A primeira metade do episódio pode ter sido decepcionante para quem esperava alguma informação sobre aquele que promete ser o grande vilão da obra, mas foi só Tanjiro mudar de ares que o destino agiu mais uma vez.

Contudo, nem só de acaso vive um herói, há muita coisa nessa trama que foi feita para possibilitar o encontro mais inesperado e aterrorizante possível. É hora de Kimetsu no Anime21!

Gostou do ataque do Tanjiro que faz um tornado no que em teoria deveria ser água? Eu gostei, foi na medida certa para a situação. Não só expande o leque de variações da técnica dele, mas encaixa bem com as características dela e isso faz do oni devorador de garotas um inimigo mais ardiloso que difícil de se derrotar.

Um nível de dificuldade apropriado para quem está começando, não é mesmo? Fico é com curiosidade de saber como o pessoal da organização avalia o poder inimigo.

O tornado de Tanjiro.

A resposta fica para outra hora, porque logo que emerge Tanjiro mostra sua ira ao defender a irmã e é engraçado que ela não parecia precisar tanto dessa defesa, ainda que tenha se machucado.

O que sim, caracteriza como superprotetor um irmão que ainda não sabe quais os limites da irmã ou sua real condição, afinal, não é como se ele conhecesse um exemplo de oni que sacia a fome dormindo, e nem dá vazão a violência se virando justamente contra aqueles que agora são os seus.

Nezuko é um caso bastante peculiar e já que é assim entendo o Tanjiro se preocupar e não pedir demais quando ele não sabe se ela pode dar, tanto é que ela dorme logo após o esforço feito, como se estivesse recarregando as baterias.

Eu acho que Kimetsu vai perder uma excelente oportunidade de explorar o outro lado, o dos onis, caso nunca faça a Nezuko sair em um rompante de fúria e atacar alguém. Eu fico até ansioso para ver algo assim!

Mas por enquanto o que o anime nos mostra não é a fúria bestial e sim o medo, um que acomete até um oni.

Retomando o raciocínio de que as três pastes são o ID, o ego e o superego; considerando que o ID, o mais violento, e o ego, o mediador estridente, foram vencidos; a reação que o superego tem é ainda mais contundente com esse raciocínio.

Porque, por mais que o medo imposto pelo Muzan nele fosse aterrador, ele já seria morto ali pelo exterminador a sua frente, não teria nada a perder e ainda poderia “se vingar” daquele que o ameaçou, mas o que ele faz? Mantém o silêncio, morre do mesmo jeito.

Talvez de forma menos pior, verdade, mas sua reação só faz sentido se o vilão conseguir atacar o espirito, se ainda restasse um nesse caso, ou algo assim.

O medo que ele provoca é tão aterrorizante que silencia até o mal.

Só que o pavor estampado no rosto do oni garante que não foi uma reação racional, mas puramente instintiva e, ao mesmo tempo em que ela é a confirmação da brutal imponência do vilão, deixa Tanjiro na estaca zero. Mas não por muito tempo.

Para finalizar meus comentários sobre essa primeira parte, a cena do rapaz lamentando e o olhar que o Tanjiro direciona a ele são de uma doçura que não conseguiria igualar em palavras.

Tanjiro não só entende bem o tipo de dor que ele está sentido, mas sabe a única coisa que deve falar e a fala, como a pessoa gentil e capaz de superar as dificuldades se tiver o mínimo amparo que ele é.

O rapaz fica com uma lembrança física da amada, a Tanjiro restou a sua irmã transformada, uma situação que na parte seguinte do episódio provou ser ainda mais fruto do acaso que o encontro mais inesperado de todos!

Uma compreensão que não carece de palavras.

Uma nova noite chega, uma nova missão se apresenta, e o que um telespectador já experiente pensa ao ver um encontro predestinado em um battle shonen é que tudo não poderia ser mais conveniente e, portanto, carecer de uma suspensão de descrença que o anime ainda não nos exigiu.

Porém, não é bem por aí. Pense comigo, Tóquio é uma cidade grande na qual se misturar é mais fácil e espadachins executores não existem em um número tão grande quanto o de um exército, tendo que se misturar a sociedade e se espalhar pelos vários arquipélagos que compõe o Japão, o que não os permitiria vigiar todos os locais ao mesmo tempo.

Além disso, se nem todos têm o olfato sobre-humano que o Tanjiro tem, como poderiam encontrar o oni em meio à multidão?

Ele constituiu família, é verdade – ele vive há 40 décadas, não me estranha fazer todo tipo de experimento social para matar o tédio –, mas se a família reside no local e ele não o tempo todo – se ele trabalhar como mercador suas roupas bacanas se justificariam facilmente – fica ainda mais difícil de rastreá-lo, né.

O encontro mais inesperado possível!

