Hatena Illusion – A protagonista é chata, mas vai que melhora em um passe de mágica, né – Primeiras impressões
Hatena Illusion é originalmente uma novel do já falecido Tomohiro Matsu, autor de Papa no Iukoto wo Kikinasai! e Märchen Mädchen, que foi concluída em quatro volumes. Não acompanhei o primeiro anime citado e do segundo eu gostava, apesar das críticas, nada infundadas, a produção terem sido sua marca maior.
Quanto a Hatena, “aparentemente” a obra mexe de novo com magia, mas de uma forma bem diferente de Märchen, e a produção também parece mais acertada. Meu medo mesmo é como a trama sera desenvolvida, pois a primeira impressão deixada pela protagonista foi uma das piores possíveis…
Então, sem mais delongas, deixe-se iludir, ou não, pelas minhas palavras!
Hatena é filha dos maiores ilusionistas do mundo (ou mágicos, se você quiser chamá-los assim), vive em uma mansão de cair o queixo, tem uma família feliz e empregados atenciosos, além de uma preciosa amizade que cultiva da infância. O que essa garota poderia pedir mais? Um cheque em branco para sair torrando a grana?
O que Hatena quer é a mãe, que partiu em uma viagem para “roubar” alguma coisa, acho que recuperar um dos tais artefatos, mas não parece exatamente infeliz por não tê-la por perto. Não é seu “objetivo” maior reencontrá-la. Ela tem um pai amoroso, uma irmã amorosa e, repito, é abastada, mas me estranha viver em uma “redoma” quando ela mesma é uma ilusionista.
O charmoso trecho inicial mostrou que ela sabe os segredos dos pais, que eles possuem artefatos realmente mágicos em suas posses (ao menos foi o que me pareceu, pois o anime não verbaliza isso) e têm o objetivo de coletá-los. Não sendo isso, então são ladrões que roubam como uma segunda natureza?
O fato é que a família toda, sejam os empregados ou a irmã mais nova, sabem o que são esses artefatos e a cena no final do episódio em que a Hatena fala em coletar um deles, pegar o bastão do amigo de infância, praticamente confirma a minha suspeita de que a mãe partiu para fazer a mesma coisa.
Como o cachecol da garota parece ter vida própria vou me surpreender se esses tais artefatos não forem peças mágicas de fato, então até aí tudo bem, objetivamente falando a história está no lugar, até a ideia de abrigar o amigo de infância da filha e passar a ele o conhecimento dos truques (para que ele repita a dobradinha com a primogênita do casal?) faz todo o sentido.
Mas é aqui que eu questiono, faz sentido a Hatena manter certa distância de coisas das quais outras garotas da sua idade não teriam? Faz, olha o entorno dela. Mas faz sentido ela ser quase que uma adepta da misandria? Para quem é versada em “roubar” não parece idiota essa infantilidade toda para algo tão prático na vida que é se relacionar racionalmente com o sexo oposto?
Nem incluo aqui o pai e o mordomo, porque são figuras fraternais e mais velhas. Okay, roubar talvez seja extremo, talvez os ilusionistas da família da Hatena, com ela incluso, apenas “recuperem” aquilo que um dia os pertenceu, mas, ainda assim, não faria mais sentido que a garota fosse mais capaz de se adaptar a diferentes situações?
Pelo contrário, a heroína dessa história é cabeça dura, e com uma insistência tão irritante que me faz pensar em dropar o anime só por causa dela, pois ao menos nessa estreia mais desagradou que qualquer outra coisa. Os outros personagens são bem clichês, então não agregam muito também, no máximo posso escrever que me diverti com a empregada e fiquei curioso para ver o que essa história tem a contar.
Um dos problemas da estreia é que ela não aponta um norte para a trama e aquilo que poderia ser explorado, a relação da Hatena com o Makoto, fica de lado devido a imbecilidade sem sentido da garota. Aliás, há sentindo, o desejo de se aproveitar da paciência do telespectador para dar alguma recompensa no final. Isso se os dois realmente ficarem juntos, apesar de que quero mais é que a Hatena se exploda!
Enfim, tirando a própria protagonista, que deveria ser um motivo para ver o anime, Hatena pouco ou nada incomoda, mas também seduz muito pouco. Eu entendi que há essa família de magos e eles parecem capazes de fazer mágica de “verdade”, mas o que tem isso? Quem vai se opor a eles? Qual o objetivo maior da filha mais velha? Qual é o propósito de acompanhar essa história?
Fiquei meio perdido em reconhecer isso e se o propósito for um romance entre a Hatena e o Makoto começar dessa forma foi um tiro no pé. Não literal, mas mais verdadeiro que qualquer ilusão que esses ilusionistas são capazes de produzir. E sim, eu percebi que a irmã mais nova é hacker, e não, não faço ideia de como o pai dela sai voando (mas deve ser magia).
A última certeza que tenho é que Hatena Illusion só vale ser visto se você tem tempo e conseguiu gostar dos personagens e da comédia boba, muitas vezes imbecil (ao menos quando foca na violência patética da Hatena), do anime. Se não se divertiu ao menos um pouco com esse episódio tem coisa melhor para ver na temporada.
Eu gostei das músicas, principalmente do encerramento cantado pela Aina Suzuki (Mari Ohara em Love Live! Sunshine!!) e talvez nem precise de mais para continuar vendo o anime… Sou um homem simples, sem traques.
Até a próxima!
P.S.: Mudar em um passe de mágica é pior para a narrativa como um todo que mudar gradativamente, aos poucos, fazendo sentido. O ruim vai ser ter que aturar as idiotices da Hatena. Espero conseguir, mas não garanto nada, se ao menos o resto da história ajudar talvez dê para aturar essa pentelha.