Granbelm – As sete Princeps e a guerra pela magia – Primeiras impressões
Granbelm é o tipo de anime que só existe devido ao sucesso de outro. É de pegar carona mesmo que eu estou falando, contudo, em sua estreia a produção original mostrou aquilo que deveria se esperar desse tipo de obra: originalidade; apesar de aproveitar uma ou outra ideia de seu parente próximo.
É com o diretor, Masaharu Watanabe, e designer de personagens, Shinichirou Ootsuka, de Re:Zero, que Granbelm ganha vida sob a tutela do estúdio Nexus – um dos poucos animes produzidos pelo estúdio é Comic Girls –, mostrando que tem sua magia em uma trama recheada de mechas, moe e muito mais!
Na ficção um elemento constantemente explorado quando se trata de magia é a lua, e é sob as vistas de uma lua cheia de um vermelho intenso e bruxuleante que a história de Granbelm inicia.
Mangetsu é a protagonista, uma garota normal que não é expert na cozinha, e certamente não é a mais popular de sua escola, mas dá valor ao seu esforço e, como se fosse o acaso, vai parar no meio de uma guerra entre sete feiticeiras – lembra as feiticeiras dos pecados capitais de Re:Zero? – chamadas Princeps.
O objetivo da disputa é ter controle sobre toda a magia selada há um milênio. Claro que a protagonista, apesar de saber tanto quanto a gente, se envolveria nesse rolo, né? Não teria graça de outra forma e, apesar de ser bem clichê, não me incomodou ela ter se saído tão bem ao lutar pela primeira vez.
Não reclamo mesmo de ser clichê porque é o tipo de coisa que deve ser melhor contextualizada depois, e essa estreia pouco explicou, e nada aprofundou, foi só a demonstração prática do que deve nortear a trama; os embates entre as Princeps. Foi uma boa forma de começar? Certamente. Foi bom? Foi sim!
A maior parte do episódio se passou no mundo ilusório, o mais próximo de um isekai que a obra deve ser, e contemplou as lutas entre Armanox, mechas acanhados e animados – se não completamente, o CG presente era imperceptível – em 2D, algo que me surpreendeu positivamente.
Além disso, o design das personagens lembra sim as personagens de Re:Zero, mas não foi nada preguiçoso e não remete a nenhuma personagem do isekai diretamente.
As expressões de raiva das aparentes antagonistas e de confusão da protagonista também me agradaram porque eu acho importante passar as emoções dos personagens, até como forma de direcionar o público a esperar uma explicação para tudo isso.
Não é o caso de um anime original que parece cópia de uma ou várias outras coisas, ao menos nessa estreia não foi. Não é todo mundo que anima lutas de mechas em 2D hoje em dia – ainda que tenha passado longe do preciosismo do estúdio Sunrise –, ou cria designs que não podem ser chamados de genéricos – apesar de não serem o maior exemplo de originalidade que vemos por aí também.
O Estúdio Nexus está de parabéns por essa estreia, e nem afirmo isso só pelo design e a animação – apesar desta ser o mínimo do que se poderia esperar de uma estreia visualmente agradável –, mas também pela trilha e a sonoplastia. Toda essa parte sonora casou bem com a animação, serviu para me botar no clima que a direção queria pôr e, na medida do possível, afinal, eu mal conheço essas garotas, foi emocionante!
De um lado há uma nobre que usa outras duas feiticeiras como lacaios e eu quero entender esse tipo de relação. Não era para as sete estarem em pé de igualdade e serem todas rivais ou algo do tipo?
As duas não vêm de linhagem nobre, então espero que toda essa problemática – que deve ser explicada no próximo episódio – envolva castas diferentes de feiticeiras e os interesses de seus integrantes.
É o normal esperar um jogo de interesses nessa guerra, e interesses que em alguns casos nem devem ser das próprias Princeps, mas daqueles que elas representam. Isso não vale para a protagonista, pois ela sequer sabia que magia existia. E eu curto isso, pois ela não ter as amarras que as outras devem ter é algo que contribui para a ideia de que ela fará a “diferença”.
E outro detalhe: por que outras Princeps não intervieram na luta? Digo, pelo menos duas apenas observaram. Por que não estavam atacando, e nem sendo atacadas? Há um revezamento de disputas ou o confronto mensal depende da iniciativa e dos interesses conflitantes entre feiticeiras? Quais são as reais condições da guerra e a verdade sobre sua existência?
Há muita coisa a ser explicada, nos deram somente o básico, então não há muito com o que se trabalhar agora, verdade, mas há muito a se esperar a partir do que o anime mostrou.
Seja o desenvolvimento das personagens ou as explicações sobre a mecânica desse mundo mágico. Nada se faz gratuito em uma estreia de anime – ao menos não se a produção quer que o anime seja coerente.
Por essa estreia acho que a série tem certo potencial. Não é uma trama inovadora, longe disso, mas a forma que desenvolverem os personagens e o universo no qual se encontram inseridos pode tornar a coisa toda bem interessante.
