O episódio dessa semana desacelera o ritmo até então relativamente frenético dos episódios anteriores. Para quem requisitava respostas, aprofundamento e motivações, ele oferece àquilo que clamam. Para aqueles que requisitam ação, emoção e verborragia orgânica escorrendo entre lâminas ceifadoras de destino, tenham calma, mesmo que o sangue que jorra seque, enquanto o protagonista for imortal o fluxo vermelho cederá a pressão.

No episódio anterior o passado em comum de Maki e Anotsu foi suprimido para fornecer um destaque merecido à nossa antagonista, que literalmente fez Manji beijar o chão e comer poeira. Já nesse episódio, mais calmo e tranquilo, nos é apresentado o momento quando ambos se conheceram. Anotsu é salvo pela jovem Maki de cães selvagens, Maki é espancada pelo avô da criança como agradecimento por humilhar seu herdeiro indefeso de ser estraçalhado. E como o velho tem um enorme coração, poupa a vida da pequena, arremessa ela em um galho, provavelmente à beira da morte, para que aposte a vida numa futura reunião com o resto da matilha de cães. A menina aceita com gratidão e de modo inconsciente a proposta.

 

 

A ironia da situação, e não me refiro ao parágrafo anterior, é que vaso ruim não quebra, mas sim dilacera uma matilha inteira sem suar.

Sigo em frente, caso contrário acabo usando o artigo inteiro para elogiar minha personagem preferida do anime e do mangá.

No presente, enquanto Manji tira um cochilo, Rin aproveita para colocar em dia a sua higiene, mas como o mundo é pequeno e o roteiro é furado (tó brincando oks), encontra Anotsu treinando sua força cinética junto a uma foice geneticamente modificada. Tá, vou parar de tirar uma com o anime, é que quando estou com sono e sob pressão acabo cedendo à tentação.

 

 

Enfim, o ódio de Rin lhe aperta o peito, e é interessante que Anotsu, mesmo depois de encontrar a pessoa que está aniquilando os membros de sua gangue e visando a sua morte, decide não a sobrepujar e matá-la; ele não apenas resolve poupar a vida da moça, como cede aos questionamentos da mesma, oferecendo explicações e justificativas para as suas ações como espadachim.

 

 

Rin, obviamente, o agride de todos os modos possíveis, mas esses se resumem a rancor, tristeza e impotência. Após descobrir a verdade por detrás dos motivos de Anotsu, ela ainda tem que engolir a humilhação de perceber, não apenas, que é muito mais parecida com ele do que imagina ou acredita, como também se deparar com a crueza dos fatos e dos conflitos familiares envolvidos. Seu pai era um samurai em decadência, burocrata e enferrujado, sendo isso culpa não dele diretamente, mas da própria tradição de artes marciais e de esgrima vigente em sua época.

 

Isso doeu até em mim. Vai jogar machado na tua avó lazarento…

 

Anotsu, sua família e seu estilo de espada, já não eram reconhecidos desde a expulsão de seu avô do dojo no qual era um aspirante a herdar. Eles eram repudiados e desprezados pelos guerreiros e pelo governo, tratados como indignos. O motivo? Principalmente devido a filosofia que empregavam, a qual primava a habilidade, a vitória e o aprimoramento marcial, não se importando com ortodoxias e metodologias tradicionais de culto à classe guerreira, como maquiagem supérflua do caminho do guerreiro.

 

 

Quebraram as regras ao utilizar tanto armas como técnica estrangeiras, e como resultado, nem samurais podiam se considerar, mas sim espadachins párias perante um sistema conservador e preconceituoso. Seu avô, Saburo Anotsu, depois de ser expulso do dojo Asano e cair em desgraça, desenvolveu um grande rancor pela sociedade, ao ponto de se afastar e desejar manter o seu estilo e escola de esgrima, o Itto-Ryu, junto às sombras, chegando até mesmo a matar o próprio filho, pai de Kagehisa Anotsu, para evitar se submeter as amarras e caprichos daqueles que uma vez já haviam o humilhado.

 

 

Conforme envelhece, sua paranoia se intensifica. Saburo chega até mesmo a conspirar o assassinato de seu próprio neto, o qual começa a demonstrar grande capacidade e potencial na arte da espada, delegando a Abayama, seu grande amigo, a tarefa de dar cabo do ato, assim aspirando manter o poder e o controle sobre sua única razão de existir, o seu dojo e estilo de esgrima.

Abayama, compreendendo e atendendo ao desejo real e profundo do amigo, sendo esse o de que o seu estilo e dojo não desapareçam, efetua a melhor escolha para garantir o futuro desse legado que está em jogo. Materializa a paranoia de seu amigo, e o elimina, para assim conceder ao herdeiro, Anotsu, o seu devido lugar ao suceder o avô na tarefa de assegurar e propagar o estilo de esgrima de sua família.

 

Abayama, quando pedem a mão, ele dá o braço ^^

 

O palco está montado. Anotsu recruta e expande a sua influência no mundo das artes marciais, e literalmente abre espaço para si mesmo e para o seu grupo; desejando o reconhecimento e o respeito por parte das autoridades e da classe samurai, ele desafia e vence renomadas escolas de esgrima tradicionais, não se esquecendo de acertar as contas com àqueles que uma vez relegaram ao submundo o nome de sua família, o dojo Asano, herdado pelo pai de Rin.

 

 

Perguntas respondidas, motivações esclarecidas, mas nada disso justifica o banho de sangue interpelado por Anotsu. Sua ganância afobada e sua tolice brutalizaram a alma de Rin, destruíram o seu coração de modo irreparável e despertaram o princípio daquilo que pode levar a aniquilação de seu estilo e herança.

Fico por aqui, nos encontramos no próximo episódio pessoas!!! Ou se quiserem me acompanhar um pouco mais, debato outros ângulos e comparações com o mangá nesse hyperlink!!!

 

 

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