Switched (Dorama) – A busca pela vida “ideal”
Switched é um dorama japonês disponível no serviço de streaming Netflix desde ano passado (2018). É um dorama curto que sinceramente eu nunca dei o devido valor, pois até parecia ser legal, mas nada incrível que me fizesse assistir imediatamente. Depois de um bom tempo após seu lançamento, eu decidi assistir e confesso que recebi uma grata surpresa.
A história é bem simples e gira em torno de 4 estudantes, naquilo que seria o ensino médio para nós, Brasileiros. Temos a Ayumi Kohinata, o Shunpei Kaga e o Koshiro Mizumoto, 3 amigos de infância bem próximos que estão num triângulo amoroso meio que sem saber. A vida deles era ótima, com todos sendo populares entre seus colegas e tendo algum tipo de característica que os tornava um destaque entre os outros. Porém, um dia tudo isso começa a ruir.
Aliás, também temos Zenko Umine, uma garota da sala deles. Ela está acima do peso e não tem amigos, ou seja, temos a história de uma garota que é 100% maltratada e excluída por todos simplesmente por conta de seu sobrepeso e consequentemente sua aparência… ou é isso que nos é passado inicialmente. Mas felizmente o dorama vai fundo nessa premissa, nos mostrando que não é assim que a banda toca.
Num dia em que a lua ficou vermelha, Umine se matou mas não morreu. Confuso? Bom, ela por algum motivo não só continua viva como também trocou de corpo com a Ayumi e é aí que tudo começa. Obviamente Ayumi não aceita bem essa troca, afinal, seus pais e amigos não sabem quem ela é e obviamente ninguém acredita que ela trocou de corpo com outra pessoa, já que isso é impossível (na teoria).
Já para Umine, uma vida “ideal” é iniciada com amigos, um namorado que ela sempre quis e a melhor parte: beleza física. Mas como é de se imaginar as coisas não correm tão bem quanto poderia e bem, todo esse plano meticuloso começa a ser descoberto por algumas pessoas. Uma dessas pessoas é o Kaga, um dos melhores amigos da Ayumi e que acabará tentando ajudar sua amiga a recuperar seu antigo corpo.
Bom, essa é a base da história. Durante os 6 episódios do dorama nós vemos Ayumi tendo que lidar com sua nova realidade e assim, vendo como a vida da Umine era.
Há um pouco de exagero nas doses de sofrimento que envolvem a personagem, com aquelas situações em que as pessoas dizem coisas completamente indelicadas em alto e bom tom. No caso, eu não estou querendo “dizer” que esse tipo de coisa não acontece, mas ao menos me passou um tom um tanto quanto forçado.
Conforme os episódios vão passando, você vai entendendo mais as razões da Umine ter feito o que fez, ainda que não seja algo “certo”. Por outro lado, você também percebe quais são seus erros e que algumas coisas que acontecem com ela são fruto da pessoa que ela é, independente de sua aparência. Isso acaba sendo um ponto importante da história, pois apesar da troca de corpos, Umine não deixa de ser uma pessoa rancorosa que coloca a culpa em tudo e todos, ao invés de olhar para si e ver seus defeitos (e qualidades).
É verdade que ela sofreu muito (bullying e outras coisas igualmente horríveis), mas haviam situações que poderiam ter sido diferentes se ela tivesse tomado um outro tipo de atitude e postura. Fora isso, as pessoas envolvidas em seus atos nada lhe fizeram de mal, apenas sendo vítimas de um ódio descontrolado e de julgamentos irreais, bem similares àqueles que ela tanto teve que ouvir sobre sua pessoa, os quais criticavam e caçoavam dela sem uma razão em específico.
Em Switched, temos duas personagens que trocam de corpo, sendo que uma busca a vida ideal e a outra é apenas uma vítima. Mas vemos que para ter essa vida ideal, só a aparência não adianta pois é necessário um conjunto de atitudes, postura e muitas vezes de pequenos gestos que podem mudar tudo. No fim, nem sempre a felicidade é aquilo que nós achamos que precisamos ou algo “impossível” de se alcançar. Talvez a felicidade está ao nosso alcance e nós deixamos ela ir embora sem mais nem menos.
Mesmo que um dia você alcance o seu sonho máximo (se tiver), isso não irá garantir que você será feliz. Deveríamos ser gratos pelo que temos e não só isso como também dar o nosso melhor para sermos a melhor versão de nós mesmos, ao invés de colocar a culpa de nossos fracassos e derrotas nos outros, aceitar que erramos e que constantemente precisamos mudar e evoluir.
No final das contas Switched foi muito mais do que eu esperava. Tem sim seus defeitos e questões sem resolução, mas no fim, são quase 4 horas de uma ótima história. Vale salientar que eu comentei bem por cima para não acabar contando tudo.
Sobre a atuação dos atores, eu sinceramente gostei bastante e fiquei impressionado com a habilidade das atrizes em chorar tanto toda hora.