Temo que o próximo episódio seja uma enxurrada de diálogo expositivo – não é que eu tenha nada contra eles, só seria chatíssimo após uma estreia tão movimentada –, mas não espero que seja tão agitado quanto esse foi, e é normal que não o seja.
Granbelm claramente vai se focar na relação de amizade entre Mangetsu e Shingetsu, mas precisa aproveitar os momentos de calmaria para desenvolver as outras jovens, além de equilibrar os gêneros com os quais vai trabalhar.
Para o drama, e até a comédia, funcionarem bem, as personagens precisam ser aprazíveis e apesar de eu não ter gostado tanto da rudeza da antagonista nobre, achei a personagem interessante, assim como a garota que a Mangetsu vence e a que fugiu. Eu gostei ainda mais da Shingetsu. Ela lutou muito bem ao se aproveitar do campo para surpreender a adversária, como também ao esquivar quando preciso e bater de frente na hora certa, nunca se deixando encurralar totalmente.
Como a personagem luta é algo que certamente reflete a sua personalidade e deu para ver um bocado da personalidade delas. A que atira a distância também, ela deve ser do tipo aproveitadora, que evita bater de frente por saber que perderia assim.
A única que não deixou transparecer praticamente nada foi a Mangetsu, afinal, a protagonista apenas dá uma demonstração de grande poder e isso significa mais que ela é poderosa, talentosa. Okay, diz que ela tem um grande potencial, mas não permite ao público inferir como é sua personalidade, como está seu estado de espírito e nem o que está em jogo para ela.
Tudo bem sobre essa última parte, afinal, ainda não há nada em jogo. Ela apenas despertou o poder porque não queria se machucar e isso é bastante compreensível – era uma situação de vida ou morte, perfeita para isso.
Por fim, gostei muito dessa estreia apesar dela não ter explicado nada em maiores detalhes porque o que é preciso para o anime ser bom está ali, basta ser bem desenvolvido.
Aprofundar as personagens e colocar elas para protagonizarem boas lutas, como foi a da primeira metade, retém meu interesse, e tenho a certeza de que eu ou algum outro redator aqui do blog pegará o anime para comentar. Não devido as suas semelhanças com um anime super popular, mas por Granbelm ter o seu próprio valor!
Até um próximo artigo!
Sergio Schwarz De Assis Farias
Queria recap semanal desse anime. Estou achando o melhor da temporada, junto com Araburu Kisetsu
Fábio "Mexicano" Godoy
Olá Sergio, tudo certinho?
Eu até estou me divertindo também (e que bomba foi essa no final do episódio 5, hein?), mas o cenário é tão sem consequências que o anime não conseguiu me conquistar.
Não, eu sei, tem um monte de coisa legal acontecendo e principalmente sendo dita ali, mas bem, o que o Granbelm em si é para o mundo ou sequer para as participantes? Até onde sabemos, não afeta nada o mundo. E as participantes também não! Você pode ser derrotada, ter seu robô esquisito desintegrado, que tudo continua bem.
Ok, elas todas têm seus motivos e diversos problemas, mas isso o anime está construindo muito devagar e ainda não tenho certeza que vá ser satisfatório.
Compare com Cop Craft, a minha última escolha de anime para cobrir na temporada. Pessoas morrem. Coisas sérias estão acontecendo, temas sérios (como racismo) são tratados. Ou Symphogear XV, o penúltimo anime que escolhi cobrir, e que também é de garota mágica, como Granbelm. O mundo está em risco desde o primeiro episódio da primeira temporada, e é nesse cenário que os dramas das personagens, bastante variados, se desenvolvem. Na temporada atual, Tsubasa voltou a cantar, algo que ela faz porque sempre gostou de fazer, mas em sua reestreia, com estádio lotado, um ataque terrorista (reminiscente do começo do anime, aliás) matou mais de 70 mil pessoas, e agora ela está traumatizada.
Compare com outros animes de “battle royale de garota mágica”, ou que garotas mágicas precisam lutar entre si por esse ou aquele motivos, como Mahou Shoujo Ikusei Keikaku ou Mahou Shoujo Site. A coisa é sempre séria, ainda que possa ter um ou outro personagem que não tem motivo em particular para participar, como é o caso da Mangetsu.
Sobre personagens sem motivo real para participar, sempre podemos retornar ao que se tornou a referência em dark mahou shoujo, não é? Madoka Magica. A Madoka também não tem motivo em particular para se tornar garota mágica. Ela só acha legal. Daí acontece o episódio 3 e ela passa quase o anime inteiro sem se tornar uma garota mágica. E em todos esses que citei o que estava em jogo também era real. O mundo ou algo nele estava realmente em perigo.
Enfim, eu estou achando divertido sim, não ache que estou só falando mal de Granbelm! Só estou explicando porque ele me pareceu tão … sem motivo para comentar. Em retrospecto, as garotas todas parecem carregar algum tipo de maldição, literal ou metafórica, e isso tornaria interessante comentar, mas no começo não parecia ser assim. Muitos animes escolhem começar direto no olho do furacão, com ação, para capturar a atenção do espectador, mas Granbelm deveria ter feito diferente. A sua ação é o que ele tem de menos interessante.
Obrigado pela visita e pelo comentário! 😊