou em gratidão a ele é algo que já havia acontecido antes na obra, o barato é o Stand ser tão “ardiloso”.

O chefe sabia do que o Notorious B.I.G era capaz? Se sim, como? Se não, que baita sorte para ele, hein!

Ou o Stand já fazia algo parecido antes? Fica parecendo que ele ativou o Stand ao morrer e sendo esse o caso, por que mandar alguém que não se sabia do que era capaz, e se o chefe sabia do que o Stand era capaz, como? Talvez nunca saibamos e, sinceramente, isso não é assim tão importante, não quando a luta contra o Stand que ganhou vida após a morte foi tão boa.

O Stand parasita o usuário, come a carne dele – em português, e em italiano, o trocadilho é inevitável – e segue o que está em mais movimento – seja o que for – sendo muito difícil de destruir. Um inimigo formidável e perigosíssimo em um espaço fechado. Com certeza a melhor opção para esse momento, além disso, quebra algo que estava pré-estabelecido e é bizarro. E o que é bizarro é sinônimo de Jojo.

Aliás, não acho estranho as concepções sobre Stand mudarem de acordo com as partes, pois, no final das contas Stands são usados por um grupo limitadíssimo de pessoas ao redor do mundo todo, não é possível prever qual a habilidade de um Stand criado – ao menos até agora não – e é mais legal desse jeito. A obra já teria ficado chata se o conceito não tivesse mudado, não seria bizarro o suficiente, né.

É notória a dificuldade que eles tiverem só pra afastar o Stand um pouquinho…

Para você ver como minha memória é terrível, eu não lembro se foi a primeira vez que o Giorno usou o “Mudan”, eternizado por seu icônico pai, Dio, mas isso não importa – só foi legal por estilo –, o que importou foi a dificuldade da batalha e como aquilo impactou a Trish, que vendo os companheiros na situação em que se encontravam não poderia continuar pensando apenas em si mesma. Até poderia, mas como ela seria diferente do pai se agisse dessa forma? Quem a Trish quer ser no fim das contas?

Responder essa pergunta é imprescindível para a personagem a partir de agora, porque a abertura já deixa claro que ela terá seu Stand, o Bucciarati mesmo já tinha percebido que ela devia ter um Stand latente, mas as circunstâncias da ativação do Stand ou o que ele faz ainda não sabemos e o que for é uma resposta à pergunta que fiz acima. Stands são reflexos da vontade, retornos da alma, do usuário e não seria diferente para a Trish, que vai precisar que sair da zona de conforto se deseja sobreviver!

“É inútil tentar me derrotar, pois eu sou o protagonista, baby!”

Ela começar a se questionar tomando as atitudes daqueles a sua volta como exemplo é uma maneira muito boa de promover esse amadurecimento – dadas as circunstâncias talvez seja a única possível –, pois é um choque de realidade, e adolescentes costumam mudar quando passam por isso.

Seja algo que acontece lentamente, seja algo apressado devido à necessidade, uma situação de risco de vida é bem isso. O importante é que ela tem se tornado cada vez mais consciente sobre o que há em volta e a situação requer algo a mais dela, algo que ela pode não saber se consegue dar, mas terá que tentar – claro que o Giorno geraria um braço para si antes de expulsar o Notorious do avião, ele não é bobo.

Diz isso pra Trish e pro Araki…

Estou animado para ver o que a Trish vai fazer, como ela vai se “achar” – seja nessa luta de agora ou no resto da parte –, mas quanto aos outros não tenho nada a temer. O Giorno vai dar um jeito assim que recuperar o braço mesmo.

O autor criou essas habilidades convenientes para ele o Josuke com a intenção de fazer isso, de remendar o grupo todo até o fim das partes para assim poder aloprar legal sem perder, ou deformar muito, os personagens antes do ponto que ele queria.

Ninguém vai morrer agora por causa do Stand do Giorno – Mista cof cof –, mas duvido que deem essa sorte sempre. Não deram se lembrarmos que o Bucciarati está morto, mas não está. É zíper de Schrödinger que chama?

Giorno e os manos da quebrada em busca do paraíso dos gângsters.

Na sessão de curiosidades de hoje temos apenas a referência a um Stand a comentar, mas é notório o peso dessa referência! The Notorious B.I.G. foi um rapper americano que ficou ativo apenas entre os anos de 1992 e 1997, ano de sua morte, mas deixou um legado como rapper, sendo considerado até hoje como um dos maiores de todos os tempos.

Não exatamente o poder do Stand, mas como o seu despertar ocorreu remete ao segundo álbum, e último em vida, do músico: Live After Death. E a ação do Carne de se jogar em frente a morte deve ser influência do título do primeiro álbum: Ready To Die.

Jojo também é jump scare, Junji Ito que se cuide!

Não sei se o Araki curte rap e hip hop, mas não duvido disso. Eu que não ouço normalmente parei para ouvir algumas músicas do rapper enquanto escrevia o artigo e devo comentar que fiquei encantado, pois ele tem músicas muito boas, clipes bem produzidos e faz jus ao nome artístico. Sua música, seu jeito, seu talento, principalmente como letrista, é notório; merece ser apreciado não só por quem ouve rap normalmente.

Enfim, me despeço ansioso para o próximo episódio sabendo que o céu é o limite para o Notorious B.I.G, mas Jojo é bizarro o suficiente para alçar voos bem maiores!

Quero é ver como a Trish vai sair dessa enrascada!

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