Toda viagem em algum momento chega ao fim e com o nosso trio de protagonistas não seria diferente, ainda que fosse mais por pressão do que vontade mesmo. No início não sabia bem o que esperar a respeito desse final, mas digo que mesmo sendo corrido em alguns pontos, ele foi bem interessante e diferente – como o anime no geral.

Os minutos iniciais têm alguns elementos que acho bem legais de serem destacados, como por exemplo a abertura, que ao invés de repetir a de sempre, exibe a da série do Hizakuriger, cujo “original” serviu de base para o desenrolar da história – como um símbolo que fecha todo o ciclo -, fazendo uma menção honrosa a obra da forma devida.

Também não sei dizer se é porque os animes acabaram me anestesiando pelas inúmeras reações de “eeehhh” quando se descobre algo, mas ver que Robi e Ikku não reagiram com espanto ao status recém anunciado do amigo, foi algo novo e agradável que deu uma fluidez até melhor à cena – o que faz sentido se pensarmos que haviam coisas maiores a se resolver ao invés de gastar o tempo com diálogos bobos que não renderiam nada.

O descaso e desinteresse dos dois chega a ser engraçado, mas reforça mais uma vez a força da amizade que os três construíram, inclusive mostrando como resultado um Robi que põe o interesse do companheiro acima dos seus naquele momento de cerco e que sabe pedir desculpas pelos erros cometidos.

As reações tardias que ficariam clichês se viessem antes da perseguição, dão lugar a uma boa conversa entre os protagonistas, que serve não só como ponto de solução para o problema deles, mas explora os mistérios sobre a vida de Hachi que estavam apenas com as pistas jogadas pelos outros episódios – como a questão da família, o reino lunar e a sua fuga.

No fim ele de fato passava por toda aquela coisa das pressões reais sofridas pelos futuros governantes, optando pela fuga daquela realidade. Achei bacana o nível de detalhes passados que eles trouxeram a história nesse final, principalmente a participação de Yang na transformação do garoto, que curiosamente demonstra ter um padrão de lugar e abordagem sempre que vê alguém abandonado – Yang merece um título de “paizão do ano” pelos seus bons atos e as oportunidades que ele dá às pessoas.

Uma parte bem engraçada da caçada entre a Guarda Lunar, Yang e Robi, é o momento em que Hachi questiona o motivo pelo qual Yang segue no pé deles, o que vai ficar guardado somente para o caçado. Acredito que a direção tenha optado pela manutenção desse segredo por conta da praticidade nos eventos, já que a resposta de Hachi a isso demandaria mais diálogos e poderia gerar mais pequenos “conflitos” que não teriam como ser resolvidos agora, talvez.

Pra quem curte as referências jogadas no anime, teve uma bem legal na cena da invasão ao planeta Terra, ao melhor estilo “Independence Day” – o design da nave espacial também carrega umas poucas semelhanças se nos atentarmos. No final Robi, Hachi e Ikku conseguiram salvar a Terra e a si mesmos dos problemas graças ao próprio destrambelhamento e o poder da amizade – ainda tem um a mais nesse encerramento com a revelação de que os avôs dos protagonistas se conheciam mesmo.

Deixei para comentar no final os destinos tomados por cada um porque achei realmente sólida a forma como as coisas se amarraram, considerando a trajetória até aqui e os resultados da busca pessoal de cada um.

Primeiro no que toca a Yang, a cena da guloseima me parece ter um significado forte para ele. Jogar o saco velho parece apenas um ato de consciência ecológica – e de fato é -, mas viajando um pouco nos detalhes da cena, fica subtendido que aquele era um símbolo que representava a intenção dele de seguir adiante e buscar novos rumos sem Robi, ele evoluiu e aí recebe o seu direito a um possível final feliz.

Hachi, por sua vez, após cumprir com a sua jornada de conhecimento geral e pessoal, acaba aceitando o seu destino como sucessor ao trono e cumprindo o seu papel como rei da Lua. É interessante a escolha dele porque também mostra uma evolução do personagem, ele sai da condição de um menino despreparado e “ignorante” para alguém com convicções, que compreende as próprias responsabilidades e as coisas que o cercam, agora apto a liderar sem sufocos.

E enfim Robi, mesmo com sua luxúria e desorganização, conseguiu aprender valores de companheirismo, mas ainda assim continua sem dignidade e inteligência alguma, tanto que acabou do mesmo jeito que começou: zerado. O malandro no final acaba sendo suportado exatamente pela única coisa que ganhou de fato com a aventura, que são os amigos.

Gosto desse fechamento pelo trabalho individual que ele faz com cada um e pelo grau de realismo que ele traz, mesmo com toda a bagunça e comédia que a série é – ficou a sugestão de uma nova aventura, se ela vem, ninguém sabe.

RobiHachi se mostrou um bom entretenimento enquanto durou e valeu a pena acompanhar até o fim.

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