Quando se é um gamer viciado, receber um convite para um novo experimento parece mais do que tentador, ele soa obrigatório, mas será que para um seleto grupo de players escolhidos, isso se tornará mesmo tão prazeroso e único? Aguardemos as respostas. Senhoras e senhores, sejam bem-vindos ao misterioso mundo de Nakanohito Genome!

A história conta sobre a incursão de um grupo de gamers habilidosos das mais variadas “áreas” que foi levado para dentro de um jogo, assim devendo atrair o máximo de visualizações possíveis em tempo real com os seus desafios. Isso caso queiram voltar para casa – o que é incerto – e, principalmente, se manterem vivos no caminho.

Logo de cara o que mais chama atenção é a composição de toda essa introdução, pois o convite feito deixa explícito que os eleitos não só não podem passar a chance adiante, como igualmente não parecem poder recusá-lo – com uma mensagem bem clara e assustadora sobre isso.

A primeira sequência já tem uma movimentação, em que os três primeiros protagonistas enfrentam um desafio assim que chegam e, particularmente, eu gosto da solução adotada aqui, porque – mesmo sendo boba por conta da personalidade de Iride – mostra que as individualidades e características de cada um podem levar a outros caminhos de sobrevivência se utilizarem também a percepção e a inteligência.

A prova do que eu aponto está exatamente na fala do misterioso anfitrião Paka, que comenta essa satisfação humana em ver novidades, diferentes coisas se mesclando e dando resultados – o que, no caso, está ligado aos vários obstáculos absurdos que eles enfrentarão a partir daqui.

Uma curiosidade que tenho acerca dessa iniciativa estranha é exatamente quem seria esse público da live e de que modo isso é transmitido, sem que mesmo os familiares deles e outros notem sua presença ou mesmo lutem para achá-los. Na prática, não me parece algo simples de ser feito e controlado.

Falando em visibilidade, uma sacada bem legal foi o uso das views como uma espécie de contagem regressiva inversa, tanto na pele dos garotos, como em uma das cenas, estando ali para indicar o quão próximo eles estão de cumprir o objetivo geral do jogo ou sobreviverem – é um toque simples porém funcional e que dá uma maior tensão à missão deles.

Para quem notou mais dos comentários do supervisor, ele ainda fala sobre ser apenas responsável por aquela área – ou seja, tem bem mais pano debaixo dessa manga -, assim como em um outro trecho, ele demonstra aos protagonistas que o jogo já contou com outros “voluntários” e tem sim consequências fatais. Enfim, são muitos mistérios trazidos nessa estreia, mas vamos com calma que as respostas certamente virão.

A reunião de todo o elenco principal em cena, faz uma exposição das peculiaridades e “especializações” de todos: Iride (fuga), Karin (horror), Kudou (luta), Himiko (simuladores de criação), Yuzu (quebra-cabeças), Zakuro (furtivos), Onigasaki (era Sengoku) e Aikawa (romance). No geral, eles são bem comuns, mas acho que o mais incômodo inicialmente é Kudou, por seu jeito mais áspero e excessivamente briguento.

Essa junção e primeiro contato deixa mais forte o sentimento de que eles ainda não têm um senso real de perigo – exceto a Sarayashiki, talvez pelo seu gênero de horror – e isso se traduz na leveza com que o anime se conduz, ainda que mantenha o clima misterioso e tenso no ar durante os diálogos.

O supervisor consegue transmitir através de suas ações uma aura cínica e imprevisível, mesclando momentos de calma e descontração com outros de puro terror e pressão psicológica. Acredito que aqui, apesar da boa direção, o maior mérito seja do dublador, que parece ter um ótimo domínio na personificação de personagens misteriosos e meio assustadores – vale lembrar a sua performance como Kirin, a girafa em Shoujo Kageki Revue Starlight, que tem lá as suas similaridades com Paka.

Em sua segunda metade, o episódio cria um outro enigma no que concerne a quem é realmente Akatsuki Iride, pois sua aparência dócil, amistosa e inocente parece esconder mistérios maiores, vide seu desafio com o kokkuri e como ele consegue lidar com a resolução, surpreendendo os parceiros de equipe e salvando o dia.

Como um leitor recente do mangá, notei que essa introdução buscou a fidelidade na adaptação com pouquíssimos cortes, que além de pequenos foram cirúrgicos, mas pessoalmente não vi como um prejuízo ao entendimento do plot e nem acho que bagunça a obra. Na verdade, tirando um trecho bem curto, os demais são detalhes que podem ser inseridos nos episódios seguintes sem problemas, como um acréscimo aos questionamentos que surgem nesse episódio e que eu também aponto – o que torna os fatos mais fluidos.

Enfim, Nakanohito Genome demonstrou seu potencial com uma história curiosa, que instiga, dispondo de personagens que conseguem ser interessantes dentro do possível ainda que clichês e se valendo de elementos e eventos que transmitem bem a ideia de um jogo mortal – que tem também os seus momentos mais calmos para balancear.

Penso que aqueles que curtem essa ideia mais psicológica devem gostar e mesmo aqueles que não tem muita simpatia pelo gênero – como eu tenho em alguns casos – podem encontrar aqui um bom começo para mudar de ideia. Tecnicamente, eu não tenho do que me queixar nesse começo, acho que o conjunto som/arte é bom e eficiente.

Definitivamente foi uma estreia que me agradou e estarei aqui acompanhando esse anime promissor até o fim. Agradeço a quem leu, me dando views para continuar no jogo e até a próxima fase!

Será que também chego nesse número kkkkkkkkkk

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