Isekai é igual a biscoito: vai um, vem dezoito! Ao longo desses anos assistindo animes, posso dizer que essa analogia é bem verdadeira – essa temporada que o diga -, mas nessa mistura saturada de ingredientes genéricos, existem aquelas obras que se sobressaem como ruins, aquelas que alcançam o sucesso e por fim as que se relegam a categoria dos medianos. Onde será que Isekai Cheat Magician pretende se encaixar?

Bom, a história começa mostrando um cenário futuro dos personagens em ação e dá sequência se valendo da mesma forma prática com a qual muitos dos isekais começam, porém ainda traz pequenos elementos que fazem a diferença aqui. Rin e Taichi são amigos de infância há muito tempo e não se largam para quase nada, mas repentinamente um círculo mágico se abre e os invoca para um outro lugar.

A cena deixa bem claro que Taichi era o herói buscado e que em momento nenhum se pretendia arrastar a garota na confusão, mas por decisão própria ela “invade” o outro mundo com ele – e isso é importante porque complementa a força do elo deles.

O episódio em si realmente se executa como uma introdução bem básica, usando todo o seu tempo para introduzir a problemática “política” do mundo de forma breve e sem detalhes – até demais -, a chegada dos novos heróis e a adaptação deles às “regras” desse novo mundo.

Particularmente não consegui me sentir entediado, mesmo com tanta apresentação e poucos acontecimentos, e acredito que muito disso se deve as personalidades e ao carisma do elenco como um todo, principalmente os protagonistas. Os dois são as típicas pessoas gente boa, mas diferente do arquétipo meio inerte e NEET que costuma ir a esse mundo, eles são esportistas – o que já me parece uma vantagem interessante para o combate quem sabe -, mas isso é irrelevante apenas comentei porque viajei.

O fato é que ambos, apesar de clichê, se propõem a ser minimamente inteligentes e ativos, eles não ficam divagando só porque aquilo é incomum, são desconfiados na medida do possível e esses elementos me agradam – os primeiros momentos deles com os aventureiros que os salvam e a guilda evidenciam bem essas características.

A relação entre os dois é bacana e mostra a confiança e o cuidado real que dispensam um ao outro, mesmo com riscos de morte. Rin deu sinais de que sente algo mais pelo amigo, daí suas ações impulsivas em relação a ele, mas ele ainda não tem consciência, pra variar – penso que daqui possa sair um romance e já aprovo fora que o encerramento também dá umas indiretas.

Ao final do episódio a dupla decide encarar o desafio e sobreviver pelo próprio esforço, indo à guilda para ver por onde podem começar sua nova vida. No teste de aptidão para magia vemos que os dois possuem um alto grau de poder latente, assim indo parar nas mãos de Myura e Lemiya – que já assumiram o papel de tutoras e dão o ponto de partida real no enredo. Ficamos também com um gancho misterioso sobre as conspirações, mas nada demais, ele apenas anuncia a existência do perigo.

Em resumo posso dizer que apesar de simples e sem muitas pretensões, essa estreia soube fazer a sua parte e me manteve interessado em acompanhar, mas como eu comentei antes, o mérito maior é dos personagens que souberam cativar e têm uma boa química – incluindo as mestras que me chamaram atenção. Ainda assim, acredito que muitos não vão se animar com sua apresentação mais ou menos.

Na parte técnica a animação se mostra bem mediana e os poucos momentos de ação não empolgam muito, mas o esforço do estúdio na arte e consistência dela são louváveis, principalmente ao trabalhar as criaturas em 2D mais uma vez – assim como fizeram em Merc Storia.

Acredito que Isekai Cheat Magician pode dar certo sim, porém tudo vai depender de como vão conduzir os clichês do enredo partindo daqui. Julgando por essa introdução ok e pelos seus bons personagens – que me levaram a acrescentar meia estrela extra -, a possibilidade de um resultado positivo existe sim.

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