O mangá da vez é “Hot”. E quente é algo que tem muito, mas não tem mais que gelo, dá pra perceber que o título é muito bom. Quem é o responsável por esse mangá paradoxal é o Akira Amano. O mangá é centrado no hockey, um esporte que não é tão falado aqui no Brasil. A obra é só um One-shot, ou seja, só apresenta um capítulo, mas as pessoas que leram com certeza se levaram a pensar que dava pra ter mais capítulos.

Por qual motivo? Isso se deve pela introdução característica de muitas outras histórias que vemos. Muitos One-shot têm finais bem fechados, principalmente quando se tem romance, mas este aqui me lembra de várias obras. Essa percepção é voltada principalmente com o convite que On, o protagonista, recebe. É comum em muitos inícios a entrada do personagem principal em algum grupo, ou até mesmo um personagem secundário que entra em um clube em que um dos membros é o próprio MC, sendo a partir daí o começo de uma longa jornada.

Os dois primeiros personagens apresentados são o On e o seu avô. Para o velho – um tipo de apelido muito usado pelo próprio neto –, On precisa acabar com uma maldição que está presente em sua família. Para isso, o protagonista precisa vencer no hockey. É um resumo muito estranho vindo de um secundarista bastante estranho.

Este personagem secundário lembra muito os vários parentes presentes em nossas famílias que carregam consigo tradições rústicas e estranhas. Maldição é uma coisa que para muita gente é considerada ultrapassada. São detalhes que carregam uma relação entre um avô e seu neto, uma percepção diferente, se for vista por uma família mais moderna.

On desde muito cedo teve contato com o hockey, ele foi muito obediente em sua infância. A partir da adolescência, as coisas mudam. É aí onde entra o desejo de liberdade e a variedade de gostos. O protagonista não acredita nessa coisa de “gerações”, ele é uma pessoa despreocupada, mas tão despreocupada, que não liga pro hockey, mas sim o odeia.

Nós temos um personagem que treinou tanto para vencer em algo que não gosta, resumindo, On lembra muito os protagonistas ou secundaristas que são bons em algo que odeiam. Mas para esse tipo de história falta alguém que ama o esporte, nesse caso, nós temos o Takahashi, foi dele que saiu o convite para entrar no clube, tudo isso por simplesmente ver as habilidades que Hamino On tinha.

Podemos dizer que estes são os personagens principais da história, pois ambos apresentam um paradoxo – igual ao nome do mangá. Por um lado, temos um protagonista criado para um objetivo. Querendo ou não, seu avô criou um desafio, mas On teve a liberdade de não acreditar. Ele passou sua infância toda aprendendo sobre isso, mas sua adolescência é marcada por críticas ao que ele conhece como “acabar com a maldição”.

Enfim, On é uma pessoa que treinou tanto para algo que ele nunca gostou, essa é a maneira que ele carrega sua própria vida. Já Takahashi é alguém que sempre gostou de hockey, ele tem e abusa de sua liberdade, fazendo de tudo para conseguir jogar com outros o que sempre amou, mesmo não tendo um objetivo tão sério quanto On, por isso que suas habilidades não se comparam com a do protagonista, mesmo tendo experiência.

On não é de simpatizar com as pessoas, ele é um cara mais reservado, isso reflete na relação entre ele e Takahashi. Por mais que ele não goste do jeito do personagem secundário, o protagonista leva bem esse lado “lutador” do seu novo companheiro, um lado que leva a sério um esporte que é bastante simples de se jogar, sem objetivos estranhos e com liberdade e direitos iguais.

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