Animes curtos de modo geral não costumam atrair muita atenção por não terem uma linearidade e um enredo que atraia assim como os animes de tempo normal, no entanto sempre existem aquelas exceções que conseguem trabalhar uma história bacana dentro de seus poucos minutos. A história de Ekoda certamente se encaixa nesse segundo lote.

Primeiro essa obra chama atenção por ter uma execução bem inovadora, usando diretores e dubladores diferentes a cada adaptação de episódio. No começo isso gera um certo medo, mas a forma como cada um trabalha funciona bem no conjunto, sempre trazendo uma lição diferente e uma nova face dessa personagem tão interessante – não deixando a sua essência perdida com as diferentes exposições.

O que exatamente torna essa protagonista tão especial? Pois bem, sua beleza está exatamente no fato de ser uma pessoa palpável. Ela é uma mulher comum, cheia de desejos, dúvidas e anseios, alguém que está sempre remando em direção ao dia seguinte sem desistir, mesmo que as coisas não sejam tão fáceis para ela – e de fato não são.

Ekoda não desfruta de um padrão de vida confortável ou minimamente satisfatório, ela precisa se mover constantemente para dar conta dos seus débitos no final do mês e apelando para os mais diferentes tipos de trabalho nesse processo – sendo esses agradáveis ou não.

Ao passo em que vivencia essas diferentes experiências e lida com várias pessoas, ela aprende sempre alguma coisa nova sobre o ser humano, analisando esses e o que representam enquanto indivíduos da rígida sociedade japonesa.

Na maior parte do tempo, Ekoda demonstra ter um ranço pessoal com as garotas que ela considera como aves de rapina, aquelas mulheres que ganham os outros na lábia, exploram a boa vontade alheia e ainda assim têm uma imagem positiva transmitindo ao mundo o que não são – se irritando constantemente com essa postura cínica.

Falando em representatividade feminina, é bem interessante notar que apesar da forma como ela vive, em momento nenhum o objetivo da obra é meramente erotizar a protagonista ou demonizar sua postura nas diferentes situações em que se coloca, – como poderia vir a ser e muitas vezes acontece no mundo real -, vejo isso como um ponto bem positivo no anime.

Ekoda é uma sobrevivente da vida em diversos aspectos, mas talvez deles, o que mais chame a atenção é como lida com sua vida amorosa. Tida como uma solteirona nos seus 24 anos, ela sonha com um relacionamento estável, mas acaba envolvida com um cara comprometido, tentando ganhar sua atenção e imaginando como seriam as coisas se ele de fato a levasse a sério – como ela deseja.

Quando ela decide sair um pouco de sua zona de conforto, também não encontra pessoas com as quais de fato possa dividir sua vida – fora a sua família e amigos -, ou seja, ela está presa a um ciclo de falhas constante nesse quesito, só que a moça não desiste.

Acho que um dos maiores méritos da série é exatamente a consciência que Ekoda tem sobre si, independente de achismos ou qualquer outra coisa. Ela é uma mulher forte, que sabe o que quer e trabalha para ter sua satisfação pessoal, – ainda que no fim seus caminhos não sejam exatamente os melhores e ela quebre a cara em muitas oportunidades.

Talvez o lamento que tenho a fazer se concentre exatamente na duração do anime, pois na prática ele tem uma duração normal, mas apenas 3 minutos são dedicados a história, o restante fica por conta das entrevistas com os envolvidos no projeto. Isso tem uma certa importância, já que eles explicam detalhes relativos a história e o seu ponto de vista na adaptação – situando melhor quem está assistindo, até porque em alguns episódios existem alusões e referências que talvez não fiquem tão claras.

Rinshi!! Ekoda-chan é definitivamente um anime que não dá para deixar passar, não só pela comédia, mas também pelas inúmeras lições que estão embutidas ali, expostas através da vida dessa protagonista que é uma verdadeira rainha, conquistando quem a vê e fazendo a gente se identificar, sofrer, rir e se divertir junto com ela.

  1. Concordo completamente com a sua opinião. No início, fiquei um pouco em dúvida sobre assistir o anime, mas com o passar do tempo, meu único lamento era o tempo da Ekoda em cena – afinal 3 minutos é exíguo comparado com a infinidade de reflexões que a personagem expõe e explora ao longo da estória.
    Gosto da simplicidade e imperfeição da protagonista, pois isso a torna mais “próxima” de quem assiste, além de representar uma quebra com relação aos clichês das aninamações japonesas (geralmente, a representação do “papel” cultural e social da mulher, objetificação do corpo feminino e etc.) que vemos em outras animações.
    De uma maneira geral, não é fácil retratar uma personagem feminina e gerar tanta empatia como foi no caso deste anime, por isso, curti bastante o resultado final.

    • Tudo bom Kah?
      Pois é moça, que bom que você concorda comigo, porque eu acho que a Ekoda é uma protagonista maravilhosa demais pra esses míseros 3 minutos (que na verdade eram uns 2:30 eu acho), mas como não podemos fazer nada a gente aceita né. Eu ficava sempre ansioso pra ver qual seria a nova faceta da vida real que ela traria, como ela estaria ligada a essa crítica e iria me fazer rir daquilo, mesmo que depois eu fosse refletir seriamente sobre.
      Penso que talvez o resultado positivo que essa série alcançou comigo e muitos outros, se deva exatamente pela simplicidade com que trazia essas situações, sem forçar demais o espectador e ainda fazendo ele se envolver e rir daquilo por mais tolo que fosse (fico até chocado com aquele 5.5 criminal no My Anime List, mas no fim o que importa é que nós gostarmos não é mesmo kkkkk?).
      Obrigado pela visita e pelo comentário.

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