Sim, foi uma baita coincidência se pensarmos o quão inesperado esse encontro foi, mas não, ele ocorrer desse jeito até que fez sentido.

O que pegou foram três coisas: a situação de extrema pressão pela qual Tanjiro passa, que, dadas as circunstâncias – a criança no colo e a multidão no entorno – impossibilitou uma ação rápida; o que o oni diz e funcionou como uma baita mensagem subliminar de algo chocante; e terceiro, o que ele faz para causar um tumulto e sair da saia justa.

Tanjiro estava em choque e é inexperiente o suficiente – a gente acabou de ver ele realizar a primeira missão – para não sair dele tão rápido, então, uma ação ofensiva ali não ter acontecido também não acontece por isso.

Quanto ao segundo detalhe, o vilão é cara de pau o suficiente para declarar na cara do Tanjiro; indiretamente, mas quem vê entendeu; que queria ter encontrado o garoto antes para tê-lo matado também. Isso faz a sobrevivência da irmã ser apenas um meio que ele encontrou para atrair Tanjiro e liquidar de vez a linhagem dos Kamado?

Uma família feliz construída a base de mentiras.

Mas ainda tem o pai, eu sei, o qual não duvido que tenha a ver com toda essa história. Se o extermínio da família foi premeditado – essa fixação por matar todos eles dá a entender que sim – talvez se deva a vingança contra a figura paterna, a qual eu não estranharia se fosse um caçador de onis com o olfato apurado que tem.

Por fim, o terceiro ponto é o mais delicado, pois Muzan não só se vale da multidão ao redor como escudo, mas também a usa para a fuga ao transformar um humano em uma fração de segundos e instaurar uma comoção que permitirá que se afaste tranquilamente.

Na prática pode não parecer que Tanjiro vai ganhar muito com um encontro assim, mas se ele pensar na fala de Muzan, e, claro, lembrar de seu rosto, sua voz, e cravar ainda mais o cheiro do oni em sua mente; tenho certeza de que foi melhor que qualquer informação que um oni pudesse ter fornecido.

Parece um avanço tão grande para quem não tinha praticamente nada? Parece, mas não acho isso exatamente ruim, não se pensarmos que toda essa situação – desde o extermínio até o “acerto de contas” – começou com um desencontro e vai ser abastecida por um encontro.

Não se lembrarmos que isto é um battle shonen e o protagonista está sempre predestinado a fazer algo grande e a viver uma história bolada a dedo – o que é completamente aceitável, e requerido, em uma história de ficção que narra os eventos de uma grande jornada como será a de Tanjiro e Nezuko.

Que episódio intenso foi esse, né? Nem duvido que o próximo será mais calmo, porque o normal é que momentos tensos seguidos só rolem nos clímaces de arcos grandes, o que ainda não parece estar exatamente perto de ocorrer. Esse encontro foi sim o desvio mais inesperado que poderia acontecer e ele me deixou ansioso para o que ainda está por vir!

Você está gostando de Kimetsu no Yaiba? Eu estou gostando de Kimetsu no Yaiba! Até deixei a zoeira com o Michael Jackson de lado ao longo do texto, mas, ficarei decepcionado se o nome da espoa não for Billie Jean, e se a criança for dele.

Aliás, o visual do personagem e o fato da primeira aparição dele ser segurando uma criança deu um prato cheio para os criadores de memes deitarem e rolarem. Não acho ruim, me diverte e não atrapalha a seriedade da cena mais tensa até aqui.

Até o próximo artigo!

A face da maldade.

  1. Até ao momento, este episódio foi o que mais gostei de Kimetsu no Yaiba.

    A parte da cidade grande, para quem goste de história japonesa (como é o meu caso), ver aquelas luzes todas, os estandartes das lojas de comida e comércio em geral, a diversidade no vestuário, foi muito bom (ai nota-se o quanto o Japão evoluiu desde da Era Meiji até à Era Taisho).

    A luta do Tanjiro foi muito boa, mas o que conquistou de verdade foi a força e agilidade da Nezuko, se ele continuar assim, ficará na minha memória como exemplo de personagem que auxilia com louvor o protagonista. O Tanjiro, ele foi muito simpático com o demónio que matou todas aquelas garotas, mesmo que ele quisesse extrair informações dele sobre o Muzan, ele poderia ter sido mais sádico.

    Por fim, a parte final do episódio, esse foi a cereja no topo do bolo, por apenas uns minutos, já respeito o vilão, aquilo que ele fez no meio daquela multidão foi muito bom.

    Como sempre, mais um excelente artigo Kakeru17.

    • Fábio "Mexicano" Godoy

      Olá Kondou, tudo certinho?

      E ainda não consegui colocar meus artigos em dia, me reorganizar … mas estou respondendo os comentários, isso conta para alguma coisa? 😛

      Obrigado pela visita e pelo comentário!

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